Alphabet atinge US$ 3 trilhões: realizar lucros ou manter posição no longo prazo?

Publicado 17.09.2025, 13:04

Entre as gigantes de tecnologia, a Alphabet desponta como a melhor performance deste ano. Suas ações acumulam alta de 32% no período, superando META e MSFT, enquanto AAPL é a única do grupo que segue no campo negativo.

O movimento consistente ganhou força após a conferência Google Cloud Next 2025, em abril, mas o entusiasmo dos investidores disparou em setembro, quando um juiz federal decidiu a favor da companhia, permitindo que mantivesse o navegador Chrome. Embora a corte tenha criticado a prática de “sindicação compulsória” ligada a acordos de licenciamento exclusivos, o resultado é amplamente visto como vitória expressiva da empresa no caso antitruste.

Agora que a Alphabet se tornou a quarta companhia a superar US$ 3 trilhões em valor de mercado — ao lado de Nvidia, Microsoft e Apple — a questão é: realizar lucros ou ampliar a exposição em GOOGL?

Além da receita com publicidade

No balanço do 2º trimestre de 2025, encerrado em junho, a Alphabet reportou aumento anual de 14% na receita, para US$ 96,43 bilhões, com avanço de 19% no lucro líquido. Do total, US$ 71,3 bilhões vieram do núcleo de publicidade.

O destaque foi a divisão Google Cloud, que avançou 32% no ano, atingindo US$ 13,6 bilhões. Para comparação, a Amazon registrou crescimento de 17,5% na AWS e a Microsoft avançou 26% em Intelligent Cloud no mesmo trimestre. As receitas de nuvem de Amazon e Microsoft ficaram praticamente empatadas em US$ 30,9 bilhões e US$ 29,9 bilhões, mais que o dobro da Alphabet.

Apesar da fatia menor de mercado em nuvem, estimada entre 12% e 13%, a Alphabet é vista como a com maior potencial de expansão frente às rivais.

Importância estratégica da Alphabet

No início do ano, a companhia anunciou US$ 75 bilhões em investimentos de capital para 2025, principalmente em data centers de inteligência artificial, alinhados às metas de longo prazo apresentadas no Google Cloud Next em Las Vegas.

Entre os objetivos está ampliar a conectividade com o Cloud WAN, que promete ser 40% mais rápido que a internet pública e oferecer segurança aprimorada. Outro ponto é a integração dos próprios TPUs Ironwood ao lado da plataforma Blackwell da Nvidia para cargas de trabalho de IA inferencial.

Além da infraestrutura otimizada, a prioridade estratégica é desenvolver sistemas multiagentes com o Agent Development Kit (ADK) e o protocolo Agent2Agent (A2A). No campo da análise de dados, o BigQuery AI pode usar agentes de IA para automatizar geração de metadados, pipelines e detecção de anomalias.

Paralelamente, a Alphabet constrói uma pilha completa de IA, começando com o multimodal Gemini 2.5 Pro e avançando com Imagen 3 (texto para imagem), Veo 2 (texto para vídeo), Chirp 3 (texto para áudio) e Lyria (texto para música).

Com o lançamento do Gemini 2.5 Flash Image (Nano Banana), que permite edição além da geração, a Alphabet passa a competir diretamente com a Adobe. Embora a Adobe ofereça planos gratuitos com Firefly e Express, enfrenta agora o efeito de rede e o alcance muito maiores da Google.

Em resumo, a empresa se posiciona para manter domínio em:

  • buscas na internet, compartilhamento de vídeos e geração de conteúdo;
  • ecossistema Android e loja de aplicativos, com movimentos rumo a um sistema fechado;
  • adoção corporativa de nuvem, em que agentes de IA podem se tornar padrão;
  • modelos fundamentais de IA em texto, imagem, vídeo, áudio e música;
  • canais globais de distribuição que integram publicidade, aplicativos e serviços de IA.

Isso a torna ferramenta valiosa para governos interessados em preservar influência global. A infraestrutura tecnológica dos EUA já domina a economia da União Europeia, com 74% das empresas listadas publicamente dependendo de Big Tech.

Ao mesmo tempo, a Alphabet exerce papel central na definição de narrativas e na delimitação do que é aceitável ou acessível em debates públicos. Prova disso foi a decisão recente de retirar a promessa de não usar IA para fins militares e de vigilância.

Embora Oracle e Palantir também desempenhem funções estratégicas em contratos corporativos e de defesa, o alcance da Alphabet é mais amplo, abrangendo atenção do consumidor, ecossistemas de desenvolvedores e implantação de agentes de IA.

Assim como Palantir e Oracle não podem ser vistas como simples fornecedoras de software, a Alphabet não deve ser considerada apenas uma ação de crescimento. Trata-se de um gigante informacional situado no cruzamento entre poder econômico, controle narrativo e dependência tecnológica.

Na prática, a Alphabet funciona como um pilar digital da geopolítica, com plataformas tão profundamente inseridas na infraestrutura global que não podem ser facilmente substituídas. Isso a torna mais resiliente a riscos regulatórios ou antitruste do que muitos imaginam.

Wall Street parece concordar: não há analistas pessimistas. Segundo consenso do Wall Street Journal, 49 recomendam compra e 13 sugerem manutenção. O preço-alvo médio é de US$ 236,85, frente à cotação atual de US$ 250,92, com projeções entre US$ 187 e US$ 300.

Para investidores, a leitura é clara: após valorização de 32% no ano, pode ser momento de realização parcial de lucros para quem já tem posição, enquanto novos aportes exigem paciência. Aguardar a próxima correção ampla do mercado pode oferecer melhor ponto de entrada em uma das companhias mais estratégicas do mundo.

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