O açúcar reserva mais alguma doce surpresa para seus investidores antes do fim do ano?
A commodity teve um dos maiores ralis de 2020, valorizando-se 15% depois de subir quase sem parar de maio a dezembro, devido aos distúrbios gerados pela Covid à produção e à sua consequente baixa oferta no mercado global.
Seu movimento neste ano foi ainda maior, com um ganho de 25% até agora. Mas a corrida de alta foi muito menos uniforme, com março sendo o pior mês em um ano (queda de 16%) e se estagnando desde a alta de setembro.
Faltando apenas dois meses para o fim de 2021, vale a pena perguntar: o açúcar pode atingir nova máxima neste ano, como disseram algumas previsões otimistas há alguns meses?
A resposta provavelmente depende do atual cultivo, clima, colheita, entrega, vendas e demanda, além de aspectos técnicos de preço.
Gráficos: cortesia de skcharting.com
Perspectiva pouca clara de oferta e demanda
Como escreveu Munawar Hasan em um comentário no News of Lahore, na semana passada: "existe muita confusão na perspectiva do açúcar para 2021/22.” E também:
“O tamanho da safra, a produção esperada e uma tendência de baixa nos preços trazem muita confusão para o mercado, aumentando ainda mais sua volatilidade”.
No pregão de terça-feira na InterContinental Exchange, o contrato futuro mais negociado do açúcar em bruto atingiu 19,44 centavos por libra-peso, abaixo do pico de 20,61 centavos de 11 de outubro, máxima mais alta desde fevereiro de 2017.
Até onde o açúcar pode subir a partir de agora é a pergunta mais importante para quem avalia uma compra do produto.
“Rumores de que a inflação pode voltar para todos os mercados de commodities também têm respaldado o açúcar”, afirmou Jack Scoville, analista agrícola do Price Futures Group, de Chicago.“A menor produção no Brasil ainda está impactando o mercado” E disse também:
“A Índia não está oferecendo, já que os preços mundiais estão bem abaixo dos preços domésticos, além de alguns problemas climáticos. O consumo de açúcar está melhorando em relação às mínimas anteriores, mas ainda continua bastante baixo”.
Dito isso, para contornar alguns desses fatores altistas, o maior produtor mundial de açúcar, a Tailândia, espera uma produção melhor, afirmou Scoville.
Além disso, no Brasil, maior produtor mundial, as chuvas na região sul do país estavam melhorando a perspectiva para o açúcar, segundo o analista.
Gráficos mostram possível exaustão
Os gráficos técnicos mostram que o mercado pode entrar em consolidação até o fim do ano, na avaliação do analista Sunil Kumar Dixit.
“O açúcar pode continuar repicando em relação às mínimas, desde que se firme acima do nível de 50% de Fibonacci a 19,70 centavos”, explicou Dixit. “Por outro lado, o momentum de curto prazo pode se tornar baixista se o suporte de 18,78 for perdido”.
“O gráfico mensal, no entanto, é bastante animador. Mas os atuais preços mensais devem fechar abaixo do preço de fechamento do mês passado, com possível exaustão”, afirmou.
Dixit disse que o recente repique do açúcar desde as mínimas de 18,81 era resultado da leitura sobrevendida no IFR no gráfico diário.
“O gráfico semanal, que reflete a perspectiva de médio prazo, mostra que os preços têm suporte na faixa intermediária da Banda de Bollinger®”. No entanto, a tendência pode mudar para baixista se os preços romperem e se sustentarem abaixo da metade da Banda de Bollinger, com a leitura do SAR parabólico em 18,78.”
Aviso de isenção: Barani Krishnan utiliza diversas visões além da sua para oferecer aos leitores uma variedade de análises sobre os mercados. A bem da neutralidade, ele apresenta visões e variáveis de mercado contrárias. O analista não possui posições nos ativos e commodities sobre os quais escreve.