Você já deve ter ouvido alguém dizer: “o dólar subiu hoje”. E, na sequência, alguém rebate: “isso só afeta quem viaja para fora ou importa coisas”. Errado.
A verdade é que a alta do dólar afeta, e muito, o seu bolso, mesmo que você nunca tenha pisado fora do Brasil ou comprado algo em site internacional. A diferença é que esse impacto chega silenciosamente, disfarçado nos preços do mercado, na gasolina, na mensalidade da escola e até no cafezinho da padaria.
Vamos explicar isso de forma prática, com o pé no chão.
O pão francês ficou mais caro. E sim, o dólar tem culpa
Pode parecer exagero, mas o trigo usado para fazer o pãozinho nosso de cada dia é, em grande parte, importado. Se o dólar sobe, o custo de importação também sobe. A padaria precisa repassar parte desse aumento, e adivinha quem paga?
O mesmo vale para massas, bolos, biscoitos, e tudo que vem do trigo. A alta do dólar literalmente pesa na balança do café da manhã.
Gasolina, diesel e gás de cozinha: direto do câmbio para o botijão
O Brasil, mesmo sendo produtor de petróleo, importa parte dos derivados. O preço dos combustíveis acompanha a cotação do dólar e do barril internacional. Quando o dólar dispara, o preço da gasolina, diesel e gás de cozinha também sobe.
Consequência? A corrida de Uber (NYSE:UBER) fica mais cara. A entrega do mercado também. E o caminhão que leva a batata do campo até o mercadinho precisa de mais diesel. Resultado? O preço da batata também sobe.
Produtos eletrônicos e tecnologia: prepare o bolso
Celulares, notebooks, televisores, eletrodomésticos e até os componentes de muitos produtos “fabricados no Brasil” são importados. Quando o dólar sobe, as lojas precisam ajustar os preços. Isso afeta do fone de ouvido que você compra no camelô ao notebook do seu filho para estudar.
Remédios e cosméticos: outro impacto escondido
Boa parte dos princípios ativos usados na indústria farmacêutica é importada. O mesmo acontece com muitos itens da indústria de cosméticos. Ou seja, remédios e produtos de higiene pessoal podem ficar mais caros com o dólar alto, mesmo que isso não venha estampado na etiqueta.
Educação e mensalidades escolares
Pode parecer estranho, mas o dólar também impacta mensalidades escolares e cursos universitários. Escolas particulares e universidades utilizam materiais, tecnologias e, muitas vezes, professores que fazem cursos e formações no exterior. Além disso, o aumento geral de custos leva à revisão de mensalidades.
E o supermercado? A alta do dólar se esconde nas gôndolas
Carnes, óleos, café, açúcar, arroz… todos esses produtos sofrem influência do câmbio, seja pelo custo de produção ou pela concorrência do mercado externo. Quando exportar fica mais lucrativo, falta no mercado interno, e o preço sobe.
Por que isso acontece?
O dólar é uma moeda de referência global. Muitos contratos internacionais são fechados em dólar. Então, quando o dólar sobe frente ao real, importar fica mais caro, e isso gera uma reação em cadeia: encarece a produção, o transporte, o varejo… e chega até você.
A próxima vez que você ouvir que o dólar subiu, lembre que isso vai muito além de passagens internacionais e produtos importados. O impacto está na sua feira, no posto de gasolina, na escola do seu filho, e até na conta de luz.
Entender isso é fundamental para cobrar medidas que fortaleçam a nossa economia e o poder de compra do cidadão comum. Porque, no final das contas, quem mais sente a alta do dólar é quem menos tem culpa disso.