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Análise dos Melhores e Piores FIAs nos Últimos 5 Anos

Publicado 13.05.2021, 13:22
IBOV
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B3SA3
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Olá, Pessoal. Neste artigo, compartilharei com vocês uma análise do mercado de FIAs, os fundos de investimentos em ações. Ao contrário do que normalmente faço em minhas análises das melhores e piores ações da bolsa, eu não comentarei sobre desempenhos individuais de FIAs porque não quero correr o menor risco de expor um gestor. Minha ideia é dar um belo panorama do mercado de FIAs e ajudar você leitor a posicionar FIAs (que você possui em carteira ou que estuda investir) dentro de um contexto geral desse mercado.

Como sempre sugiro a clientes e amigos, uma análise de qualquer tipo de investimento jamais pode se deixar levar apenas pelo desempenho mais recente ou apenas por rentabilidades. Observar períodos mais longos é fundamental para analisar a persistência de eventuais boas performances. Da mesma forma, verificar o risco ao qual a estratégia do fundo se expõe permite avaliar se ele se adequa ou não ao seu perfil de investidor. Por fim, analisar a performance ajustada a risco é importante para concluir se um eventual ótimo desempenho permanece adequado mesmo após o risco ser considerado.

Nas análises a seguir, utilizo as rentabilidades acumuladas em períodos recentes de um, três e cinco anos. Uso como medida de volatilidade o desvio-padrão amostral e anualizado dos retornos mensais dos fundos. Finalmente, utilizo como medida de desempenho o tradicional índice Sharpe, calculado de forma anualizada e relativo ao CDI como taxa livre de risco. Quem lê minha coluna assiduamente sabe que sou um crítico ferrenho do índice Sharpe, tendo desenvolvido o índice Campani, que corrige as distorções do Sharpe (e até do Sortino). Não obstante, preferi desta vez utilizar a medida de desempenho tradicional para facilitar comparações. Além disso, dentro de uma mesma classe de fundos, as distorções provocadas pelo Sharpe se reduzem um pouco.

A amostra de fundos analisados contou inicialmente com todos os 3.094 FIAS disponibilizados pela plataforma de dados da Quantum Finance, à qual agradeço pelos dados gentilmente disponibilizados. Por conta de muitos fundos sem histórico de cotas em cinco anos e alguns replicados em estruturas feeder-master, analisamos uma amostra final com 1.215 FIAs.

ANÁLISE DE RENTABILIDADES

Apresento abaixo os retornos acumulados em um, três e cinco anos para os seguintes percentis da amostra: 90%, 75%, 50%, 25% e 10%. A interpretação é a seguinte: se o FIA que você analisa teve uma rentabilidade de 64% nos últimos 12 meses, isso significa dizer que ele se posiciona dentre os 10% melhores FIAs, tendo em vista que sua rentabilidade foi acima da rentabilidade do percentil 90%. Esse resultado teria sido excepcional. Por outro lado, uma rentabilidade de 30% nos últimos três anos significaria que o fundo analisado estaria entre os percentis 10% e 25%, ou seja, na cauda inferior e isso seria má notícia para o seu gestor.

Percentis da Amostra

ANÁLISE DE VOLATILIDADES

A interpretação da tabela abaixo é similar à anterior, mas agora quanto menor a volatilidade, melhor, pois isso significa que o fundo corre menos risco e tem flutuações menores em sua rentabilidade histórica. Por esse motivo, perceba que os percentis estão em ordem crescente desta vez. Compare um FIA que você queira analisar vis-à-vis a tabela abaixo para saber se o risco assumido por ele está acima ou abaixo da média de mercado.

Percentis da Amostra

ANÁLISE DE DESEMPENHOS AJUSTADOS A RISCO

Uma análise que não pode faltar na hora de escolher um fundo para investir é aquela que junta as duas métricas anteriores: é o que chamamos de performance ou desempenho ajustado ao risco assumido. Na tabela abaixo, uso o índice Sharpe. Um Sharpe acima de 0,53 nos últimos cinco anos significa dizer que o fundo ficou acima de mais de 50% dos FIAs. Um Sharpe acima de 0,91 nos últimos cinco anos o colocaria na cauda dos 10% melhores FIAs, de acordo com essa métrica de performance.

Percentis da Amostra

ANÁLISE: FIAs VERSUS IBOVESPA

Nas duas tabelas abaixo, indico o percentual de FIAs que conseguiram bater o principal índice da B3 (SA:B3SA3), o (Ibovespa). Nos últimos 12 meses, apenas 38,9% dos FIAs analisados obtiveram rentabilidade acima do Ibovespa, mas se considerarmos os últimos três e cinco anos, esse percentual sobe bastante, para respectivamente 74,3% 3 67,2%.

Retorno dos FIAs vs. Ibovespa

Ao analisarmos a performance ajustada a risco pelo índice Sharpe, percebemos na tabela a seguir que a maioria dos gestores de FIAs consegue bater o Ibovespa. Ponto para a gestão profissional.

Retorno dos FIAs vs. Ibovespa

Espero que as análises acima sejam úteis para vocês. Vejo muitos investidores que não conseguem realizar análises de fundos por falta de dados para comparação e, então, a saída é comparar com benchmarks de mercado tal como o Ibovespa para FIAs ou até o CDI para fundos multimercado. Entretanto, essa análise é um pouco rasa, sendo o ideal comparar com fundos da mesma classe e saber como determinado fundo se posiciona em relação aos seus pares. Meu objetivo com esse artigo foi justamente trazer base de comparação para FIAs. Caso você tenha gostado e queira uma análise semelhante em outro(s) mercado(s), me avise comentando abaixo. Escrevo para vocês!

Forte e respeitoso abraço a todos.

* Carlos Heitor Campani é PhD em Finanças, Professor Pesquisador do Coppead/UFRJ e especialista em investimentos, previdência e finanças pessoais, corporativas e públicas. Ele pode ser encontrado em www.carlosheitorcampani.com e nas redes sociais: @carlosheitorcampani. Esta coluna sai a cada duas semanas, sempre na sexta-feira.

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