- Novos dirigentes dos bancos regionais ganham direito de voto no Fomc no ano que vem.
- Constante mudança de visões no comitê de política monetária dos EUA, em um ambiente econômico volátil.
- A inflação continua forte, mas o crescimento e o mercado de trabalho mostram robustez.
Com a chegada do fim do ano, sempre há um certo grau de especulação sobre a rotação dos presidentes dos bancos regionais do Fed nos assentos com direito a voto no Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), mas elas ganharam uma importância maior neste ano, já que o órgão responsável pela política monetária dos EUA está em meio a um ciclo de alta de juros.
Pode ser um sinal de desespero o fato de os observadores do Fed estarem vendo uma inclinação mais flexível entre os dirigentes votantes do Fomc em 2023. Todos os 12 presidentes dos bancos regionais participam dos debates, mas apenas os membros votantes têm peso concreto, já que um dissidente pode emitir uma mensagem ao mercado.
Entre os atuais votantes do Fomc, James Bullard, de St. Louis, Esther George, de Kansas City e Loretta Mester, de Cleveland, vêm se posicionando entre os que defendem juros maior para interromper a inflação. Susan Collins, votante neste ano, é nova em Boston e está ao lado dos membros flexíveis.
Mas está ficando difícil fazer uma previsão. Bullard queria uma elevação maior em março, mas George acreditava que uma alta menor em junho seria uma mudança menos abrupta. Alguns esperam que George seja novamente dissidente nesta semana pela mesma razão.
Entre os que estão assumindo posições com direito a voto neste ano, Neel Kashkari, de Minneapolis, e Charles Evans, de Chicago, tradicionalmente estão entre os mais flexíveis, embora a inflação tenha mudado um pouco sua opinião. Patrick Harker, da Filadélfia, está entre os “falcões”, e a novata Lorie Logan, de Dallas, ex-presidente executiva do Fed de Nova York, é considerada neutra.
Mas também há três novos membros no conselho de governadores com voto permanente no Fomc. Esses três tendem a optar pela flexibilidade e podem acabar fazendo o painel seguir nessa direção. Lisa Cook e Philip Jefferson assumem em maio, e Michael Barr, vice-presidente de supervisão, ingressou no comitê em julho.
Tradicionalmente, o Fed segue a posição do presidente, e foi isso o que os 12 membros fizeram nas últimas elevações de juros. Uma pesquisa da Bloomberg com economistas, publicada em setembro, descobriu que a maioria espera que o Fomc seja mais flexível em 2023. Apenas um terço disse que isso não fará diferença.
O presidente do Fed, Jerome Powell, ressaltou seu compromisso de conter a inflação, mas o ex-advogado e sócio do fundo de private equity Carlyle Group tem se mostrado menos seguro ao navegar por um ambiente volátil. Ele se mostrou impressionável e tem confiado no corpo de economistas do banco central americano com sede em Washington.
A expectativa é que o Fomc eleve a taxa básica de juros em 0,75 p.p. na reunião desta semana pela quarta vez seguida, fazendo-a mudar para a faixa de 3,75%-4,0%. A questão é se ele manterá o ritmo em sua última reunião de 2022 em meados de dezembro ou começará a reduzir os aumentos.
A inflação básica, que exclui os preços dos alimentos e de energia, continuou forte em setembro, de acordo com o índice de despesas com consumo pessoal na sexta-feira. Os preços no indicador de inflação preferencial do Fed subiram 0.5% no mês e 5,1% ecl-905||no ano}}, ainda bem acima da meta estipulada pelo banco central de 2%.
Foi uma má notícia para a administração antes da reunião de meio de mandato em 8 de novembro, e o crescimento econômico continuou relativamente forte. O Departamento de Comércio informou, na quinta-feira, que o PIB dos EUA no terceiro trimestre registrou uma taxa de crescimento anual de 2,6%, embora os analistas tenham sido rápidos em apontar que os dados voláteis do comércio distorceram os resultados. O crescimento no terceiro trimestre ocorreu após dois trimestres de contração, e o quarto trimestre também pode registrar um crescimento negativo.
O relatório de empregos para setembro registrou a criação de 263.000 novos empregos e uma queda na taxa de desemprego para 3,5%. A previsão consensual para o relatório de outubro, previsto para sexta-feira é que sejam criadas 200.000 novas vagas de trabalho e que a taxa de desempenho oficial fique em 3,6%.
Os componentes do indicador estão começando a mostrar que a economia está desacelerando. Está se formando um consenso de que o Fed elevará a taxa básica em 0,50 p.p. em dezembro e 0,25 p.p. em cada uma das duas primeiras reuniões de 2023. Mas essa previsão pode mudar, se a inflação se mostrar renitente ou se os membros mais flexíveis aumentarem sua influência.