Os preços do arroz recuaram no mercado do Rio Grande do Sul em abril. A média ponderada do estado do Rio Grande do Sul, representada pelo Indicador CEPEA/IRGA-RS (58% de grãos inteiros e pagamento à vista), fechou em R$ 73,51/saca de 50 kg, baixas de 2,9% na comparação com março/22 e de 15,53% em relação a abril/21. Orizicultores disponibilizaram lotes pequenos do grão no mercado em praticamente todo o mês. Quanto à demanda, indústrias mostraram interesse em adquirir apenas volumes pontuais, visto que indicavam ter estoques confortáveis do arroz em casca, alegando que as vendas internas do produto beneficiado estavam bastante reduzidas. Dentre as regiões que compõem o Indicador CEPEA/IRGA-RS, as médias de abr/22 na Planície Costeira Externa, Depressão Central e Fronteira Oeste apresentaram quedas superiores a 3% em relação a mar/22, a R$ 73,21/sc, R$ 70,56/sc e R$ 74,27/sc, respectivamente, no último mês. Na Planície Costeira Interna, Campanha e Fronteira Oeste, os recuos foram menos intensos, com médias de R$ 74,32/sc, R$ 74,87/sc e, R$ 71,64/sc, na mesma ordem.
Para os demais rendimentos acompanhados pelo Cepea, a média de preço do produto de 50% a 57% de grãos inteiros caiu 2,94% de mar/22 para abr/22, fechando em R$ 71,80/sc no mês passado. O cereal de 59% a 62% de inteiros se desvalorizou 2,80%, a R$ 74,60/sc. A média dos grãos de 63% e 65% de inteiros recuou 3,70% na mesma comparação, a R$ 74,72/sc. Especificamente na última semana de abril, as disparidades de preço e de qualidade dos lotes limitaram os fechamentos entre os players que estavam ativos. Com bom volume colhido, agentes preferiram negociar lotes que estavam mais próximos das unidades de beneficiamento, com preços e custos mais atrativos. Se, por um lado, os preços de venda do arroz em casca estão em movimento decrescente desde o último trimestre de 2020, de modo geral, por outro, os custos de produção estão subindo de forma expressiva. As recuperações pontuais dos valores do casca em fev/22 e mar/22 aliviaram parte dessas elevações nos custos, mas não foram suficientes para trazer alívio ao produtor.
Trata-se de um cenário preocupante, de dificuldade de manutenção da atividade produtiva, especialmente porque outras atividades e culturas se mostram mais atrativas. Assim, é de se esperar que produtores de arroz sigam em busca de ajustamento do sistema produtivo, visando sua sustentabilidade agrícola. Nem mesmo a proximidade do final da colheita no Rio Grande do Sul (as atividades alcançaram 91,33% no estado até 29 de abril, segundo o Irga) e a valorização do dólar frente ao Real no fim de abril – que poderia estimular a exportação, principalmente no porto de Rio Grande (RS) –, motivaram agentes a negociar. Dentre as seis microrregiões produtoras do Rio Grande do Sul, a Planície Costeira Externa e a Zona Sul estavam com 96,27% da área colhida, seguida pela Campanha (93,91%), Planície Costeira Interna (92,61%), Fronteira Oeste (87,67%) e Depressão Central (84,93%) – os dados também são do Irga e se referem até 29 de abril.