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As eleições americanas e o comportamento dos mercados

Publicado 13.09.2024, 07:00
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As eleições presidenciais nos Estados Unidos têm historicamente sido eventos de grande relevância para os mercados financeiros globais. A disputa entre Donald Trump e Kamala Harris, que está tecnicamente empatada com probabilidade de 50% de vitória para cada candidato, apresenta um grau de incerteza bastante elevado. As incertezas que cercam uma eleição desse porte, especialmente quando se trata de dois candidatos com visões econômicas bastante distintas, contribuem significativamente para a volatilidade dos mercados.

A volatilidade no mercado de ações é influenciada por uma série de fatores, como a política monetária, as taxas de juros, as perspectivas orçamentárias e as políticas fiscais. Durante um período eleitoral, especialmente em uma eleição tão polarizada como a de 2024, a incerteza sobre a direção que o país tomará afeta diretamente a confiança dos investidores. Quanto maior a incerteza, maior a volatilidade, já que os investidores tendem a reagir rapidamente a qualquer notícia ou desenvolvimento relevante, como foi o recente caso dos debates nos EUA, onde Harris teve um desempenho muito bom, enquanto Trump teve um desempenho aquém do esperado.

As eleições americanas são especialmente importantes porque os Estados Unidos são a maior economia do mundo. Mudanças na política americana podem ter implicações globais, afetando desde as taxas de juros globais até os preços das commodities, como petróleo e grãos, que têm grande impacto sobre a economia brasileira. Assim, a volatilidade do mercado americano há de impactar diretamente o mercado brasileiro, seja pela correlação entre as bolsas de valores, seja pelos efeitos indiretos nas exportações e no fluxo de capitais.

Durante seu primeiro mandato, Donald Trump implementou uma série de medidas que impactaram diretamente o mercado acionário. Entre elas, a reforma tributária de 2017, que reduziu os impostos corporativos, foi um dos principais motores do crescimento das ações americanas naquele período. Além disso, sua postura favorável à desregulamentação de diversos setores econômicos, como o energético e o financeiro, foi vista como positiva para os mercados.

Por outro lado, a política externa de Trump, marcada por tensões comerciais, particularmente com a China, gerou incerteza e volatilidade. Caso seja reeleito, há uma expectativa de continuidade de políticas pró-negócios no campo doméstico, o que tende a impulsionar o valuation do mercado acionário, especialmente nos setores industrial, financeiro e de energia. No entanto, a possibilidade de novos embates comerciais e a postura isolacionista de Trump podem gerar volatilidade adicional, especialmente em empresas com forte presença global.

Para o Brasil, uma reeleição de Trump pode ter impactos diversos. Por um lado, a continuidade de uma política de baixa regulamentação e incentivo ao crescimento econômico dos EUA poderia ser benéfica para as exportações brasileiras, especialmente commodities. No entanto, tensões comerciais e possíveis protecionismos setoriais podem prejudicar o fluxo de comércio, afetando negativamente setores exportadores, como o de produtos agrícolas e metalúrgicos.

Kamala Harris, representando o Partido Democrata, tem um enfoque econômico diferente do de Donald Trump. Ela é vista como uma defensora de políticas fiscais mais progressivas, que incluem o aumento de impostos sobre corporações e grandes fortunas, além de uma maior regulamentação nos setores de tecnologia, saúde e meio ambiente, como acontece com os atuais processos do FTC contra as big techs. Essas propostas podem ser vistas como um desafio para as grandes corporações e para investidores que se beneficiaram das políticas mais liberais de Trump. A ação do Google (NASDAQ:GOOGL), por exemplo, vem enfrentando quedas expressivas justamente pela política dos EUA de tentar quebrar o monopólio de buscas na internet.

No entanto, Harris também defende uma agenda focada em infraestrutura, inovação tecnológica (com a continuidade do CHIPS Act nos EUA) e sustentabilidade, o que poderia abrir oportunidades de crescimento para empresas que operam nesses setores. As ações de empresas relacionadas a energias renováveis, tecnologia limpa e infraestrutura verde poderiam se beneficiar significativamente de uma vitória democrata.

Para o Brasil, a vitória de Kamala Harris poderia representar um novo foco na política comercial americana. A pauta ambiental defendida pelos democratas poderia impactar setores como o agronegócio brasileiro, principalmente em relação ao desmatamento da Amazônia, que tem sido um ponto de atrito nas relações entre os dois países. Além disso, um eventual aumento das regulamentações ambientais nos EUA poderia afetar o setor de energia fóssil, o que teria repercussões diretas sobre empresas brasileiras exportadoras de petróleo.

As eleições americanas de 2024 entre Donald Trump e Kamala Harris promete ser acirrada até o final. A volatilidade, tanto nas ações americanas quanto nas brasileiras, será amplificada pela incerteza política e pelas diferentes direções econômicas que os candidatos representam. Investidores devem ficar atentos ao desenrolar das campanhas, às propostas econômicas de cada candidato e à reação dos mercados durante e após o período eleitoral. A diversificação e a cautela serão fundamentais para navegar nesse ambiente volátil, assim como em qualquer momento econômico.

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