Início agitado
Iniciamos uma semana potencialmente agitada com mercados internacionais em queda.
Do lado de cá do Atlântico, cautela sucede sinais de Yellen em favor da elevação de juros gringos já em março. No front europeu, pesam a retração de preços de commodities — refletindo sinais de menor crescimento econômico à frente na China — e anúncios corporativos decepcionantes, como a oferta de ações do Deutsche Bank.
Aqui, Bolsa em leve baixa com predominância de nomes locais na ponta ganhadora. Juros em queda moderada; Dólar, idem.
Os custos (crescentes) de uma aposta all-in
Yellen sussurrou entre linhas, na última sexta, a propensão do FOMC (o Copom gringo) em elevar as taxas de juros por lá em sua próxima reunião, que ocorre nos dias 14 e 15/3.
A condicionante, segundo ela, é o comportamento continuado de inflação e emprego em linha com as expectativas. Assim sendo, o veredito final ficará a cargo dos dados de emprego que serão divulgados nesta sexta-feira. Mesmo antes deste último indicador, mercado de renda fixa já colocou a alta de juros em março no preço.
Resta saber se os aumentos à frente para o custo de capital já estão incorporados no mercado de ações gringo. Predomina, até aqui, a narrativa que defende que pujança econômica é suficiente para mais do que compensar o aumento de juros, e portanto valuations seriam sustentáveis.
Sobre isso, tenho sérias dúvidas. Continuo com a percepção de que o mercado está apostando perigosamente alto, all-in, em Trump. A ver.
(Mais) sinais tênues de retomada
Por aqui, a semana promete ser agitada.
No front econômico, atenções se voltam à divulgação do PIB do 4T16 (amanhã) e do IPCA de fevereiro (sexta-feira). Se vier em linha com as expectativas, o dado de atividade do quarto tri pode marcar, enfim, o fundo do poço da economia.
Merecem atenção os dados de emprego de janeiro, que conhecemos na semana passada: embora janeiro seja, tradicionalmente, um mês de fechamento de postos de trabalho, chama a atenção o menor saldo negativo comparado ao mesmo período em 2016 e 2015. E, mais ainda, a geração positiva de empregos na indústria: 17,5 mil novos postos. É pouco, dirão — e concordarei, mas coloco na conta de sinais tênues de retomada da atividade.
No front político, destaque para intensificação dos esforços do governo em prol da aprovação da Reforma da Previdência. Tudo correndo dentro do esperado, votação em primeiro turno na Câmara deve ocorrer entre a segunda quinzena de abril e o começo de maio. Não será fácil, e não faltarão choro e ranger de dentes. Preparemo-nos.
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(Mais) pressão sobre Draghi
Principal fato no noticiário europeu é a reestruturação e a oferta de ações anunciados pelo Deutsche Bank.
Do ponto de vista do banco alemão, o raciocínio é simples: se o mercado pagou (e segue pagando) uma pequena fortuna por um aplicativo de nudes, hora de passar o chapéu para levantar dinheiro.
(E por falar em sacanagem, sigo incomodado com o silêncio em torno dos bancos italianos)
Para além do setor bancário, a zona do Euro vem colhendo indicadores econômicos melhores ultimamente. Atividade no setor de serviços é a maior em 5 anos e perspectivas da indústria mostram sinais de melhora, enquanto inflação supera a meta.
As notícias devem (ou deveriam?) se traduzir em aumento de pressão por redução dos estímulos do Banco Central Europeu, que se reúne nesta quinta-feira.
China reduzindo o passo
Coube ao premiê chinês anunciar uma sutil redução na meta de PIB para este ano. Segundo Li Keqiang, país perseguirá um crescimento de 6,5 (contra 6,7 em 2016). Em paralelo, reafirmaram comprometimento com contenção do enpidamento, controle de riscos dos mercados financeiro e de capitais e cortes de capacidades produtivas ineficientes.
Tenho lá minhas dúvidas se será possível ao país se manter fiel a todos esses propósitos ao mesmo tempo. E vale ter em mente que, até aqui, são incontáveis os compromissos que ficaram só no papel.
Petróleo e commodities metálicas reagem hoje, negativamente, à sinalização de redução do ritmo no gigante asiático.