Existe uma série de pseudo analistas que, muita das vezes, ficam em cima do muro acerca das suas análises e projeções em cenários tão complexos como esse que enfrentamos nos últimos 30 dias. Tomar uma posição baseado em dados, estatísticas e experiência requer coragem, pois em caso de insucesso da sua previsão, as criticas sempre serão maiores do que os elogios.
Mas, por que começar nosso bate papo semanal com esse tom de melancolia e ressentimento? Na verdade, não é isso! Apenas vejo isso acontecer com muita frequência e nós, como traders, temos que ter uma resiliência de pensamento sobre nossas análises, apesar dos possíveis julgamentos alheios. Há cerca de 45 dias eu já alertava meus alunos e minha audiência que o mercado mostrava sinais claros que um movimento de alta estava chegando, apesar de graficamente, sentimentalmente e nas notícias, a catástrofe estar batendo a porta.
Agora, quero compartilhar dados que estudo diariamente e que nesse último período me deram a convicção de me posicionar para surfar esse movimento.
Passamos por um declínio na volatilidade, no volume e no valor realizado de mínimas de vários anos, demonstrando que a liquidez ficou cada vez mais escassa e a apatia do investidor estava bem presente.
Tivemos variações semanais que, apesar de o mercado variar para ambas os lados, isso não fez com que uma evolução realmente saudável e efetiva acontecesse, a exemplo da penúltima semana, quando o Bitcoin caiu para US$ 24,8 mil no início da semana, subiu para US$ 26,7 mil com a notícia do pedido de ETF da Blackrock.
Comparando as faixas de preço de 30 dias, observamos que períodos de silêncio como esse são poucos e distantes entre si. A maioria tende a ocorrer durante o período de ressaca apático que segue um mercado em baixa e que posteriormente gera uma alta, que pode evoluir para grandes acúmulos percentuais.
A partir dessa observação, outros dados me chamaram bastante a atenção, como a volatilidade nos contratos de opções de 1 semana a 6 meses também chegou em níveis mínimos do ciclo atual. Já a volatilidade no curto prazo, de 1 semana, está no segundo valor mais baixo já registrado, de 36%, enquanto os contratos de 3 meses e 6 meses chegaram em mínimos históricos de 42% e 46%, respectivamente.
Observamos, isso acontecendo também na volatilidade realizada de 1 mês, que foi redefinida para 39,6%, um dos níveis mais baixos desde o mercado em alta de 2021. Observamos que esses acontecimentos são tipicamente experimentados durante a longa consolidação, à medida que o mercado se recupera após uma tendência de baixa prolongada, como foi o caso do ano de 2022, que tivemos um período extremamente extenso de correções no preço, agravado por uma série de fatores macroeconômicos.
Observando as negociações nos mercados futuros, é possível verificar, que essas despencaram para US$ 20,9 bilhões/dia, à medida que a liquidez nos mercados de ativos digitais diminui.
Em paralelo a tudo isso, um movimento veio acontecendo silenciosamente e dando início ao que estamos vendo nesse momento.
Os holders seguiram acumulando progressivamente, enquanto o mercado despencou em níveis de volatilidade e liquidez, como falamos acima. Essa acumulação foi a uma taxa de cerca de 42,2 mil BTC/mês, mostrando que a classe de investidores momentaneamente insensível às variações do preço estava absorvendo uma parte não trivial da oferta atualmente disponível.
Se compararmos esse comportamento com os outros ciclos anteriores, veremos que esse sistema de acumulação constante e gradual começou há pouco mais de 2 anos e sugere que outros 6 a 12 meses podem estar à nossa frente com o grande estouro do mercado, para o início do Halving.
A oferta ilíquida atingiu um novo topo histórico de 15,2 milhões de BTC há 2 semanas, enquanto os saldos de trading nas exchanges caíram para os níveis mais baixos desde janeiro de 2018 em 2,3 milhões de BTC. Neste momento, cerca de 146 mil BTC/mês estão fluindo diretamente para essas wallets ilíquidas.
Vamos analisar um dado para ter uma noção da escala do que estamos falando em termos de mudança de saldos em vários níveis diferentes de wallets e que estão absorvendo as novas moedas emitidas pelos mineradores.
Wallets com saldo abaixo de 100 BTC estão aumentando significativamente suas participações, absorvendo o equivalente a 254% da oferta minerada no último mês (2,54 x +-900 BTC/dia = 2.286 BTC/dia).
Já as Wallets com saldos entre 100 a 1000 Bitcoins, estão sofrendo uma mudança positiva nos seus saldos, absorvendo volumes equivalentes a 36% da oferta minerada.
Agora com a chegada do halving do Bitcoin a menos de 300 dias, podemos vislumbrar a relação entre esses períodos de transição e os eventos de halving, que tendem a ocorrer em cerca de dois terços da jornada.
Na maioria das medidas de energia do mercado, os mercados estão exibindo entusiasmo em algumas delas. A volatilidade, os volumes e o valor realizado estão todos em mínimos de vários anos, à medida que a liquidez e o entusiasmo dão lugar à apatia do investidor.
No entanto, sob a superfície, o padrão clássico de transferência de riqueza para o holder insensível ao preço permanece ininterrupto.
Em suma, tudo isso previu a alta que estamos vivendo, mas ela pode não durar muito tempo e ter clareza e agilidade nesses momentos é o que vai fazer toda a diferença, para se manter saudável em seus investimentos e tendo lucro, porém, é justo dizer que posteriormente ao período completo de acumulação, o que veremos é uma alta esmagadoramente grande, capaz de mudar muitos investidores de patamar.