2025 deve ser um ano de continuidade dos investimentos da pecuária brasileira, mas os crescimentos das ofertas de animais para abate e da carne e também da demanda devem ser menores que os registrados em 2024. As projeções para a economia brasileira sinalizam que o poder de compra do consumidor estará mais apertado que em 2024 e, no front externo, a taxa de avanço do volume exportado também pode ser menor, mesmo com a potencial abertura de novos mercados. É possível que a influência do câmbio seja ainda maior sobre os custos de produção do setor. Nestes primeiros meses do ano, a disparada do dólar no final de 2024 deve influenciar os custos. Com isso, a população tende a ter orçamento apertado e a optar por carnes mais baratas. No cenário internacional, os chineses continuarão comprando muita carne do Brasil. Depois da China, os Estados Unidos, Emirados Árabes e Chile são os demandantes mais importantes da carne bovina brasileira. É possível que as compras norte-americanas ainda se mantenham elevadas, tendo em vista que a recuperação do rebanho interno ainda está em curso. Para o Oriente Médio, a perspectiva é que a taxa de crescimento aumente e, para o Chile, também pode haver expansão. Enquanto isso, nas propriedades pecuárias, a produção deve seguir firme, mas possivelmente avançando menos que em 2024. Dados do IBGE até setembro mostravam aumento de 19% do número de animais abatidos.
FRANGO: Setor pode crescer em 2025, mas deve, novamente, enfrentar desafios
O cenário atual indica que o setor avícola nacional pode seguir crescendo em 2025, mas deve – novamente – enfrentar muitos desafios, sobretudo os relacionados à biossegurança animal e a conflitos em importantes países que são destinos da carne brasileira. Estudos realizados por pesquisadores do Cepea indicam que a produção de carne de frango deve alcançar 14,2 milhões de toneladas em 2025, aumento de 2,9% frente à do ano anterior. Do lado da demanda, a ABPA projeta que o consumo per capita de carne some 46,6 kg em 2025, alta de 1,9% sobre o ano anterior. As perspectivas de crescimento do setor avícola em 2025, contudo, dependem da ausência de casos de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (H5N1 ou IAAP) em granjas comerciais (ou outros tipos de Influenza). Por enquanto, o Brasil tem se beneficiado dessas circunstâncias. Isso porque casos de Influenza em outros países produtores têm deslocado a demanda global ao Brasil, que, ressalta-se, permanece livre dessa doença, de acordo com as diretrizes da Organização Mundial para Saúde Animal (OMSA). O setor brasileiro de avicultura de corte também precisa monitorar os conflitos no Oriente Médio, que completaram um ano em outubro de 2024. O Brasil é o maior fornecedor global de carne de frango Halal para países do Oriente Médio, incluindo os Emirados Árabes Unidos, que são os atuais segundos principais destinos da carne brasileira – em 2024 (até novembro), o Brasil escoou 425 mil toneladas de carne ao país árabe.
SUÍNOS: Em 2025, setor deve seguir apostando no mercado externo
Depois de registrar um 2024 bom, com as exportações recordes e preços internos nas máximas nominais, as perspectivas para o setor produtivo de suínos seguem positivas para 2025. Tudo indica que as demandas mundial e brasileira pela carne devem seguir aquecidas. Do lado oferta, estimativas preliminares do Cepea apontam aumento na produção do setor. No front externo, o setor suinícola nacional deve continuar apostando no mercado externo, visando reforçar e/ou melhorar sua posição no ranking dos maiores players internacionais. O excelente desempenho das exportações nos últimos anos está atrelado aos esforços do setor em aumentar a capilaridade no mercado global, em meio à redução gradual (iniciada em meados de 2022) das importações por parte da China. Assim, mesmo diante das reduções nos envios ao país asiático, os embarques a outros parceiros comerciais devem garantir mais um ano de bom desempenho das exportações. Estudos do Cepea apontam que, em 2025, as vendas externas de carne suína podem crescer até 6,6% em relação ao volume de 2024, alcançando 1,22 milhão de toneladas. No mercado interno, a demanda por carne suína deve permanecer firme em 2025, sobretudo considerando que os preços da carne bovina estão elevados. Estimativas do USDA apontam crescimento de 1,8% no consumo per capita de carne suína no Brasil em 2025. Desta forma, para que as demandas externa e interna pela proteína brasileira sejam sustentavelmente atendidas ao longo do ano de 2025, pesquisadores do Cepea indicam que o volume produzido de carne de suína deverá atingir cerca de 5,53 milhões de toneladas neste ano, aumento de 2,8% em relação ao projetado para 2024.
LEITE: Produção de leite em 2025 deve manter o ritmo de crescimento
Pesquisas do Cepea apontam que os custos com nutrição animal seguem avançando e o poder de compra do pecuarista leiteiro continua caindo. E esse é o maior ponto de atenção para 2025 para o setor leiteiro nacional. Segundo pesquisadores do Cepea, a escalada nos custos operacionais tende a ser gradual ao longo deste ano, sendo impactada em um primeiro momento pelos maiores gastos para produção de volumoso (diante da alta nos preços de fertilizantes) e contrabalanceada por uma possível redução nos valores do concentrado no primeiro semestre de 2025. Por outro lado, no segundo semestre, o escoamento da safra nacional pode limitar os estoques, afetando, consequentemente, a precificação de insumos para a formulação de rações. Nesse sentido, a projeção do Cepea é de que a produção de leite em 2025 possa manter o ritmo de crescimento entre 2% e 2,5%. Um crescimento acima disso exigiria uma recuperação muito forte da oferta no primeiro trimestre de 2025, mas isso vai depender majoritariamente do clima.