Boi gordo: Tio Sam de olho no bife brasileiro

Publicado 08.12.2022, 09:57
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Até novembro o Brasil exportou 1,84 milhão de toneladas de carne bovina in natura, o que equivale a um aumento de 28,6% na comparação com o mesmo intervalo de 2021, quando foram vendidas 1,43 milhão de toneladas, segundo dados da Secex. 

Já superamos em 18,1% mesmo os dados consolidados de 2021, quando foram vendidas 1,56 milhão de toneladas. 

O recorde anterior para o volume embarcado no ano tinha sido o de 2020 (1,72 mi de t), que já foi excedido em 6,9%, mesmo considerando apenas 11 meses deste ano. 

Os faturamentos em dólares e reais já são recordes absolutos também. Para a receita, o melhor resultado havia sido o do último ano, com 7,97 bilhões de dólares, o que equivalente a 42,7 bilhões de reais. 

Em 2022, em apenas 11 meses, a receita já somou US$11,1bilhões, ou R$56,96 bilhões, acréscimos de 38,9% e 33,4%, respectivamente, frente ao ano anterior completo. 

O preço médio da tonelada exportada aumentou 17,6% em dólares e 12,9% em reais, relacionando a parcial de 2022 com 2021.

O resultado de 2022 se deve principalmente à China, que respondeu por 62,0% do volume importado e teve um crescimento de 59,1% na quantidade, na comparação com o mesmo intervalo de 2021. Nos últimos dois meses, as vendas ao país têm perdido força, pela questão da sazonalidade relacionada ao Ano Novo no Lunar (que ocorre no início do ano), com isso o foco é a chegada da carne antes das festividades, o que gera uma calmaria após essa “janela” passar.

Vendas aos Estado Unidos ganharam força

Enquanto as vendas para a China cederam 5,9% em outubro e 26,9% em novembro (MoM), as exportações aos Estados Unidos quase dobraram na comparação mensal. 

Entre outubro e novembro, a alta foi de 96,0%. Cabe a ponderação que as vendas aos EUA não compensam o recuo da comercialização com a China, mas sinalizam que as vendas ao país podem aumentar nos próximos meses. Veja a figura 1.

Figura 1. Exportações de carne bovina in natura aos Estados Unidos, em mil toneladas. 

Fonte: Secex / Elaboração: HN AGRO

Cabe lembrar que a carne brasileira disputa uma cota de pouco mais de 60 mil toneladas com outros países, cota esta que foi abocanhada no início de 2022, com bons volumes. 

Ou seja, estas exportações recentes estão entrando com tributação maior. Isso indica que, no começo de 2022, as compras pela cota (com benefícios fiscais) devem ser fortes, ainda mais com a conjuntura de menor oferta de gado para abate esperada para os EUA.

A redução de 6,9% nos abates esperada pelo USDA para 2023 tende a valorizar o gado no país. Isso se soma ao dólar valorizado, barateando as importações para eles, e deve resultar em uma competitividade interessante para o nosso produto. O provável destaque das vendas deve ocorrer no início do ano, mas possivelmente se sustentando, a depender do nível de preços da nossa arroba em dólares. 

Figura 2. Evolução e projeções dos abates de bovinos nos EUA, em milhões. 

Fonte: USDA / Elaboração: HN AGRO

Esse patamar da nossa arroba em dólares depende da oferta de gado por aqui, que deve seguir crescente pelo ciclo pecuário, mas também do câmbio, que responde a todo e qualquer movimento fiscal e político, como tem se observado. 

Em outras palavras, do lado do câmbio, há muita incerteza, mas do lado da oferta de gado, aqui e lá, o cenário é promissor para quem vende carne lá fora, embora provavelmente não dos mais promissores para quem vende bois, pelo provável aumento da oferta de fêmeas e gado em geral.  

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