Depois de anotar uma valorização expressiva das ações mais líquidas da bolsa brasileira, principalmente de empresas ligadas a commodities, a entrada de capital estrangeiro no país tem demonstrado sinais de estabilização no mês de abril.
Em março, a entrada de investimento estrangeiro na B3 (SA:B3SA3) foi de 399,1 milhões de reais, ante o valor de 195,2 milhões de reais até o dia 22 de abril, último dado disponível.
Os estrangeiros têm reduzido o volume de suas compras no país devido ao cenário mais incerto por problemas internos, como os de natureza fiscal, diante das dúvidas sobre a sustentabilidade das contas públicas.
Neste mês, papéis do setor de mineração e siderurgia têm amargado perdas, em oposição aos primeiros três meses do ano. Vale ON (SA:VALE3) cai -15,85 por cento, CSN ON (SA:CSNA3) recua -15,44 por cento e Usiminas (SA:USIM5) PNA perde -14,53 por cento. Já no setor de petróleo, PetroRio (SA:PRIO3) ON cede -2,81 por cento e Petrobras ON (SA:PETR3) anota uma desvalorização de -2,75 por cento.
Ao mesmo tempo, temores em relação à fragmentação da economia mundial cresceram após indicação do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de que deve acelerar seu processo de retirada de estímulos e aperto monetário mais acelerado para controlar a inflação, que segue bastante elevada.
Somado a isso, as políticas de zero Covid-19 da China para a contenção da pandemia também prometem enfraquecer a demanda da segunda maior economia do planeta.
Apesar de completarmos mais de dois anos do início da pandemia, os impactos causados por ela nas commodities continuam. Nas cadeias de insumos e de logísticas, ainda refletem e impulsionam os preços das commodities.
Apesar da demanda ter se estabilizado mais rapidamente, por outro lado, a oferta ainda está impactada com os estoques limitados das commodities devido às restrições e problemas de logísticas no mundo.
Olhando para este cenário, devemos conviver por mais tempo com os preços mais altos das commodities até vermos as cadeias normalizadas e pela desaceleração das principais economias do mundo com a alta de juros.
Cabe ressaltar que o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, que chega ao seu 61º dia sem sinal de um fim próximo, também piorou o cenário em relação aos preços das commodities.
A Rússia, que é uma das principais produtoras de petróleo, gás e fertilizantes do mundo, fez os preços dessas commodities escalarem este ano. Mesmo que tivéssemos o fim do conflito hoje, acreditamos que os reflexos da guerra provavelmente ainda devem sustentar os preços altos das commodities.