Passei boa parte da minha quarta-feira pensando no que escrever por aqui e, para minha surpresa, acabei presenciando uma discussão acirradíssima sobre a velha temática: análise fundamentalista x análise técnica, qual é a melhor?
Dentre os inúmeros palavrões trocados entre os envolvidos, um argumento me chamou a atenção. Era mais ou menos assim: "então, se os fundamentos analisados, ou seja, balanços, projeções, passivo e ativo, não fazem uma ação cair ou subir, o que faz, então? Um O-C-O (ombro-cabeça-ombro) é o que faz uma ação cair ou será que um fundo duplo é o que faz ela subir?".
Quando comecei na Bolsa não fazia nem ideia do que seria análise técnica. Tudo girava em torno de fundamentos, contas, relatórios, clima, notícias, balanços. Em resumo, tudo aquilo que fazia mais sentido quando as ações caíam ou subiam. Afinal de contas, por meio desse estudo eu tinha uma ideia do motivo do movimento.
Ao descobrir a maneira técnica de ler o mercado, minha forma de investir mudou completamente. Agora eu não mais precisava esperar as empresas divulgarem seus resultados trimestrais e semestrais. Tampouco precisava acompanhar de perto as notícias, ou conhecer qual cenário macroeconômico favorece esta ou aquela empresa.
Minhas operações, que geralmente duravam em torno de um ano a dois, passaram a durar alguns meses e, às vezes, semanas. Tudo havia se tornado, de um momento para outro, mais simples, mas, ao mesmo tempo, obscuro.
Passei a ler o mercado de outra forma e, com isso, deixei de entender o real motivo da movimentação dos preços. Entretanto, passei a visualizar melhor o início e até onde estes movimentos poderiam ir.
Fora da rodas de conversa dos analistas técnicos era sempre delicado tentar explicar o motivo daquela queda ou de uma alta repentina, sob a ótica da análise técnica. O que para mim passou a ser óbvio, "caiu porque graficamente foi criado um padrão de reversão", para os outros não fazia o menor sentido. Porém, eu já não me importava mais em saber os por quês, agora eu havia passado a saber como ia acontecer.
Dentro do meu círculo de amizades do mercado, que na época era basicamente formado por gestores de fundos e de clubes de investimentos, considerados grandes e bons analistas fundamentalistas, não foi fácil ser diferente. No entanto, mesmo tendo mudado a forma de ler o mercado, sempre fui respeitado por todos.
A lição que fica é que a melhor maneira de se investir é procurar repeitar um método que atenda ao seu perfil de investidor. Não existe fórmula. Nem sempre o que está adequado à minha necessidade atenderá à sua.
Para saciar minha curiosidade, ainda costumo consultar meus bons amigos fundamentalistas para entender o motivo por trás das grandes oscilações. Em contrapartida, eles fazem o mesmo comigo, para saber como e até aonde elas podem chegar.
Até a próxima!