A 29ª Conferência das Partes (COP29) sobre Mudança do Clima foi realizada em novembro de 2024, na cidade de Baku, Azerbaijão. Entre os principais resultados da COP29, destaca-se a criação de um fundo climático de US$ 300 bilhões anuais, destinado a apoiar os países em desenvolvimento na adaptação e mitigação dos efeitos das mudanças climáticas. O fundo tem como objetivo financiar infraestrutura resiliente, projetos de descarbonização e ações de reparação de danos causados por eventos climáticos extremos.
Por outro lado, a COP29 ficou marcada pela falta de ambição nas metas de redução de emissões de gases de efeito estufa. Poucas nações apresentaram revisões significativas em suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), necessárias para alinhar as ações globais ao limite de aquecimento de 1,5°C previsto no Acordo de Paris. A conferência incentivou iniciativas regionais para gestão de recursos hídricos e reflorestamento, além de promover a recuperação de ecossistemas degradados. Apesar disso, a implementação prática dessas ações ainda enfrenta barreiras, como a falta de financiamento adequado e o desequilíbrio de prioridades entre as nações.
A COP29 também foi alvo de críticas pela forte presença de representantes da indústria de combustíveis fósseis, que, para muitos, comprometem a credibilidade do evento. A influência desses setores levanta preocupações sobre a capacidade das negociações climáticas de priorizar os interesses coletivos diante das pressões econômicas e corporativas.
Com os olhos voltados para o futuro, a COP30, que será realizada em Belém, Brasil, será uma oportunidade crítica para abordar questões essenciais que permanecem emperradas no processo das negociações climáticas globais. Dentre os temas mais urgentes que precisam ser destravados estão:
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Financiamento climático: a promessa de mobilizar US$ 100 bilhões anuais até 2020, feita em 2009, nunca foi cumprida em sua totalidade, e agora a meta foi substituída por novos números mais ambiciosos, como o fundo climático de US$ 300 bilhões anuais anunciado na COP29. Na COP30, será essencial garantir mecanismos de governança transparentes e eficazes, além de assegurar que os recursos cheguem de forma rápida e equitativa às nações em desenvolvimento.
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Uso de combustíveis fósseis: o mundo ainda depende fortemente de petróleo, gás e carvão para atender suas demandas energéticas. A influência da indústria de combustíveis fósseis nas negociações climáticas tem sido uma barreira persistente para avanços significativos, como ficou evidente na COP29.
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Desigualdades na transição energética: será preciso investir em tecnologias acessíveis, treinar trabalhadores para novos setores e garantir que as comunidades dependentes dessas indústrias não sejam deixadas para trás.
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Governança climática mais eficaz: o formato atual das negociações, frequentemente dominado por interesses econômicos e caracterizado por avanços tímidos, está perdendo credibilidade. Reformas no processo, como a inclusão de metas obrigatórias e o fortalecimento de mecanismos de monitoramento e cumprimento, serão essenciais para garantir que as promessas feitas sejam realmente cumpridas.
Em resumo, enquanto a COP29 em Baku foi marcada por acordos financeiros significativos, ela também evidenciou a necessidade urgente de ações mais concretas e eficazes para combater as mudanças climáticas. Além disso, constatou o contraste entre avanços pontuais, como o fundo climático, e a persistente lacuna na implementação de medidas eficazes para a redução de emissões e transição energética. A COP30 em Belém representa uma oportunidade crucial para que o Brasil e a comunidade internacional avancem em compromissos mais ambiciosos e ações tangíveis em prol do clima global. Destravar os impasses em torno do financiamento climático e da transição energética, além de fortalecer compromissos ambientais, será fundamental para redefinir a trajetória global em direção a um futuro mais sustentável e resiliente.