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Copom – A Reboque da Pressão do Governo, Vamos Esperar e Pagar para Ver

Publicado 21.01.2016, 10:43

Numa decisão que não foi unanime, 6 votos contra 2 votos, o Copom manteve a Taxa Selic nos 14,25 pp, contrariando a perspectiva de muitos analistas financeiros que apontavam para uma subida de 0,5 pp, a qual defendia e continuo a defender.

A decisão não surpreende porque no primeiro dia da reunião o presidente do BC, Alexandre Tombini, comentou o relatório do FMI que aponta para um cenário para 2016 e 2017 pior do que o projetado.

Esse relatório não podia ter vindo em pior momento e serviu de justificativa para manter a taxa Selic no atual patamar, quando a decisão foi mais política, pela pressão da presidente Dilma. Relembro uma das suas afirmações em que o BC tem autonomia para tomar as medidas que entender, mas não é independente”, e aqui ficou bem demonstrado que o BC não é independente, cedendo a pressões do governo.

Pode-se até afirmar que o cenário e as projeções revistas para pior tenham sido o fator de maior peso na decisão, mas tal fato na realidade foi pela pressão.

A taxa de juros Selic não serve somente para tentar controlar a inflação, serve para também para tentar atrair ou manter os investimentos por força de um prêmio maior pelo risco crescente do Brasil e procurar evitar a saída maciça de investimento estrangeiro especulativo ou não.

Falam tanto nas reservas cambiais, dos fluxos financeiros, do downgrade, do risco Brasil, e como é possível que se preocupem e bem com estes temas e defendam que até que a Taxa Selic pode até descer no cenário atual? É um verdadeiro contrassenso de quem anda a deriva de seus interesses.

Nós temos dois tipos de investidores, o de médio/longo prazo e os especuladores que assumem maiores riscos mas exigem prémios maiores. Temos infelizmente que conviver com os dois, era bom de fato que não precisássemos do capital especulativo, mas no contexto atual não podemos nos alhear da sua real necessidade.

Posso no limite até concordar que a inflação já está numa fase inercial e que a contração do mercado será suficiente para a sua descida por força da fraqueza da demanda, mas que efeito na inflação terá se a cotação do dólar disparar?

Outro aspeto que não escuto falar são os preços e tarifas atreladas a cotação do dólar, que também sofrem aumento pela desvalorização cambial.

É redutor fazer depender a inflação somente da Taxa Selic e da contração da economia e retirar dessa equação a cotação do dólar. Se de fato a cotação da moeda chegar a R$5,00 estamos a falar de uma desvalorização de 25 pp, excelente para que aposta na alta do dólar, mas para a economia qual será o seu impacto? Não esqueçamos que há muitos produtos, bens e serviços que o repasse da alta é inevitável, nem que a demanda seja fraca, pois é parte muito importante na composição dos seus preços.

A questão da inflação não pode somente ser vista por um conceito restrito, ela é muito mais abrangente e é afetada por diversos fatores, em que se tem que procurar um equilíbrio entre eles para o seu controle.

Da mesma forma quem defende que o aumento da taxa Selic não era necessário ou até colocar a possibilidade de redução, e afirmam que a mudança da taxa já não tem impacto na inflação, que o atual cenário inflacionista não é pela demanda, até porque está baixa, é inercial, e que o consumo e o investimento baixo são devido a taxa de juros alta, entram em contradição e em erro.

O consumo e o investimento estão baixos pela degradação do rendimento disponível e pela falta de confiança dos agentes económicos e não por força da taxa de juros alta, é um erro e uma contradição pensar-se dessa forma e fazer essa associação. A retomada do crescimento tem de vir através do aumento do rendimento disponível e pelo aumento do investimento pela via da recuperação da confiança e principalmente pelo ajuste das contas públicas.

Em relação ao crédito ao consumo e ao investimento, o fato da taxa Selic estar alta tem uma afetação muito relativa e baixa no atual contexto, pois o grande problema está nos spreads estratosféricos que os bancos e instituições financeiras cobram, vejamos somente este exemplo, o que é 14,25% a.a. comparado com os 481% a.a. cobrados por algumas instituições financeiras no catão de crédito, tentemos ser sérios, isto é surrealista.

O aumento de 0,5 pp na taxa Selic seria irrisório para o mercado e qualquer baixa de 1,2 ou 3 pp na taxa não teria o efeito e impacto tão relevante no crescimento económico no atual cenário. Já na cotação do Dólar e na inflação o seu efeito será relevante.

Perante a cedência e a fraqueza do BC nesta reunião, realmente é de rever as projeções para a cotação do Dólar e da inflação no final de 2016, se até lá não houver o retorno da política que estava a ser seguida do controle da cotação do Dólar e da inflação.

A continuar neste estado o dólar facilmente atingirá os R$ 5,00 e a inflação deverá continuar perto dos dois dígitos, ou seja, perto dos 10% se não for mais no final de 2016.

É de fato um retrocesso e é falacioso fazer depender o crescimento somente pela taxa Selic, sem mesurar as suas consequências no câmbio e na inflação, em março teremos outra reunião do Copom já com mais elementos e dados disponíveis e espero que o bom senso prevaleça e que o BC veja a sua ação imediata de manter a taxa Selic como um erro a reboque da pressão do governo e da presidenta, além de que a sua imagem sai beliscada pela sua dependência e cedência. Vamos ver!!!!

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