🍎 🍕 Menos maçãs, mais pizza 🤔 Já viu recentemente a carteira de Warren Buffett?Veja mais

Desktop, Unifique e Brisanet caíram mais de -50% na B3. Oportunidade?

Publicado 08.11.2022, 13:57
Atualizado 09.07.2023, 07:32
OIBR3
-
CPLE6
-
DESK3
-
FIQE3
-
BRIT3
-

O setor de fibra óptica atraiu os holofotes do mercado brasileiro com três IPOs na sequência em julho de 2021.

Uma empresa do interior de São Paulo: Desktop (BVMF:DESK3).

Uma unificando o interior do Sul: Unifique (BVMF:FIQE3).

E uma aproveitando a brisa nordestina: Brisanet (BVMF:BRIT3).

Faz sentido. Oferecer serviços de internet a cabo demanda investimentos pesados e essas empresinhas regionais queriam crescer.

Gráfico: IBOV -8%; DESK3 -50%; FIQE3 -52%; BRIT3 -75% desde julho 2021.
Fonte: Bloomberg

Mas o mercado não vem dando o benefício da dúvida para as empresas. Suas ações já caem -50% ou mais desde seus respectivos IPOs.

Oportunidade?

Internet ou morte!

A fibra óptica possibilita a transmissão de dados, voz e vídeo com maior qualidade (velocidade).

As novas formas de consumo e mudança de comportamento da população no pós-pandemia vêm demandando cada vez mais essas novas tecnologias.

Gráfico apresenta percentual de acessos por tecnologia de 2011 a 2020.
Fonte: TeleSíntese

A necessidade por uma conexão mais potente trouxe uma transformação para o mercado, e a estimativa é que 66% das ligações de banda larga fixa no país já sejam de fibra óptica.

Além disso, com a expansão registrada nos últimos anos, cerca de 84% dos municípios brasileiros já adotaram a fibra como sua principal tecnologia.

Gráfico apresenta evolução do número de municípios com backhaul de Fibra Óptica de 2016 a 2021.
Fonte: Abranet

Filmes, jogos, música, entretenimento e muito mais…

É inexorável, as pessoas querem internet sempre mais rápida – essa tecnologia ainda tem muito espaço para crescer.

ISPs: 50% do mercado brasileiro

O mercado brasileiro de fibra óptica é extremamente pulverizado, podendo ser dividido em dois grupos principais: as grandes empresas de telecom (também chamadas de Big Telcos) e os provedores regionais (conhecidos como ISPs).

Com uma proposta de oferecer um melhor serviço em relação a nomes como Claro, Vivo e Oi (BVMF:OIBR3), as ISPs passaram a ganhar uma maior relevância no mercado.

Manchete IPNews: "ISPs respondem pela metade das conexões em banda larga no Brasil, diz presidente da Anatel"
Fonte: IPNews

O crescimento em regiões mais afastadas dos grandes centros urbanos fez com que as competitivas (menores empresas) ultrapassassem as Big Telcos em market share no país.

Gráfico apresenta market share das operadoras de SCM (Claro; OI; Vivo; Competitivas; TIM; Sky).
Fonte: Anatel e Teleco

Crescendo e aparecendo, as ISPs vêm ganhando mercado e já são cerca de 50% do mercado brasileiro de fibra.

Elas vêm mostrando muito espaço para crescer.

Leilão 5G

Brisanet e Unifique enxergaram na bolsa de valores uma grande oportunidade de captar recursos com o foco em um objetivo: participar do leilão do 5G (serviços de internet móvel).

Manchete Bloomberg Linea: "Verde compra 5,42% da Brisanet de olho no leilão do 5G"
Fonte: Bloomberg Línea

Ambas arrecadaram lotes em suas respectivas regiões (Brisanet no Nordeste e Unifique na região Sul do país).

A Brisanet garantiu três lotes por um valor de R$ 1,25 bilhão, enquanto a Unifique se uniu à Copel (BVMF:CPLE6) em um consórcio para arrematar outro lote do leilão.

Manchete Money Times: "Brisanet e Unifique jogaram "feito gente grande" no leilão 5G, diz XP; compra das ações é reiterada"
Fonte: Money Times

Já a Desktop optou por ficar de fora e focar os recursos captados em seu crescimento regional, tanto de forma orgânica quanto através de aquisições.

Entretanto, o otimismo em relação às empresas de fibra na bolsa brasileira não durou muito e suas ações já perderam, ao menos, metade de seus valores de mercado.

Fonte: Bloomberg

Os fundamentos das três empresas estão certos: são rentáveis, não possuem dívidas elevadas, apresentam crescimento de resultados e perspectivas interessantes.

Oportunidade?

BRIT3: o leilão saiu caro (13.000%)

A Brisanet é a maior ISP do Brasil e já é líder em banda larga fixa no Nordeste (market share de 43%), tendo ultrapassado as Big Telcos na região.

A companhia atende mais de 130 grandes cidades nordestinas por meio de sua marca própria, além de cerca de 200 municípios menores através de sua controlada Agility, que opera mediante uma rede de franqueados.

Fonte: Brisanet

Com suas operações em estágio avançado de consolidação no mercado de fibra no Nordeste, a Brisanet optou por utilizar a maior parte dos recursos obtidos em seu IPO para participar do leilão do 5G.

E é aí que mora uma das grandes preocupações do mercado.

Além de ter que começar praticamente do zero em telefonia móvel, os valores pagos para arrematar seus três lotes foram considerados extremamente altos.

A empresa pagou um prêmio de 13.000% em relação ao preço mínimo da rodada, que era de R$ 9 milhões.

Um dos lotes, inclusive, está localizado na região centro-oeste do Brasil, onde a Brisanet ainda não atua.

BRIT3 chegou a cair -15% no dia do anúncio e já acumula queda de -75% desde sua estreia na bolsa.

Os maiores riscos em atuar em novos segmentos e novas geografias, além de já apresentar uma forte presença em fibra no Nordeste (não tendo tanto espaço para crescimento), acabam afastando um maior interesse por BRIT3.

FIQE3: digerindo 12 aquisições

Já na região Sul, quem prevalece é a Unifique, liderando o mercado de ISPs principalmente nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Fonte: Unifique

FIQE é uma "mini-NET", que oferece telefonia e TV a cabo.

Assim como a Brisanet, a Unifique também participou do leilão do 5G arrematando um lote, mas pagando um prêmio muito inferior, de "apenas" ~1.500%.

Mas o foco de FIQE é a consolidação. Desde o IPO, a empresa já realizou 12 aquisições para se consolidar ainda mais no mercado sulista de fibra.

No curto prazo, suas atenções devem se voltar para integrar as adquiridas e crescer de forma orgânica nos segmentos em que atua.

DESK3: 8 aquisições, 7x mais clientes

Desktop se aproveita de uma defasagem das Big Telcos e tem um forte presença no interior de São Paulo.

DESK3 fez oito aquisições e saiu de 100 mil assinantes no início de 2020 para mais de 700 mil ao final de 2021, com atuação em mais de 100 cidades paulistas.

Fonte: Desktop

Com o IPO, a DESK acelerou sua expansão e já possui cerca de 30% de seu mercado endereçável no interior paulista.

Fonte: Desktop

Após adquirir empresas menores, Desktop consegue um belo crescimento orgânico nas novas cidades "ocupadas".

Gráfico apresenta market share – cidades maduras (acima de 24 meses de operação) – Hortolândia; Paulínia; Santa Gertrudes e Cordeirópolis.

O plano da companhia é manter o que vem dando certo: aquisições de novas regiões e crescimento orgânico.

Crescimento + ações em queda = Black Friday

Com resultados crescentes e ações em queda, os múltiplos das ISPs ficaram bem interessantes.

Unifique negocia hoje a 4x Ebitda (13x lucros), Desktop a 5x Ebitda (29x lucros) e Brisanet a 7x Ebitda (560x lucros).

As três com ótimos crescimentos de Ebitda entre 30-50% ao ano.

Fonte: Bloomberg

É usual que com as aquisições e os pesados investimentos, os lucros das empresas sejam prejudicados e elas negociem a um múltiplo "esticado" de Preço/Lucro (x lucros) – os múltiplos deverão se normalizar nos próximos trimestres.

Olhando os números (fundamentos), as três empresas são baratas e seus resultados interessantes.

Seria esse apenas mais um caso de Black Friday na bolsa?

"Nova NET"?

Confesso que tenho algum preconceito com empresas de telefonia.

Vendo a incapacidade de diversas grandes empresas fornecerem um serviço de qualidade e ganharem dinheiro nesse negócio, olho as ISPs pensando "nova NET".

Mas esse é um jogo de execução e parece que as pequenas empresas conseguem, sim, melhores serviços com melhor rentabilidade para o acionista.

As barreiras de entrada (apesar dos investimentos elevados) são baixas e, aqui, quem fornece um melhor serviço por um menor preço conquista mais territórios.

O risco, me parece, é das empresas crescerem demais e perderem sua eficiência, de se transformarem em colossos grandes demais, complexos demais para serem geridas, de se transformarem em "novas NETs".

WAR: quem conquista mais territórios?

Ataca, ocupa, cresce, domina. Ataca uma nova região.

O jogo das ISPs é um jogo de WAR, no qual maior qualidade e menor preço ganham territórios.

Já estamos de olho nessas empresas há algum tempo, avaliando a capacidade de execução e, é claro, os riscos de algo "inesperado" acontecer.

O mercado financeiro me ensinou que sempre acontece algo inesperado (especialmente nos IPOs).

BRIT, dominando sua região, parece ter dado um passo maior que a perna na tentativa de continuar crescendo – vamos observar.

DESK e FIQE parecem seguir um plano que funciona, sem surpresas ou eventos inesperados – continuamos observando de perto.

No momento, aproveitamos a Black Friday na bolsa.

O rali pós-eleições vem nos trazendo mais perto das máximas do ano passado e, com uma política econômica saudável, o rali deverá continuar.

Fonte: Bloomberg.

A bolsa está barata demais!

Últimos comentários

Carregando o próximo artigo...
Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2024 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.