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Brasil: Vítima de Suas Próprias Incompetências! Não Há Surpresas

Publicado 19.02.2016, 08:01
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O governo e suas autoridades procuram sempre, desde os idos do Ministro Mantega, atribuir as mazelas do país ao contexto externo, omitindo-se de fazer uma dura autocrítica e reconhecer que o grande problema do Brasil é o próprio Brasil, consequente de gesto ruidosa e temerária, sempre gastando mais do que obtém com arrecadação.

E, parece que grande parte dos analistas foi induzida a acreditar nisto e assim tem sido geradas uma série de projeções extremamente conservadoras, como se tudo por aqui caminhasse na tranquilidade e dependêssemos mais do comportamento global, que é onde há problemas.

O processo que vem se acentuando de “rejeição ao Brasil” pela economia global decorre das próprias razões desqualificatórias que assolam o país, incompetente para construir saídas criveis do quadro nefasto atingido por sua atividade econômica, com sério comprometimento da sua situação fiscal e um processo recessivo que ainda tende a se agravar muito, fato pouco enaltecido e considerado nas abordagens das análises.

O ano de 2015 foi pródigo em proliferar números bastante negativos, e que, por inépcia do governo em alterar o “status quo” que predominou, já configura 2016 com possibilidades de ser pior do que 2015, o que coloca 2017 em risco de atingimento consequente.

O setor externo vem emitindo sinais de queda conceitual de credibilidade levando os papéis do país, negociados no mercado secundário, a pagar cada vez mais juros, bastante desproporcionais em relação aos demais papéis latino americanos. Há uma clara evidência de que o custo para o Brasil colocar seus papéis está em alta, assim como o “apetite” por parte dos investidores.

Enfim, está mais difícil de “vender” o Brasil para investidores e isto passa, também, pelos investidores em conta capital, onde há um movimento indutor ao contrário com a afirmação de que o país está barato. Evidentemente há oportunidades de compra de empresas, mas com preços debilitados, pois o risco cambial, a dificuldade de hedge, o baixo retorno imediato, a ausência de financiamentos internos a taxas reduzidas, etc.... nem sempre são computados nestas avaliações feitas à margem dos negócios pelos analistas.

Quando projetamos que o preço da moeda americana poderia atingir R$ 5,00 ao final de 2016, ponderando riscos latentes que não vinham sendo considerados, como perda do grau de investimento por parte das agências de rating, aumento do juro americano, perda de atratividade do país aos investidores e artificialismo nos preços das ações na Bovespa, incompatíveis com o “status quo” da economia e suas baixíssimas perspectivas de retorno, fragilidades em progressão, etc..., isto ao inicio do ano, houve um certo estresse devido a projeção se situar muito distante das prevalecentes naquele momento.

Ainda perduram projeções conservadores, em especial as divulgadas como medianas no Boletim FOCUS, das quais temos sido critico contumaz.

Por mais que se considere a contração da economia oriunda do processo recessivo da economia, continua nos parecendo fora do ponto a projeção de IPCA (inflação) de 7,61% neste ano, mais recente mediana divulgada pelo FOCUS.

A inflação que o país vive é fortemente inercial e assim não responde a elevação de juro, até porque não há pressão de demanda de consumo e crédito, mas já se mostra expressiva até meados deste mês após 10,71% em 2015, e a despeito da recessão, não deve ficar abaixo de 9,0% ou até mais próxima da apurada no ano passado.

Absolutamente fora do ponto a projeção do preço do dólar em R$ 4,38 para o final do ano. É preciso estar menosprezando todos os obstáculos e contratempos amplamente desfavoráveis que o Brasil terá ao longo de 2016, como rebaixamentos de ratings, como o de ontem que atingiu o país e um rol de instituições financeiras e empresas, atingindo até severamente as aplicações de Tesouro Direto, restando tão somente a agencia Moody´s nos retirar o grau de investimento, dentre as 3 maiores, o que parece iminente após a visita que realizaram no país. Aumento do juro americano, embora de forma gradualíssima, mas mesmo assim atraente dos capitais locados no Brasil, devido a clara evidência de que “nada mudou” efetivamente do ano passado para este e que o problema fiscal não foi equacionado, estando as expectativas ancoradas na aprovação de um tributo de má qualidade, o CMPF, que contribuirá para intensificar a retração da atividade econômica e portanto prolongará a recessão.

A sistêmica ocorrência de fatos desfavoráveis provocará perda mais acentuada de credibilidade do país e a menor disponibilidade de recursos externos ofertados e seu encarecimento, sendo amplamente desestimulante às empresas rolarem seus empréstimos externos vincendos, até mesmo, adicionalmente, pelo desestimulo também interno pela retração da atividade econômica. Esta perspectiva sugere menor fluxo cambial, que até meados deste mês registrava tão somente US$ 30,0 M de saldo positivo.

O mundo está ansioso em relação à verdadeira situação da China, sempre uma “caixa preta”, ao comportamento do mercado de petróleo que caiu drasticamente e está impondo aos produtores excesso de oferta compensatória para recompor receita, que, contudo, reflete suas consequências no preço. Então, o Brasil, pelo Boletim FOCUS, projeta que obter um saldo de balança comercial de US$ 36,10 Bi, mas até meados deste mês atingiu tão somente um saldo modesto, embora as importações estejam retraídas pela queda da atividade econômica. Notoriamente, é uma projeção exacerbada.

A projeção de déficit em conta corrente está projetada pelo FOCUS em US$ 32,10 Bi, queda em relação ao ano passado atribuída a perda de atividade econômica e retração de gastos não essenciais afetados pela alta do dólar, mas o perfil do ano pode não permitir que seja atingido, visto que há muitos fatores indutores a saídas de recursos externos no país e a fragilidade crescente do mesmo tende a torná-lo menos atraente.

O país precisa reduzir o juro, absolutamente ineficaz em relação à inflação, focando estimular a atividade econômica, mas afora todos demais desgastes também se tornará menos atraente aos capitais especulativos.

Acreditamos também que o conjunto de desgaste que assolarão o país neste ano impactará também nos investimentos na conta de capitais, ficando aquém dos US$ 55,0 Bi projetados, mesmo considerando-se as mudanças no cálculo implementadas pelo BC a partir do ano passado.

E temos projeção, neste momento, de queda da atividade industrial de 4,20%, mas não se observa mudança de atitude em relação ao que aconteceu em 2015, o que sugere que seja bem maior.

E, para o PIB, o FOCUS projeta queda de 3,33% e o próprio BC já antevê 3,0%. Seguramente, tudo sugere que seja maior, pois o desemprego, queda da renda e consumo, devem se acentuar mais fortemente.

E “andando para trás” como pode o país equacionar sua política fiscal, se não há a efetiva determinação de conter os gastos de governo.

Alguns economistas, mais recentemente mudaram de postura vendo melhor os riscos, que já apontávamos ao inicio do ano, em relação ao setor externo e projetaram o preço do dólar ao final do ano em R$ 4,70.

Nossa projeção se mantém em R$ 5,00, mesmo com o governo interferindo com mão pesada no mercado, mas de forma a evitar propagação desta realidade, procurando segurar a espiral inflacionária.

Este é o quadro que vimos do Brasil, nada do que aconteceu até o momento nos é surpreendente e nem o que está por vir. Infelizmente, continuamos com a percepção de que o pior está por vir.

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