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Entenda como o Acordo Nuclear entre EUA e Irã Pode Impactar o Petróleo

Publicado 10.06.2021, 09:12
Atualizado 09.07.2023, 07:31
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Publicado originalmente em inglês em 10/06/2021

A demanda aquecida e o início da temporada de viagens automotivas de verão nos EUA estão tendo um papel importante na valorização do petróleo O barril de WTI atingiu a marca US$70 na quarta-feira, com o Brent subindo para US$72.

WTI semanal

Outro fator que está influenciando a alta dos preços é o petróleo do Irã – ou melhor, a ausência dele – no mercado.

Quando o presidente americano Joseph Biden tomou posse, a expectativa era que seu governo retomasse rapidamente o acordo nuclear com o país persa, encerrando as sanções que proíbem a maioria dos países de adquirir o petróleo iraniano. Já estamos na metade de 2021, e as negociações entre os EUA e o Irã estão avançando lentamente, sem qualquer fim discernível em vista.

Dessa forma, os investidores precisarão responder às seguintes indagações ao se posicionar no mercado:

  1. Quando as tratativas nucleares entre EUA e Irã serão concluídas?
  2. As sanções serão removidas? Se sim, quando?
  3. Quem deve comprar o petróleo iraniano?
  4. Que quantidade de petróleo o Irã consegue produzir e exportar?
  5. Como a próxima eleição presidencial do Irã impactará a política petrolífera do país?

Situação das exportações e estoques petrolíferos do Irã

O impasse nas negociações nucleares entre EUA e Irã está causando problemas logísticos para a indústria petrolífera do país persa. O Irã tem aumentado o volume de suas exportações clandestinas de petróleo. De acordo com o portal TankerTrackers.com, o país exportou 1,63 milhão de barris por dia (mbpd) em março de 2021, um aumento de 600.000 bpd em relação a cinco meses antes.

Assim que as negociações entre os dois países começaram, o Irã cortou suas remessas ao exterior, provavelmente na esperança de que colocaria esse petróleo no mercado legalmente. A expectativa iraniana era que as tratativas se encerrassem em maio. Com isso, a República Islâmica só exportou 900.000 bpd em maio.

Mas, como ainda não se chegou a qualquer acordo, agora o Irã tem petróleo e condensados demais em estoque sem destinação.

De acordo com o TankerTrackers.com, Irã armazena neste momento mais petróleo em terra e está cortando a produção em alto-mar. Além disso, praticamente toda a sua frota nacional de navios-tanque armazena atualmente 70 milhões de barris de gás condensado perto do porto de Asaluyeh. Normalmente, esses navios estariam transportando petróleo para a China.

Como as tratativas ainda se arrastam, a questão para o Irã é se deveria continuar exportando mais petróleo furtivamente por menos dinheiro. Uma alternativa para o país seria tentar encontrar mais navios e continuar aumentando seu estoque flutuante. Uma eventual tendência de alta nas exportações petrolíferas iranianas em junho pode sinalizar que o país não está otimista com a resolução das questões com os Estados Unidos no futuro próximo.

Importância do timing

De acordo com uma declaração de Farokh Alikhani, subdiretor de produção da petrolífera estatal iraniana, o país pode aumentar sua produção para 3,3 mbpd em um mês e depois para 4 mbpd em dois meses. Alguns analistas se mostraram céticos quanto à capacidade do Irã de implementar esse plano bastante ambicioso. Possíveis compradores não pretendem realizar aquisições imediatas. Outros analistas acreditam que o Irã pode retornar rapidamente ao mercado, aumentando a produção até o volume pretendido em 1-2 meses.

Quem são os possíveis clientes do Irã?

O principal cliente do petróleo sob sanção do Irã tem sido a China. Se o Irã se dispusesse a vender mais petróleo agora a preços abaixo do mercado, provavelmente a China o compraria. O Japão indicou que pode demorar até três meses após o levantamento das sanções para voltar a comprar petróleo do Irá.

Em maio, duas refinarias indianas confirmaram que estavam avaliando como poderiam reintroduzir o petróleo iraniano em seu mix de aquisições. Ambas se mostraram dispostas a comprar o produto persa em condições legais, mas informaram qualquer prazo para isso. A Índia já foi um grande cliente do petróleo iraniano antes das sanções e tem tido relações tensas com alguns fornecedores, como a Arábia Saudita.

A Coreia do Sul também já foi uma grande compradora dos condensados de gás do Irã antes das sanções. A prioridade da República Islâmica será reduzir seu excesso de estoques de condensados o mais rápido possível, abastecendo clientes como a Coreia do Sul.

Eleições presidenciais no Irã e suas implicações

As próximas eleições presidenciais do Irã não devem mudar o rumo das negociações com os EUA, pois a política está submetida à Jurisprudência Suprema, que não é um cargo eleito.

Investimento no longo prazo

O ministro do petróleo iraniano, Bijan Zangeneh, indicou que pretende se aposentar após as eleições presidenciais. Depois de assinar o acordo nuclear e encerrar as sanções internacionais em 2015, Zangeneh defendeu a abertura dos ativos petrolíferos do país a empresas estrangeiras com um novo tipo de contrato, que remunerasse mais as companhias internacionais por seus investimentos durante um período mais longo.

Ele brigou com o governo ao defender que os acordos atrairiam empresas de fora para o país, fornecendo à indústria nacional os investimentos e conhecimentos necessários, porém não obteve sucesso.

Independente do resultado das eleições, é pouco provável que sua substituição mude as atitudes protecionistas do governo. A implicação disso é que menos empresas irão investir nos ativos de óleo e gás do país. Talvez apenas empresas estatais da China e Rússia possam estar interessadas em assumir esse risco.

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