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Entre o Mercado e o Supermercado, um Abismo Social

Publicado 17.03.2021, 17:08
Atualizado 09.07.2023, 07:32

Quem acompanha o noticiário financeiro parece não se incomodar tanto com a atenção dispensada a cada oscilação no humor dos mercados, algo que forma a espinha dorsal de uma área da imprensa que deveria, em nome, se preocupar com o jornalismo econômico. Isto é, com a economia e não com o mercado financeiro – uma confusão profunda, mas muito proposital. Nessa toada, pouco se fala sobre o supermercado, que para a quase totalidade da nossa população, é o mercado que interessa.   

Há momentos em que a revolta sobrepõe o senso de civilidade. Como quando Paulo Guedes, último elo entre Bolsonaro e a elite financeira, fala que por todos os lados vemos sinais da economia brasileira decolando; ou quando diz que as pessoas lhe agradecem no supermercado pelo serviço prestado a nação. Não porque acho que esteja mentindo, mas porque trata todo mundo como estando no mesmo barco, que o Brasil tem melhorado para todas as pessoas porque não há como as coisas melhorarem para quem é rico sem que os/as pobres se beneficiem.  

Dói ter que dizer, em pleno ano de 2021, que tal afirmação só não é totalmente estúpida porque tem traz em si uma dose enorme de crueldade. Enquanto o barco afunda, nossa elite faz o que sempre fez: joga crianças ao mar para abrir espaço para champanhe no bote salva-vidas – afinal, de que adianta se salvar sem ter alguns luxos para manter o ânimo? Infelizmente, quem se afogou deveria ter buscado com mais afinco recursos materiais, ou ter dado a sorte de nascer num berço de ouro. É a vida, né.

Engraçado como, usando um discurso que universaliza a sociedade e a conecta como pares equidistantes dentro do mercado, o Liberalismo consegue contradizer a si mesmo sem causar sequer um pouquinho minúsculo de incômodo em seus defensores/as. O interesse individual é que, em tese, moveria a sociedade para um ganho coletivo, mas precisamos sistematicamente impedir trabalhadores/as de defenderem seus interesses e o corte de benefícios, assim como de direitos, é vendido como bom para todas as partes.       

Outra psicose liberal que não cessa de me surpreender: os recursos são escassos e a sua livre circulação/comercialização permite que eles recebam os usos mais eficientes. Exceto, claro, se incluirmos pobres nessa equação, afinal a concentração de recursos na mão de monopólios ou oligopólios é a prova de sua superioridade. Se não fosse o caso, esses recursos voltariam para a sociedade, porque sabemos que a ganância humana nunca funcionou no sentido de impedir que isso ocorra. Falar em taxar heranças então? Absurdo, porque se meu tataravô construiu uma fortuna, eu mereço ficar com ela – o que não quer dizer que os crimes dele possam ter impacto na herança, o certo é que eu fique só com as partes boas.

É importante deixar claro que o discurso liberal faz muitas coisas, mas se ele sempre favorece quem detém o poder econômico e contribui para o aumento perpétuo dessa concentração, não é por acaso. O liberalismo serve para defender quem é rico/a, mas faz um esforço enorme para convencer o resto de nós que, se pensarmos muito bem e aceitarmos várias falácias, assim como distorções, na verdade isso é uma coisa boa para o povo em geral.

Acho que é por isso que precisam estudar tanto? Como faziam astrônomos que precisavam criar modelos absolutamente complexos (e confusos) para explicar o movimento dos planetas sem admitir que a Terra é que girava ao redor do sol. Assim, partindo do entendimento de que é preciso defender o interesse de quem concentra riqueza, criam-se toda forma de esquema teórico para provar que a realidade objetiva está errada. Inclusive quando ela parte do próprio liberalismo, mas se confronta com esses interesses – caso que vimos acima.

Com a disputa eleitoral chegando mais cedo nesse ano, acho que é importante lembrarmos que existem políticas de mercado e de supermercado. Existe o interesse de quem trabalha e o de quem emprega, interesses que sempre estarão em conflito. Pense bem em qual desses lados você está, e não onde gostaria de estar. É bem provável que a inflação no preço da carne tenha muito mais impacto na sua vida do que uma eventual estagnação da bolsa e do mercado financeiro nacional. Então, sugiro se posicionar de acordo. 

Últimos comentários

Muito bom artigo !! A fone voltou devido aod precos no supermercado !
Direto ao ponto. É isso aí. Parabéns pelo artigo.
Bem populista, demagógico etc. Você me parece geração Nutela. Não gosta de rico, mas comenta sobre o mercado financeiro que agora está com vários CPFs saindo da renda fixa para a variável. Alguns fazem compra no supermercado com os dividendos e lucros realizados na Bolsa, por exemplo. Você é muito engraçado pensando como pobre nas suas rodadas de uísque com os revolucionários de fim de semana??Hilário!!!
a concentração de renda, fato comprovadamente em regimes liberais, está diretamente ligada a estagnação econômica.... óbvio, não? afinal no jogo econômico as moedas dos participantes vai todas para o crupiê acabando com o jogo!!
Excelente, como todos os seus artigos por aqui. Espero que continue firme com as publicações, pra revolta dos sofismáticos e engenheiros de obras prontas.
todos deveriam: ler, refletir e aplaudir.
só vou acreditar nessa baboseira de socialismo quando a maioria dos seus defensores doarem seus luxos àqueles qua dizem defender dos opressores. só vejo os autoproclamados defensores dos mais pobres criticando os capitalistas sentados em suas cadeiras giratórias com seus ultrabooks, do alto dos seus condomínios, com portaria 24h.
melhor texto q já li no site, depois de ver ação de banco subir forte pq fechou centenas de agências e milhares de empregos, tenho certeza q a maioria que está na bolsa colocaria até a mãe à venda só para aumentar o lucro. É muita mesquinharia e ganância.
Marxismo na veia... blá, blá, blá, blá... O cara pega um país quebrado, encara uma Pandemia onde todo o mundo fica perdido por um tempo e quer a economia redondinha???
André parabéns , mas veja com o ser liberal é bom,o filho do Bozo já conseguiu comprar uma mansão.
Elite, neoliberal, etc. Seu discurso beira à militância jurássica. É óbvio que ninguém está contente com a situação do país, mas por a culpa do desastre econômico no mercado, e não na pandemia, é pura ingenuidade ou fanatismo. Ainda, antes de mandar os outros estudarem, o Sr. deveria estudar Economia Básica, para saber que não há como se alcançar a prosperidade sem o livre mercado, que é anos luz mais eficiente e menos corrupto que o Estado. Enfim, se estamos todos atacando, merecidamente, os excessos da extrema direita, isto não significa que queremos de volta a inútil da extrema esquerda.
"É bem provável que a inflação no preço da carne tenha muito mais impacto na sua vida do que uma eventual estagnação da bolsa e do mercado financeiro nacional". Perfeito!
Eu concordo com tudo ou quase tudo que foi dito, mas a minha análise é simples, olhando para o Brasil como um ativo, nos seus melhores dias está lateralização, em consolidação, mas normalmente está mesmo é se desvalorizando.
Bem escrito, poderia escrever um livro. Mas nada técnico.. Mais um a críticar o sistema sem propor alternativas...
Fica em casa petista da bolsa.
Realidade nua e crua e enrustida na política! Parabéns!
Muito bom artigo!
Sem muito o que comentar. Enquanto o barco afunda, as Bozoletes dançam ao som da valsa do Rei da Rachadinha.
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