- Todos os olhos voltados à reunião de política monetária nos EUA; expectativa de alta de 75 pb com discurso rígido;
- Agressão da Rússia manterá o euro sob pressão;
- Aceitação abaixo da paridade é outro sinal de fraqueza para o EUR/USD.
Não há um fim à vista para a tendência de baixa do euro, que continua rumo ao rompimento de uma nova mínima do ano contra o dólar, com os investidores à espera de uma elevação de juros pelo Federal Reserve hoje e continuidade da crise energética no continente.
Todas as principais moedas se enfraqueceram frente ao dólar durante a maior parte deste ano, e com o euro não foi diferente. O Fed vem apertando a política monetária de forma agressiva para colocar a inflação sob controle nos EUA, o que fez com que as taxas dos títulos americanos e o dólar registrassem firme alta, principalmente em comparação com países cujos bancos centrais estão comparativamente mais flexíveis.
O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) concluirá sua reunião hoje, e a maioria dos analistas acreditam que a decisão será de um aumento de 75 pb nos juros. Como alguns economistas chegam a prever uma alta de 100 pb, podemos ver uma alta inicial no EUR/USD caso se concretize a projeção de 0,75%.
Mas, após qualquer alta potencial, o EUR/USD deve retomar a queda — rapidamente. Uma razão é que o Fed deve manter o tom rígido tanto do comunicado quanto das projeções e/ou coletiva de imprensa. A inflação não está nem perto de um patamar suficientemente baixo para o Fed flexibilizar sua posição agressiva. A outra é que o euro está enfrentando obstáculos persistentes.
A moeda única já vem registrando uma trajetória complicada, incapaz de se beneficiar da rigidez cada vez maior do Banco Central Europeu neste ano — bem, não contra o dólar, de qualquer forma. Isso porque os investidores estão muito mais preocupados com um enfraquecimento da economia da zona do euro do que com um pequeno aumento das taxas de juros. A disparada da inflação, combinada com um crescimento anêmico — em outras palavras, estagflação — faz com que o BCE fique de mãos atadas mais do que o Fed, que busca realizar um “pouso suave” na economia dos EUA, cujo desempenho está mais forte.
A economia da zona do euro está sendo prejudicada pela crise energética, devido, em parte, à guerra da Rússia contra a Ucrânia. O presidente russo, Vladimir Putin, disse hoje que enviaria reservistas para a Ucrânia, como parte de uma “mobilização parcial” das suas forças para garantir a integridade territorial da Rússia. Trata-se de uma escalada da agressão russa, que não é nada boa para a Europa, em vista da situação envolvendo o abastecimento de gás. Com a Rússia reforçando sua operação militar na Ucrânia, tudo leva a crer que a guerra continuará se arrastando, infelizmente, o que fará com que a Europa, dependente da energia de Moscou, enfrente um longo e gélido inverno.
Para o EUR/USD, isso significa que haverá a continuidade da tendência de queda até que algo mude do ponto de vista dos fundamentos.
Tecnicamente, não há nada que desperte o entusiasmo dos investidores que desejam se aproveitar da queda na taxa de câmbio. Os vendedores estão satisfeitos em oferecer o EUR/USD em todos os níveis de resistência, em vista da fraqueza do cenário macro. O caminho de menor resistência, portanto, continua sendo para baixo, até que vejamos um forte sinal técnico de fundo na taxa de câmbio. Com o rompimento do suporte anterior de 0,9955 a 1,0000, essa região é agora a resistência mais relevante no curto prazo, a qual os vendedores devem defender. Do contrário, um repique provocado por cobertura de posições vendidas deve ser o resultado mais provável.
Se a tendência de baixa continuar, como suspeitamos, uma nova mínima do ano abaixo da deste mês, a 0,9863, é o alvo mínimo. A partir daí, os níveis de extensão de Fibonacci são 0,9772 (127,2%) e 0,9656 (161,8%), os quais devem ser acompanhados em caso de queda.
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