- O mercado espera que o Fed mantenha os juros inalterados, após encerrar o ciclo de aperto monetário iniciado em 2022.
- Anúncio de mais tarde e coletiva de imprensa devem trazer volatilidade para os mercados.
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O Federal Reserve (Fed) divulgará sua decisão de política monetária na quarta-feira, 31, após a primeira reunião do ano. O mercado espera que o banco central dos EUA mantenha as taxas de juros inalteradas, após encerrar o ciclo de aperto monetário iniciado em 2022.
No entanto, as declarações do presidente da instituição, Jerome Powell, podem mexer com o humor dos investidores, dependendo do tom e das projeções sobre os próximos passos da política monetária.
Por isso, a atenção estará voltada para o anúncio das taxas às 16h (horário de Brasília) e para a coletiva de imprensa de Powell, meia hora depois.
O que esperar: pausa prolongada
A expectativa é que o Fed mantenha a faixa-alvo da taxa básica de juros (Fed Funds) entre 5,25% e 5,50%, onde está desde julho de 2023. Os dirigentes do banco central devem continuar monitorando os indicadores de uma economia forte e de uma inflação moderada. Isso deixaria a porta aberta para possíveis cortes de taxa no futuro.
Depois de elevar os juros em 525 pontos-base desde março de 2022, muitos analistas acreditam que o Fed já concluiu o ajuste monetário e que a próxima mudança será de baixa.
No entanto, ainda há incerteza sobre quando o primeiro corte de taxa do Fed ocorrerá.
Há algumas semanas, os mercados financeiros apostavam que o Fed reduziria os juros em março. Mas recentemente, essas apostas foram postergadas para maio, após a divulgação de dados econômicos favoráveis nos EUA.
Na manhã de quarta-feira, os mercados financeiros atribuíam cerca de 55% de probabilidade de o Fed manter as taxas inalteradas em março, contra 45% de chance de um corte de 0,25% na taxa.
Para maio, os investidores estimavam cerca de 85% de probabilidade de as taxas estarem mais baixas ao final da reunião, segundo o Monitor de Juros do Fed, do Investing.com, abaixo dos cerca de 100% de algumas semanas atrás.
Fonte: Investing.com
Na última reunião do Fed em dezembro de 2023, Powell admitiu que novas altas de taxa são improváveis e que o cenário para cortes de taxa está se aproximando.
Além disso, as novas previsões do Fed mostraram três cortes de taxa de 0,25% em 2024, assumindo uma desaceleração significativa do crescimento econômico e uma queda adicional da inflação.
Mas desde a última reunião do Fed, os dados econômicos dos EUA e os comentários de vários dirigentes do Fed não corroboraram essa visão.
De fato, a inflação ao consumidor (CPI) acelerou para 3,4% em dezembro, na comparação anual, ante 3,1% em novembro. Excluindo os itens mais voláteis de alimentos e energia, a inflação subjacente ficou em 3,9%, acima da projeção de 3,8% dos economistas.
Além disso, a economia se manteve mais forte do que o esperado, apesar das taxas mais altas, com o PIB crescendo 3,3% no quarto trimestre, superando as estimativas de 2,0%.
Apesar dos temores de uma possível recessão nos EUA, a economia mostrou-se bastante resistente, sustentada por um mercado de trabalho sólido e um consumo robusto dos consumidores.
Powell deve indicar que o Fed não tem pressa para cortar as taxas
Apesar da certeza quase absoluta de que o Fed manterá as taxas estáveis, há um risco considerável de que Powell adote um tom mais "hawkish" (rígido) do que o esperado em sua entrevista coletiva após a reunião, diante do ritmo forte da economiaAlém disso, embora a inflação esteja arrefecendo, ela não está caindo rápido o suficiente para que o Fed considere a missão cumprida e adote uma postura de política monetária mais "dovish" (flexível).
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Assim, é provável que Powell contrarie as expectativas do mercado por um corte de taxa imediato e reafirme que os formuladores de política dependerão dos dados econômicos futuros para definir seu próximo passo.
Ademais, espere que Powell enfatize que ele só vê cortes ocorrendo quando o Fed estiver seguro de que a inflação está voltando de forma sustentável à sua meta de 2%.
Eu acredito que o Fed ficará em compasso de espera pelo menos no primeiro semestre de 2024, e um corte de taxa só virá em setembro, já que a economia se mantém melhor do que o esperado, o mercado de trabalho segue forte, e a inflação leva mais tempo para retornar à meta de 2% do Fed do que muitos previam.
Nesse caso, o banco central dos EUA pode manter as taxas de política mais elevadas por mais tempo do que os mercados atualmente antecipam.
Quaisquer sinais ou mudanças no tom do Fed durante a reunião podem provocar movimentos expressivos do mercado e do sentimento dos investidores. Levando isso em conta, recomenda-se que os participantes do mercado permaneçam atentos, cautelosos e diversifiquem seus portfólios para se protegerem de possíveis oscilações do mercado.
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Aviso: este artigo tem fins meramente informativos e não representa qualquer oferta ou recomendação de investimento.