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Fuga de Capitais Estrangeiros: o Que Eles Estão Vendo que Nós Não Estamos?

Publicado 22.01.2020, 19:00
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A expectativa de retomada do crescimento econômico para 2020 é praticamente uma unanimidade entre os analistas de mercado. Porém, alguns números vêm tornando o entendimento um tanto quanto confuso quando analisamos os dados. É o caso da saída de capital estrangeiro da bolsa de valores em contraposição à alta do Ibovespa.

Com o novo cenário econômico brasileiro de baixa taxa de juros e inflação dentro da meta, muitos investidores está migrando para o mercado de renda variável em busca de melhor rentabilidade, e o resultado deste movimento é significativo. Em 2018, eram 813 mil investidores ativos na B3, número que passou para 1,536 milhão em 2019, uma alta de 95% no último ano.

Em contrapartida, a bolsa registrou a saída de US$ 44,5 bilhões de capital estrangeiro, a maior retirada de recursos do exterior registrada nos últimos 15 anos, em uma aparente contradição que levanta uma dúvida: será que os gringos estão vendo alguma coisa que nós não estamos?

A resposta é que, na verdade, nós é que estamos vendo algo que os gringos não estão. Isso porque a explicação para esse movimento dos investidores estrangeiros passa pelas incertezas internacionais que acompanharam o mercado durante todo o ano passado.

Com a abertura do processo de impeachment de Donald Trump, as idas e vindas do Brexit e, sobretudo, a guerra comercial entre China e EUA, o clima de incerteza global contribuiu para a fuga de capital, resultando em uma forte desvalorização do real perante o dólar, por exemplo.

Mas enquanto os estrangeiros fugiam do risco oferecido pela bolsa de um mercado ainda emergente, era justamente isso que os investidores locais procuravam. Focados no noticiário doméstico, o otimismo com a retomada da economia prevaleceu entre os brasileiros, que se tornaram os responsáveis por elevar o Ibovespa a novas máximas históricas.

Com algum atraso, tal movimento passou a ser chancelado por instituições internacionais. Depois que a agência de classificação de risco Standard & Poor's (S&P) elevou a perspectiva para o rating do Brasil em dezembro, nesta semana, foi a vez do Fundo Monetário Internacional (FMI) elevar a projeção de crescimento do PIB do Brasil em 2020 para 2,2%, logo abaixo da média mundial de 3,3%, e acima, até mesmo, da projeção de 2,0% para o crescimento dos EUA.

Mas aqui vai o alerta!

Se você faz parte do grupo de investidores que está apostando na bolsa de valores, é importante estar atento às correções que ela pode apresentar durante o ano. E um bom exemplo disso é a própria queda do IFIX, índice que mede a performance dos Fundos Imobiliários (FIIs).

Depois de uma forte demanda dos FIIs em 2019, o IFIX acumula queda de 2,35% até aqui no ano. Ainda não há espaço para falar de bolha, mas assim como a perspectiva de aquecimento do setor imobiliário atrai novos investidores para esses fundos, existem aqueles que consideram o momento oportuno para realizar os ganhos, o que nos leva a quedas “inesperadas” que deixam marinheiros de primeira viagem perdidos no meio do fogo cruzado.

Esse é um dos exemplos pelos quais nós da Capital Research acreditamos que firmar posições orientadas por fundamentos e valor no longo prazo é a estratégia mais indicada para aguentar esse e outros solavancos do mercado de renda variável.

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