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Fundamentos Econômicos

Publicado 14.07.2015, 09:03
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As últimas semanas têm sido intensas para os observadores e analistas da cena econômica brasileira e mundial.

Em todos os momentos surgem fatos novos, tanto na esfera econômica como na política. No exterior as atenções se voltam para a Grécia e a China. A primeira enviando um pacote de reformas aos credores, no aguardo de uma palavra final neste domingo (dia 10). Na China, em crescimento cambaleante, uma onda de pânico se espalhou pelo mercado de ações, depois da decisão do governo de “restringir os financiamentos de margem”. Em resposta, na semana passada foram injetados recursos e estimuladas compras de ações. Seguramente, o que tivemos foi quebra de confiança dos investidores que em “efeito manada” tiraram seus recursos da bolsa de valores. O governo interviu, mas é difícil afirmar se a breve recuperação obtida será sustentável. Possivelmente, novos sustos devem ocorrer, até porque o gigante asiático segue perdendo fôlego. O crescimento do PIB, no passado acima de 10%, neste ano não deve passar de 7%, devendo desacelerar a 6,5% em 2016.

No Brasil, a agenda também segue bem “carregada”. Nesta semana que passou o governo enviou numa MP medidas para tentar amenizar o impacto do desemprego. Foi criado o Programa de Proteção ao Emprego (PPE), pelo qual será possível, no prazo de um ano, reduzir em 30% os salários e a jornada de trabalho em variados setores da indústria. Visando amenizar este corte será dado um abono salarial de metade (15%), a partir de recursos oriundos do FAT (R$ 112,4 milhões). Aos que reclamaram desta MP ser expansionista e artificial, o contra-argumento foi que pior seria se houvesse aumento do desemprego, com custos mais elevados. Dentre os setores agraciados, indústrias produtoras de carne, componentes eletrônicos, metalurgia, química, açúcar e álcool e automobilística. Dúvidas, no entanto, continuam sobre a adesão destes, já que muitos são os problemas a serem enfrentados nos próximos meses.

No mercado de trabalho o cenário continua desolador. A PNAD Contínua do trimestre até maio veio com desemprego de 8,1% da PEA, acima da anterior (7,4%), e maior da série histórica; já a PME registrou taxa de desocupação em maio de 6,7%. Em ambos houve aumento de pessoas procurando emprego, atuando por conta própria e redução do número de pessoas empregadas. Ou seja, as pessoas estão desistindo da carteira assinada e partindo para abrir seu próprio negócio. O Caged, indicador do Ministério do Trabalho, veio negativo em 115,6 mil empregos formais em maio, com a indústria atingindo saldo líquido negativo de 62,0 mil (queda de 60,9 mil na transformação e 1,0 mil na extrativa), pior mês de maio para o mercado de trabalho do setor nos últimos 23 anos.

Nesta dificuldade de se enxergar os próximos meses, dúvidas surgem sobre a viabilidade do ajuste fiscal, diante da recessão em curso, abatendo a arrecadação federal, neste ano recuando mais de 4%. Somam-se a isto as perdas com as negociações das medidas fiscais no Congresso, como no caso da readequação dos benefícios, devendo gerar uma economia em torno de R$ 14 bilhões (e não mais de R$ 18 bilhões), dificuldades na aprovação da elevação da taxação e redução das desonerações sobre folha de pagamento, com alguns setores poupados, na aprovação de novos cortes de despesas e na criação de novas alíquotas de impostos, dada a sufocante “carga fiscal” existente. Na contramão pesaram também algumas medidas expansionistas, como a decisão de estender o reajuste do salário mínimo para os aposentados (que deve ser vetado pela presidente) e o fim do Fator Previdenciário, com efeitos deletérios sobre o regime previdenciário no longo prazo.

Nesta “maré de dificuldades” para se fazer um ajuste razoável, já será positivo se parte da meta, antes almejada em 1,1%, seja alcançada. Comentários são de que a deste ano será reduzida a 0,6% ou até 0,4% como alguns líderes do governo advogam. Para 2016 deve ser reduzida a 1,5%, só mirando 2% a partir de 2017.

Quando não faltava mais nada, ainda temos o “fantasma” do impeachment rondando Brasília. Dois julgamentos, do TCU e do TSE, são detonadores. O primeiro julgando as “pedaladas fiscais” e devendo rejeitar as contas do governo Dilma de 2014, o segundo, do TSE, analisando contribuições de campanha, na quase evidência de que recursos do Petrolão foram “desviados” para a campanha da presidenta. Em qualquer das duas possibilidades, uma batalha política acabará inevitável, paralisando ainda mais as decisões dos agentes econômicos, governo, consumidores, empresas, etc.

Enfim, 2015 já parece praticamente perdido. Olhando para outros fundamentos econômicos, o quadro que se tem é deprimente.

Sobre o ritmo da economia, dados da indústria e do varejo mostram queda livre. Um esboço de reação se deu pela produção industrial, crescendo 0,6% em maio contra abril, mas poucos viram neste número uma tendência. Contra o mesmo mês do ano passado, o recuo chegou a 8,8% e em 12 meses a 5,3%. Decorrente deste mergulho recessivo e com os serviços sentindo o tranco do desemprego, poucos acreditam numa virada da economia ainda neste ano. Com muito otimismo, devemos recuar algo em torno de 1,5%, com o PIB industrial desabando 3,5%, sendo destaque negativo as indústrias de transformação e de construção, e o PIB de serviços próximo à estabilidade ou negativo. Há uma paralisia nas decisões dos agentes, com empresas começando a demitir e as famílias adiando consumo e endividamento diante do receio do desemprego e da inadimplência. Os investimentos, também não contribuem, diante da paralisia das empreiteiras, afetadas pelos escândalos de corrupção (Petrolão), sem esquecer todo o trâmite burocrático para tirar do papel os projetos do Programa de Investimentos em Logística (PIL). Não esqueçamos também do programa de desinvestimentos da Petrobras (SA:PETR4), mais um a afetar a ampliação de capital fixo no País.

Neste contexto de paralisia, a inflação se mantém elevada pelos reajustes dos preços monitorados, acima de 15% neste ano, e pelo efeito do repasse do câmbio, não tão intenso devido à recessão em curso. Para este ano mantemos a projeção do IPCA próximo a 9%, não sendo surpresa se passar disto, parecendo pouco crível chegar ao centro da meta em 2016 como persegue o BACEN. No mais otimista dos prognósticos, isto deve ocorrer em 2017. Com isto, no ano que vem deve ficar em torno de 5,5%.

Nesta resistência inflacionária, a autoridade monetária deve manter alguma vigilância, mas não tão intensa, já que a economia está paralisada. A taxa de juros Selic, atualmente em 13,75%, ainda deve experimentar mais dois ajustes, de 0,5 ponto percentual na próxima reunião, dias 28 e 29, e de 0,25 p.p. em setembro (dias 1 e 2), para depois “estacionar” nos 14,5% até dezembro. Em paralelo, o câmbio deve “deslizar” no curto prazo, dadas as tensões na Grécia e China, mas depois se acomodar, só retornando à depreciação no final do ano caso o Fed inicie o ciclo de elevação da taxa de juros. Sobre isto, nada podemos afirmar neste momento. Na ata do Fed da semana passada, a impressão foi de adiamento diante dos acontecimentos recentes, mas alguns membros destacaram um olhar mais atento sobre a evolução dos indicadores domésticos (data dependent).

Por fim, um fato positivo é a evolução do setor externo, em recuperação, muito mais pela economia em recessão e a depreciação suave da taxa de câmbio, do que pela retomada da economia mundial. A balança comercial, depois de um forte desajuste no início do ano, com o déficit chegando a US$ 6,2 bilhões, veio se recuperando nos últimos meses, e no ano já aparece positiva em US$ 2,9 bilhões. Devemos salientar que esta não ocorreu pelo lado do aumento da produtividade (ou das exportações), mas sim pelo recuo das importações, já que o consumo doméstico se encontra em queda. Neste ano, estimamos o superávit comercial acima de US$ 4 bilhões, amenizando um pouco o déficit em conta corrente, estimado em torno de US$ 84 bilhões neste ano, melhor do que em 2014 (US$ 91 bilhões).

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