Publicado originalmente em inglês em 20/10/2020
Faltando duas semanas para a eleição presidencial nos EUA, alguns investidores podem ter escolhido acertadamente não apostar alto. Outros resolveram, inclusive, simplesmente não apostar. Ambas as posições são compreensíveis, dada a incerteza do resultado, independente do que as pesquisas digam.
Mas, e se você é um investidor do ouro e quer segurar sua posição ou mesmo dobrá-la? Quais são os cenários prováveis aguardando por você?
É possível tirar conclusões positivas e negativas, independente do resultado da eleição.
Mas boa parte dessas deduções lógicas – que compreendem tanto vetores fundamentalistas quanto técnicos – pode ter a ver com uma coisa: o pacote de estímulo contra o coronavírus nos EUA e se o secretário do tesouro americano, Steven Mnuchin, e a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, conseguirão selar qualquer tipo de acordo no fim do dia de hoje.
Se bem que ninguém espera que o auxílio emergencial chegue aos americanos antes da eleição de 3 de novembro, um acordo para dar início ao processo antes da votação pode ser um impulso instantâneo para o ouro.
O ouro com entrega em dezembro nos EUA fechou o pregão de segunda-feira com alta de US$ 5,30, ou 0,3%, a US$ 1.911,70 por onça, momentos antes de sair a notícia de que Pelosi e Mnuchin ainda estavam longe de um acordo. Os dois devem conversar hoje novamente.
Destino do ouro depende de notícias sobre o estímulo, mas poucos acreditam em um acordo
Quem está no mercado do ouro não parece ter muita fé nas tratativas, com o contrato de dezembro derrapando US$ 8,55, ou 0,5%, para US$ 1.903,15, na janela asiática de negociação desta terça-feira.
O ouro spot, que reflete as negociações em tempo real em lingotes, caía US$ 3,63, ou 0,2%, a US$ 1.900,51.
Jeffrey Halley, analista radicado em Sydney da corretora nova-iorquina OANDA, escreveu:
“Os mercados financeiros estão correndo atrás do rabo com os rumores sobre as eleições nos EUA, o estímulo fiscal e a covid-19 em meio a tanto ruído”.
“O ouro continua andando de lado a US$ 1.900 por onça. Está claro que o metal está se movimentando com base nas nuances de outros mercados, e não só com base em seus fundamentos. Entretanto, a consolidação cada vez mais comprimida continua formando um triângulo que sugere um forte rompimento em breve, com potencial de movimentar o mercado em mais de US$ 100 por onça”.
Halley afirmou que, tecnicamente, o topo do triângulo no ouro está a US$ 1920, enquanto a base está a US$ 1.890, logo acima da média móvel de 100 dias a US$ 1.875 por onça.
“Um fechamento diário acima ou abaixo desses níveis finalmente sinalizaria o início de um rompimento. Com toda a probabilidade, o vetor virá de outro lugar; por isso, o melhor a fazer, sem dúvida, é esperar para ver para que lado a árvore penderá”.
Todos os gráficos são cortesia de Sunil Kumar Dixit
O grafista independente especializado em ouro, Sunil Kumar Dixit, considera prováveis fortes movimentações para ambos os lados, embora acredite que o potencial de alta é maior se Pelosi e Mnuchin de fato anunciarem um acordo preliminar.
Em um e-mail ao Investing.com, Dixit afirmou que o ouro spot:
“O cenário técnico tem algumas contradições, que se traduzem em cautela nas negociações à espera do que acontecerá com o estímulo. O Estocástico e o Índice de Força Relativa (IFR) Diários indicam um viés de lado, mas levemente altista, desde que o ouro se segure no patamar de US$ 1.900, sendo possível um rali até 1920-1927-1935 para o ouro spot, enquanto uma fraqueza abaixo de 1898 abre espaço para um reteste de 1873, referente à média móvel de 100 dias.”
De uma perspectiva mais ampla, o metal amarelo estava preso ao nível de 23% de Fibonacci, a US$ 1,927, e de 38%, a 1836, afirmou Dixit, que disse ainda:
“O rompimento da consolidação para qualquer lado pode gerar um movimento de cerca de 90 dólares”.
Anil Panchal afirmou que esperava que o ouro permanecesse em torno de US$ 1.901 antes da sessão europeia desta terça-feira; se assim acontecesse, o metal amarelo respeitaria a correção a partir de uma linha de suporte de curto prazo, sem ultrapassar as resistências imediatas, a saber: a média móvel simples de 200 barras e uma linha de tendência descendente desde 16 de setembro.
Em uma publicação no site FXStreet, Panchal escreveu o seguinte sobre o ouro spot:
“Como o MACD não indica qualquer direção clara, os traders preferirão esperar por um claro rompimento de US$ 1.918, referente à linha de resistência, ou um rompimento da linha de suporte perto de US$ 1.894.”
Entretanto, o limiar de US$ 1.900 e a média móvel simples de 200 barras a US$ 1.913 podem funcionar como filtros durante os próximos movimentos, afirmou.
“Além disso, se o ouro ultrapassar os US$ 1.918, desafiará a máxima mensal de US$ 1.933 antes de testar o pico de meados de setembro em torno de US$ 1,973.”
“Por outro lado, a dominância dos vendedores abaixo de US$ 1,894 se deparará com vários suportes ao redor de US$ 1.890 e US$ 1.880/75 antes de fazer o metal ir em direção à mínima de 28 de setembro, a US$ 1.848,82.”
O Investing.com indica “Forte Venda” no ouro spot nos gráficos de 5, 10 e 15 minutos, bem como nos gráficos de 1 e 5 horas. O único sinal de “Compra” aparece nos gráficos semanal e mensal.
O suporte mais profundo está a US$ 1681,92, ao passo que a resistência mais elevada está a US$ 2.112,45.
Independente de como você decida operar, seja cauteloso e lembre-se: a tendência é sua amiga.
Não brigue com a fita.
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