Após uma semana cheia para os bancos centrais, nada mudou a ponto de alterar minha perspectiva baixista para o mercado acionário. Minha expectativa ainda é de novas mínimas no ano para os principais índices americanos e europeus. O Nasdaq só precisa cair mais 4%-5% para chegar lá.
É preciso admitir que os mercados parecem um pouco “sobrevendidos” após os fortes movimentos desta semana, portanto é possível que haja algum repique. Mas provavelmente veremos os vendedores defendendo seu terreno em meio à perspectiva macro pessimista.
O Nasdaq futuro rompeu, nesta semana, mais uma região de suporte em torno de 11.750. A área em torno desse nível é agora a zona de resistência de curto prazo mais importante que precisa ser defendida. Se o índice se firmar abaixo dela, a trajetória mais provável seria a continuidade da queda até a mínima de junho de 11.036.
O padrão de máximas e mínimas descendentes, bem como a inclinação para baixo das médias móveis de 21 e 200 dias nos dizem objetivamente o que precisamos saber. Não há dúvidas de que a tendência é de baixa neste momento.
Por enquanto, como venho ressaltando, as ações continuam em tendência de baixa. Neste semana, os investidores se apressaram para vender ações, em conjunto com o euro, a libra esterlina e praticamente todas as outras moedas, com exceção do dólar, enquanto as taxas dos títulos públicos empreendiam alta em decorrência da ação dos bancos centrais.
Entre eles, o Federal Reserve dos EUA anunciou uma elevação de 75 pontos-base e sinalizou que continuaria subindo os juros agressivamente até que a inflação ficasse sob controle. Em resposta, os títulos fizeram um rompimento para baixos, fazendo com que as taxas de todos os vencimentos subissem. O rendimento da nota de dez anos dos EUA superou 3,7%, fazendo com que os ativos com baixo ou nenhum rendimento, como ações de tecnologia e ouro, ficassem ainda mais desinteressante aos investidores.
Além do aumento das preocupações com a alta dos juros e da inflação, a crise de energia continua pesando bastante sobre a economia europeia, diante do prolongamento do conflito na Ucrânia, após Putin anunciar que reservistas seriam enviados para o país vizinho como parte da “mobilização parcial” das suas forças. Os números brandos do PMI europeu hoje ressaltam essas preocupações. Além disso, há receios cada vez maiores com a saúde da economia chinesa, que vem sofrendo restrições com a política de Covid zero do governo e a fraqueza da economia mundial, em meio à disparada dos preços.
Em vista dessas preocupações macro e da perspectiva técnica, acredito que não haveria problemas em comprar correções até que os gráficos apontem para o sentido contrário. Para traders que estão vendidos nos índices, o ano foi muito bom. Essa tendência deve continuar até que algo mude do ponto de vista dos fundamentos.
Aviso: O autor atualmente não possui nenhum dos ativos mencionados neste artigo.