Estamos nos aproximando do final de mais um ano e, como de costume, é hora de fazer a retrospectiva e colocar na balança os resultados dos investimentos de 2019. Mas é também o momento de buscar novas oportunidades e tendências do mercado financeiro para o próximo ano. E é sobre isso que falaremos na coluna de hoje.
Nos principais meios de comunicação, o que mais se ouve e se vê são cenários de incertezas gerados pela guerra comercial entre EUA e China, as duas maiores economias mundiais, e a escalada de conflitos geopolíticos. Mas é justamente nesse cenário que um sentimento de urgência para ações climáticas ganha maior espaço e fomenta os “investimentos socialmente responsáveis”, ou seja, ativos relacionados às empresas que apresentam sustentabilidade corporativa, equilíbrio ambiental, justiça social e elevada governança corporativa. É o chamado Green Money, dinheiro verde numa tradução literal.
Representando essas companhias, temos na B3 o índice de sustentabilidade empresarial, ou ISE, formado atualmente por 32 empresas que cumprem as características que citamos anteriormente. Assim como acontece com o Ibovespa, o principal índice da bolsa brasileira, o ISE serve apenas de referência, precisando de um ETF - Exchange Traded Funds para ser negociada por meio da bolsa de valores. Mas, infelizmente, ao menos para quem compra a ideia de investir em empresas “do bem”, o ETF do ISE (SA:ISUS11) não possui liquidez para considerá-lo uma opção válida de investimento. O que acaba sendo possível é consultar as empresas que fazem parte de sua composição.
Mas então, qual é a vantagem de se conhecer os ativos e as companhias socialmente sustentáveis? A resposta é que elas fazem parte de uma tendência sem volta.
Um bom exemplo para entender as mudanças comportamentais que estão ocorrendo no mundo dos investimentos é o fundo soberano da Noruega, atualmente o maior do mundo. No fim de 2018, ele decidiu desembarcar das empresas do setor petroquímico e passou a buscar negócios sustentáveis. Apesar das justificativas da época recaírem sobre fatores econômicos para a tomada de decisão, a medida foi vista como um alerta para os investimentos em petróleo e gás natural, duas fontes naturais finitas e poluentes.
Dando ainda mais força a essa tendência, a Arábia Saudita vem buscando diversificar suas fontes de receita através da criação do maior fundo soberano do mundo, oriundo do IPO da Refinaria de Petróleo Saudi Aramco. A estimativa é que a empresa levante pouco mais de US$ 25 bilhões com a operação. Esse dinheiro faz parte dos planos do príncipe herdeiro Mohammad bin Salman para reduzir a dependência das receitas vindas do petróleo.
E se você pensou que o movimento Green Money é uma realidade distante para os investidores brasileiros, saiba que o banco de desenvolvimento BNDES oferece desde 2012 o ETF (SA:ECOO11) que acompanha o desempenho do Índice Carbono Eficiente - ICO2 e, agora, completando o seu primeiro mês de vida, há também o fundo de investimentos Warren Green, da corretora gaúcha Warren, que oferece aos clientes da plataforma a opção de investir em empresas que se preocupam com questões ambientais (environmental), sociais (social) e de governança (governance), os chamados ESGs, como Natura (SA:NATU3), Klabin (SA:KLBN11) e Lojas Americanas (SA:LAME4), do Brasil, e Tesla (NASDAQ:TSLA), Beyond Meat (NASDAQ:BYND) e Etsy (NASDAQ:ETSY), lá de fora.
Por fim, basta ver as crescentes manifestações contra as empresas que, de alguma maneira, poluem o meio ambiente e veremos que não faltam motivos para que esse ramo dos investimentos ganhe cada vez mais força. Dessa forma, o futuro dos investimentos tem tudo para ser florido, mas as sementes estão sendo plantadas agora! E você, investidor, se anima com a tendência do Green Money?
Por Ernani Reis, analista da Capital Research