O mercado doméstico chega a esta quarta-feira (12) com a certeza de que o Comitê de Política Monetária (Copom) não irá mais cortar a taxa de juros. Nem na semana que vem, nem neste ano. O resultado do IPCA de maio, divulgado ontem (11), consolidou as apostas de Selic estável em 10,50%, pressionando o dólar para cima e o Ibovespa para baixo.
Mas tudo vai depender do Federal Reserve hoje. Há exatamente um ano o Fed está totalmente imóvel na condução da política monetária. De março de 2022 a maio de 2023, o Banco Central norte-americano elevou a taxa de juros dos Estados Unidos em 5 pontos porcentuais, para o nível mais alto desde 2001.
De lá para cá, teve início, então, o chamado “higher for longer”. E a dúvida do mercado agora é: for how long?
Os investidores esperavam que o início do ciclo de cortes tivesse início em março e somasse até sete quedas até dezembro. Ao final do primeiro trimestre, porém, o Fed frustrou essas expectativas e disse que seriam, no máximo, três reduções. Mas o meio do ano já se aproxima e nenhuma ação até aqui.
Fed dá uma ou duas?
Com apenas mais cinco reuniões até o fim de 2024, incluindo a deste mês, o mercado quer saber quantos cortes, de fato, podem ocorrer. O encontro de junho, que termina hoje, está fora de cogitação, restando apenas outros quatro. A expectativa é de que ao menos uma queda ocorra entre julho e dezembro, mas até que poderiam ocorrer duas.
Daí porque a atenção do mercado financeiro hoje está concentrada no dot plot. O chamado “gráfico de pontos” deve atualizar a previsão de todos os membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Fed - portanto, com e sem direito a voto - para as principais variáveis macroeconômicas.
Os eventos envolvendo o Fed começam às 15h. Na sequência, às 15h30, as palavras do presidente Jerome Powell podem indicar o momento exato em que o primeiro corte deve ocorrer. Se for até setembro, ainda há espaço para realizar um segundo corte, até dezembro.
CPI dos EUA antes do Fed
Os números da inflação ao consumidor norte-americano (CPI) em maio, divulgados nesta manhã, reforçam as chances de queda ao final do próximo trimestre. A taxa anual desacelerou a 3,3%, ficando abaixo da leitura de abril e da previsão de alta de 3,4%. Na leitura mensal, os preços no varejo ficaram estáveis.
Excluindo itens voláteis, o núcleo do CPI atingiu o nível mais baixo desde abril de 2021 em base anual e também desacelerou na leitura mensal. A se confirmar esse processo de desinflação nos EUA, a possibilidade de um segundo ajuste por parte do Fed ao final do último trimestre deste ano também ganha força, aguçando o apetite por ativos de risco.
Assim, por mais que o Copom decida interromper o ciclo de cortes no juro básico iniciado em agosto, novas quedas à frente não estão totalmente descartadas. Até porque, para manter a Selic estável, aquela maioria pela queda menor em maio precisa mudar novamente o voto. Afinal, os outros quatro já sinalizaram que baixar a taxa um pouco mais não irá remover seu caráter restritivo, nem à atividade nem à inflação.