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In Dollar We Trust

Publicado 15.06.2018, 08:26
Atualizado 10.01.2024, 08:22

O dólar voltou às manchetes ontem, após subir mais de 2,5% e superar a faixa de R$ 3,80, e a moeda norte-americana deve seguir em destaque hoje, em meio à escalada da tensão comercial entre Estados Unidos e China. Os investidores abrem o pregão local reagindo à decisão do Banco Central de dar continuidade aos leilões extras de swap cambial, oferecendo “em torno de” US$ 10 bilhões na próxima semana, envoltos a um ambiente externo hostil.

Ontem, a intervenção histórica de 100 mil contratos que equivalem à venda de US$ 5 bilhões no mercado futuro foi insuficiente para impedir o salto do dólar. A taxa de câmbio doméstica sofreu influência do cenário externo, em meio à mudança de postura dos BCs dos Estados Unidos (Fed) e da zona do euro (BCE), e também sente certo desconforto com a cena local.

Tais fatores têm impedido uma mudança na trajetória de desvalorização do real. Por isso, a estratégia do BC tem recebido críticas do mercado financeiro. A atuação é vista com certo exagero, impedindo uma oscilação natural na formação de preço da moeda estrangeira e provocando distorções em outros frentes nas quais a autoridade monetária não tem controle.

Afinal, se os negócios com dólar estão sendo “domados” pelo BC, o investidor opta por vender bolsa e tomar taxas, pressionando os mercados de renda fixa e variável de modo simétrico. Com isso, a Bolsa brasileira sofre forte pressão vendedora, enquanto a curva de juros futuros inclina, embutindo mais prêmios de risco nos vencimentos mais longos.

O movimento reflete o temor do mercado doméstico com a situação das contas públicas e as incertezas eleitorais combinado com o cenário externo mais desafiador e o impacto do dólar na inflação. Nesse ambiente, o investidor não vê muita saída para o BC e já dá como certa a possibilidade de uma alta iminente na taxa básica de juros brasileira (Selic).

Do contrário, o câmbio pode sofrer uma nova “pernada” de desvalorização, em busca dos R$ 4,00. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) acontece na semana que vem e o mercado já vê um ciclo agressivo de alta começando neste mês, a dose de 0,50 ponto porcentual (pp).

Aliás, na esteira do anúncio do BC sobre swaps, o Tesouro Nacional também vai fazer leilões diários de compra e venda de títulos pré (LTN e NTN-F) e pós-fixados (NTN-B) entre os dias 18 e 22 de junho. Ou seja, após o estresse nos mercados de câmbio e de dívida nesta quinta-feira, BC e Tesouro resolveram agir novamente de forma coordenada, anunciando medidas a fim de reduzir a pressão sobre o comportamento do dólar e dos juros futuros.

Além disso, o Conselho Monetário Nacional (CMN) também mudou a regra sobre previdência complementar pela segunda vez neste ano, a fim de contribuir para a estabilidade da curva a termo nacional. Com a medida, as entidades pode reduzir R$ 70 bilhões do estoque de títulos públicos mais longos.

Ao que tudo indica, após 10 anos de liquidez abundante, o mercado financeiro se prepara para uma nova era, a da escassez global de recursos. O processo de normalização monetária nas economias desenvolvidas, notadamente nos EUA e na Europa, está gerando forte pressão nos países emergentes, com destaque para Brasil, Argentina, Turquia e México.

Ainda não se sabe o que será capaz de estabilizar ou mesmo reverter esse movimento nos ativos mais arriscados. Considerando-se a proximidade das eleições presidenciais na Turquia, no México e no Brasil - em junho, julho e outubro, nesta ordem - e o cenário indefinido da disputa nas duas maiores economias latinas, a pressão tende a continuar no curto prazo.

No país vizinho, a decisão de Maurício Macri de nomear o economista e banqueiro Luis Caputo como novo presidente do BC local pode surtir algum efeito. Até agora, a Argentina já elevou a taxa de juros para 40%, promoveu forte intervenção cambial, anunciou mais austeridade fiscal e fechou um pacote de ajuda com o FMI, mas nada disso foi suficiente.

Às especificidades de cada país emergentes soma-se o embate comercial entre as duas maiores economias do mundo, que deprime os mercados internacionais nesta manhã. A Casa Branca praticamente concluiu o plano de impor mais US$ 50 bilhões em tarifas na importação de produtos chineses, ampliando a ofensiva contra Pequim, que promete retaliar com um montante correspondente de bens dos EUA.

Ainda não está claro quando a medida pode entrar em vigor. Washington já estaria preparando uma segunda lista, impondo sobretaxa em bens chineses no valor de US$ 100 bilhões. Em reação, os índices futuros das bolsas de Nova York têm queda acelerada nesta manhã, com os EUA intensificando sua guerra comercial contra a China.

Na Europa, o sinal é indefinido, após uma sessão mista na Ásia. O fortalecimento do euro, após o BCE decidir reduzir os estímulos monetários, influencia os negócios no velho continente. O dólar, por sua vez, segue ganhando terreno em relação às moedas emergentes, com o won sul-coreano e o bath tailandês liderando as perdas. O petróleo está estável.

Na agenda econômica, destaque para os dados sobre a produção industrial nos Estados Unidos em maio (10h15). que podem corroborar o cenário mais otimista com a economia do país. Antes, sai o índice regional da atividade em Nova York (9h30). Depois, é a vez da leitura preliminar deste mês sobre a confiança do consumidor em junho (11h).

Logo cedo, a zona do euro informa a leitura final sobre a inflação ao consumidor (CPI) no mês passado. Já no Brasil, o calendário do dia traz traz o primeiro IGP de junho, o IGP-10 (8h) e o índice de atividade econômica do Banco Central (IBC-Br) em abril (8h30). A previsão é de altas de 0,5% em relação a março e de 3,5% na comparação com um ano antes.

Ainda assim, esses números devem ser vistos como uma “fotografia do passado”, já que as estimativas para o crescimento econômico doméstico em 2018 pioraram muito, situando-se abaixo de 2%, e ainda não há nenhum gatilho para tornar o mercado financeiro ficar mais otimista com o estado da economia.

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