Renovadas tensões, tanto interna quanto externamente, permearam os últimos dias. A semana começou com a notícia de que oito países (a maioria árabe) romperam relações diplomáticas com o Qatar. Na visão desses, o emirado tem “facilitado” a propagação de movimentos terroristas, o que foi duramente contestado pelo chanceler qatari. A decisão, vista como extremada, ocorreu, segundo analistas, já como reflexo da viagem do presidente Donald Trump à região, em maio passado, especialmente por ter sido liderada pela Arábia Saudita.
Na linha de atentados, mais dois aconteceram na quarta-feira, dessa vez no Irã. O grupo terrorista Estado Islâmico reivindicou a autoria dos mesmos.
Por falar em Trump, na quinta-feira, em depoimento ao Congresso americano, o ex-diretor do FBI, James Comey, afirmou que o presidente tentou interferir nas investigações sobre suposta influência da Rússia nas eleições presidenciais do ano passado. Segundo o ex-diretor, Trump o demitiu porque se sentiu pressionado e decidiu difamar a instituição, além dele próprio. Essa declaração, de certa forma já esperada, tem potencial para se tornar uma enorme dor de cabeça para o presidente americano, que poderá ser acusado de obstrução de justiça.
Na Europa, o grande destaque foram as eleições britânicas. Um ano após o plebiscito que levou ao chamado Brexit, a população foi novamente consultada para renovar o Parlamento. O resultado das urnas aponta que o Partido Conservador, da primeira ministra Theresa May, não conseguiu fazer a maioria necessária para governar, o que a levará necessariamente a coalizões. É um duro golpe sobre a premiê, que já sofre pressões para renunciar.
Internamente, o grande evento político da semana foi o retorno do julgamento, pelo TSE, da cassação da chapa Dilma-Temer, da eleição de 2014. Desde terça-feira, os olhos e ouvidos da nação estão voltados para o Tribunal, que definirá se Michel Temer permanecerá à frente da do governo e se Dilma terá ou não seus direitos políticos caçados por oito anos.
Até a noite de quinta-feira, os debates entre os ministros na corte eram intensos. O relator do processo, ministro Herman Benjamin, indicou que pedirá a impugnação da chapa vitoriosa. Todavia, em muitos momentos, o calor das discussões gerou algumas “alfinetadas” entre os membros da Corte. A tendência, segundo analistas, é que o resultado seja apertado, com indicações de que a chapa não seja caçada. O resultado deverá ser anunciado ao final da tarde dessa sexta-feira.
Na economia, foi divulgada a ata do COPOM, com analistas fazendo uma leitura mais dovish, apesar de indicações pontuais no texto de que o ambiente de incerteza políticas pode arrefecer a velocidade da queda na reunião de julho. Já a reforma trabalhista não conseguiu caminhar nessa semana. As mudanças na CLT voltarão a ser discutidas no Senado na próxima terça-feira.
De significativo, que merece nota, foram as novas regras criadas (por MP) pelo governo, dando, ao Banco Central e a CVM, mais poderes de fiscalização e punição contra crimes financeiros. A partir de agora, acordos de leniência estão permitidos e as multas sancionadoras ganham valores muito mais expressivos.
No pregão desta quinta-feira, a bolsa brasileira caiu 0,66%, aos 62.756 pontos, enquanto o dólar comercial operou estável, a R$ 3,262.
Obrigada, bom fim de semana e até o próximo Panorama Semanal.
*Dados atualizados até o dia 09/6, às 10h