Inflação persistente e crescimento resiliente deixam o Fed em uma posição delicada

Publicado 17.10.2025, 14:05

Ser economista não é tarefa fácil quando o shutdown do governo paralisa a divulgação de indicadores oficiais. Ainda assim, o Federal Reserve segue operando normalmente e publicando relatórios econômicos, assim como instituições privadas continuam fornecendo dados de atividade.

No geral, as informações disponíveis indicam que a economia americana continua em expansão, embora o mercado de trabalho siga enfraquecido, o consumo permaneça estável e a inflação esteja presa em torno de 3% ao ano. Esse quadro deve gerar cautela no Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), que voltará a se reunir em 29 de outubro para decidir se promove mais um corte na taxa básica de juros. Apesar das incertezas, os números sugerem que a economia segue resiliente, superando choques como o próprio shutdown, demissões no setor público e o impacto do conflito tarifário imposto por Trump.

1. Inflação

Mesmo com a paralisação, o Bureau of Labor Statistics (BLS) trabalha para divulgar o IPC de setembro em 24 de outubro, com o IPP previsto para amanhã. Segundo o modelo de Nowcasting do Fed de Cleveland, as taxas de inflação cheia (2,99%) e núcleo (2,96%) permaneceram praticamente estáveis em 3% ao ano no mês passado.Figure 7-Headline vs Core CPI

A inflação poderia já estar próxima de 2%, não fosse o efeito das tarifas comerciais de Trump, que elevaram a inflação de bens duráveis do IPC de -4,2% para +1,9% em um ano. Enquanto isso, a inflação de serviços segue firme em 4%, apesar do recuo nos aluguéis.Figure 8-CPI-Non-Durable vs Durable Goods vs Services

De acordo com a NFIB (Federação Nacional de Negócios Independentes), 31% das pequenas empresas planejam aumentar seus preços médios, nível ainda elevado frente à média histórica de 24%. A boa notícia é que a inflação caiu para a terceira principal preocupação dos empresários (12%), atrás apenas da qualidade da mão de obra (20%) e dos impostos (17%).

Figure 10-NFIB Business Survey

2. Atividade econômica

O lucro projetado por ação do S&P 500 segue como um dos principais indicadores coincidentes da economia, atingindo novo recorde histórico na semana de 9 de outubro.

Na pesquisa da NFIB, o índice de condições gerais de negócios recuou para 23%, ainda bem acima da média de longo prazo (3%). Já o Índice de Otimismo das Pequenas Empresas caiu levemente para 98,8, praticamente em linha com a média histórica (97,9), enquanto o índice de incerteza permaneceu elevado em 93 pontos, sinalizando prudência entre os empresários.

3. Consumo

As vendas no varejo medidas pelo Redbook avançaram 5,9% na comparação anual até a semana de 10 de outubro, mostrando consumo ainda sólido. A recente queda nos preços dos combustíveis deve favorecer as vendas do período de festas, com mais poder de compra nas bombas.

Entretanto, o crédito rotativo ao consumidor recuou 2,8% em agosto (média móvel de 12 meses), o que pode indicar cautela nas famílias. O dado também sugere que consumidores de maior renda têm sustentado o consumo e quitado suas dívidas mais rapidamente do que as faixas de renda mais baixas.

4. Mercado de trabalho

O mercado de trabalho americano segue fraco e desequilibrado, com escassez de profissionais qualificados para as vagas disponíveis. Segundo a NFIB, 50% das pequenas empresas relatam dificuldade em contratar pessoas com as habilidades necessárias. Essa lacuna deve estimular o uso de tecnologia para aumentar a produtividade.

Mesmo assim, 32% dos empresários ainda afirmam ter vagas abertas, e 16% planejam aumentar o quadro de funcionários, sinalizando demanda estável por trabalho apesar das incertezas.

5. Lucros corporativos

Os lucros projetados do S&P 500 atingiram novo recorde histórico na última semana, reforçando a perspectiva de crescimento econômico contínuo. O mesmo ocorre com o S&P 400 MidCap, que também renovou máximas. Já o S&P 600, de small caps, começa a mostrar sinais de recuperação após meses de estabilidade.

A pesquisa da NFIB confirma essa melhora: o saldo líquido de pequenas empresas que reportaram aumento nos lucros passou de -37% em agosto para -16% em setembro, indicando recuperação gradual da rentabilidade no setor.

Em síntese, a economia dos EUA segue crescendo de forma moderada, com inflação resiliente e mercado de trabalho ainda ajustado, enquanto o Federal Reserve avalia até onde pode reduzir juros sem reacender pressões inflacionárias. O ambiente continua desafiador, mas os dados indicam que os fundamentos seguem sólidos, sustentando a confiança dos investidores no curto e médio prazo.

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