Nos últimos dois anos, os investidores da Intel (NASDAQ:INTC) (SA:ITLC34)não tiveram muito que comemorar, já que concorrentes menores tiraram vantagem das falhas produtivas da companhia e capturaram uma considerável participação do mercado.
O gráfico de preços da Intel atesta essa falha de forma bastante clara. A fabricante de chips da Califórnia caiu cerca de 7,5% durante o período, enquanto o índice de referência Philadelphia Semiconductor mais do que dobrou.
O crescimento decepcionante da companhia e erros produtivos permitiram que concorrentes avançassem significativamente no mercado, ao fazer com que seus chips mais avançados chegassem primeiro aos clientes. A NVIDIA (NASDAQ:NVDA) (SA:NVDC34), por exemplo, valorizou-se mais de 300% nesse período, enquanto a Advanced Micro Devices (NASDAQ:AMD) (SA:A1MD34), empresa que até pouco tempo enfrentava dificuldades, disparou cerca de 200%.
No entanto, no início deste ano-novo, a Intel está oferecendo um pequeno raio de esperança. Os primeiros sinais evidenciam que a virada conduzida pelo novo CEO Pat Gelsinger está no caminho certo.
Na CES da semana passada, em Las Vegas, um dos eventos de tecnologia mais influentes, os executivos da Intel anunciaram uma nova linha de chips, na tentativa de colocar a companhia de volta no topo do mercado de processadores computacionais. A linha de processadores móveis chamada Intel Core 12ª Geração, com 28 modelos novos, é 40% mais rápida do que suas antecessoras.
Além disso, grandes fabricantes de computadores, como a Dell Technologies (NYSE:DELL) (SA:D1EL34) e HP (NYSE:HPQ) (SA:HPQB34), já indicaram que pretendem usar a nova linha de processadores nas próximas máquinas destinadas a gamers.
IPO da Mobileye
De acordo com o Wall Street Journal, a fabricante de chips da Califórnia também pretende abrir o capital da sua unidade de carros de direção autônoma neste ano, visando um valuation de US$50 bilhões.
A Mobileye é especializada em sistemas de câmera baseado em chips que comandam recursos de direção automatizada nos carros. A Intel deteria a maioria da propriedade da Mobileye, permitindo uma gestão independente pela equipe atual da unidade de carros autônomos.
Um valuation de US$50 bilhões geraria elevados retornos para uma empresa que foi adquirida em 2017 por cerca de US$15 bilhões.
Classificações dos analistas
Apesar desses eventos positivos, a maioria dos analistas que cobrem a ação da Intel continua cética. Entre os 45 analistas pesquisados pelo Investing.com, o consenso geral é neutro, com 23 participantes mantendo a neutralidade, 13 recomendando compra e 9 recomendando venda.
O KeyBanc, em nota recente, rebaixou a Intel para “na média do mercado”, dizendo que vê poucos catalisadores no curto prazo. A nota disse o seguinte:
“Embora a INTC tenha um evento com analistas em fevereiro, estamos céticos de que qualquer anúncio possa mudar a narrativa baixista do papel. Em razão de todos os tropeços nos últimos anos, acreditamos que os investidores aguardam fatores de comprovação demonstráveis”.
Outro teste que mostrará se a empresa está de fato se recuperando sob a liderança de Gelsinger ocorrerá no fim deste mês, quando a Intel divulgará seus resultados de todo o ano. Os últimos três balanços da companhia falharam em impressionar os investidores, preocupados com os elevados custos dessas iniciativas e seu impacto no resultado final.
Ao detalhar seu plano a analistas em março, Gelsinger afirmou que a Intel confiará mais em fabricantes externos para produzir alguns dos seus mais avançados processadores a partir de 2023. Ele também anunciou um investimento de US$ 20 bilhões para construir novas instalações de fabricação de circuitos integrados no Arizona, chamada Intel Foundry Services (IFS), que também fabricará chips desenvolvidos por outras empresas.
Conclusão
A Intel parece estar ganhando tração neste ano-novo, com suas ações disparando cerca de 8%. Mas isso não significa que a empresa tenha se tornado uma melhor escolha na indústria de semicondutores, onde outros players de alto crescimento oferecem uma chance muito melhor de valorização de capital. Continuamos recomendando uma abordagem de “esperar para ver” em relação à ação da Intel.