Publicado originalmente em inglês em 03/11/2020
As ações da Apple (NASDAQ:AAPL) (SA:AAPL34) estão tendo uma jornada difícil nos últimos dias. Os papéis da fabricante do emblemático iPhone se desvalorizaram cerca de 20% em relação ao pico, fechando o pregão de ontem a US$ 108,77. A ação fechou na máxima de 52 semanas a US$ 134,80 no dia 1 de setembro, mas agora está tendo um desempenho menor do que as outras mega-ações de tecnologia.
Esse movimento de dois meses de queda ocorre depois que a Apple se tornou a primeira empresa americana a ultrapassar US$ 2 trilhões em capitalização de mercado em agosto. Desde então, já perdeu US$ 450 bilhões em valor, depois que os investidores passaram a vender as ações da gigante da tecnologia sediada em Cupertino, Califórnia. A Apple vale agora US$ 1,85 trilhão, mas ainda é a empresa mais valiosa dos EUA.
Apesar de a incerteza com a corrida presidencial nos EUA e o poderoso ressurgimento do coronavírus terem tido um papel nessa queda, os investidores também estão ficando mais nervosos com o valuation da Apple depois do intenso rali da ação desde a derrapada induzida pela pandemia em março.
A ação caiu 6,4% durante o pregão de sexta-feira, depois de a companhia divulgar resultados que desapontaram os investidores. Ela encerrou a semana caindo mais de 5,6%.
Após uma queda dessa magnitude, a tentação do chamado “caiu, comprou” é muito grande para alguns investidores, principalmente porque essa estratégia tem gerado muitos resultados ultimamente. Mesmo após incorporar o último sell-off, os papéis da Apple geraram um retorno de 260% nos últimos cinco anos, incluindo dividendos.
Dito isso, há claramente alguns ventos contrários no curto prazo que prejudicam as ações da Apple e, em nossa visão, a empresa ainda terá mais fraqueza pela frente antes de se recuperar. Alguns fatores podem estar contribuindo para isso:
Enfraquecimento das vendas do iPhone
O último balanço da Apple mostrou que a companhia está enfrentando dificuldades para vender mais iPhones, produto crucial para satisfazer as atuais expectativas de alta dos analistas. As vendas do produto mais popular da companhia caíram 21% durante o quarto trimestre fiscal, na medida em que a pandemia causou transtornos à cadeia de fornecimento global, atrasando a entrega de modelos mais novos.
A Apple geralmente lança novos modelos do iPhone em setembro, dando um considerável impulso às vendas no 4º tri. Neste ano, os aparelhos habilitados para a tecnologia 5G foram disponibilizados após 15 de outubro, enquanto o iPhone 12 mini e o iPhone 12 Pro Max só estarão disponíveis para pré-venda nesta semana.
Se a Apple conseguir retomar o crescimento do iPhone no atual trimestre, reavivará a narrativa altista de alguns analistas, que acreditam que o preço competitivo dos novos modelos – que passaram pela primeira grande renovação de design em três anos – e a atratividade da maior velocidade de conexão podem fazer com que os usuários atualizem seus aparelhos. Como escreveu Toni Sacconaghi, analista da Bernstein, em uma nota recente:
“A conclusão é simples: as receitas provenientes do iPhone precisam crescer dois dígitos ano a ano no 1º tri fiscal, ou o mês de março precisará ser muito mais forte do que o normal para este ciclo se tornar o superciclo que os investidores parecem estar prevendo".
Como as vendas de iPhones ainda continuam fracas, os investidores também estão ficando nervosos com o crescimento na região da Grande China, que é extremamente importante para a empresa. A receita da Ásia caiu 29% durante o trimestre, a mais baixa desde 2014.
O primeiro aparelho da Apple com tecnologia 5G chegou atrasado à China, onde as marcas locais há muito tempo vêm equipados com essa conectividade. “Uma batalha crucial para a Apple está no mercado de smartphones premium que a empresa chegou a dominar antes de perder terreno para a Huawei Technologies Co. nos últimos anos", de acordo com análises recentes do Wall Street Journal.
Apesar desses desafios, os executivos da Apple continuam otimistas de que a empresa está no caminho certo para atingir suas metas. Luca Maestri, diretor geral financeiro da Apple, disse à Bloomberg Television que espera que o iPhone 12 Pro Max, com tela maior, se saia "incrivelmente bem" na região, onde deve crescer no trimestre que se encerra em dezembro.
Resumo
Não há muitas dúvidas de que a fraqueza nas vendas do iPhone seja o maior fator negativo que afeta as ações da Apple. Qualquer repique nas vendas depende bastante da evolução da pandemia de covid-19 a partir de agora e de como ela impactará a economia global.
Dito isso, a Apple continua sendo nossa escolha favorita para o longo prazo, em razão da resiliência dos outros negócios da empresa, graças à sua atual estratégia de diversificação e sua impressionante capacidade de inovação.