O mercado de petróleo continua extremamente sensível aos acontecimentos no Oriente Médio. O risco de choque no fornecimento é real, mas os preços estão contidos por enquanto.
Suspeito que Israel não tenha chegado a esse ponto de ataques aéreos ao Irã para ficar no meio do caminho, mas com a intenção de intensificar os ataques à infraestrutura petrolífera (e industrial) da República Islâmica. Se isso acontecer, poderia retirar até três milhões de barris por dia do mercado, o equivalente a todo o petróleo que o Irã exporta atualmente para a China. Neste cenário, aumenta a probabilidade de os preços do petróleo subirem para US$ 100 por barril.
Estou confiante de que isso não acontecerá, mas o risco é real e deve ser levado a sério. Portanto, a perspectiva de curto prazo é de alta volatilidade, e não descarto um aumento no preço do petróleo para o patamar de três dígitos por barril. Por outro lado, um rápido colapso do regime iraniano implicaria em um possível retorno aos níveis de US$ 70 por barril.
A incerteza geopolítica ligada ao petróleo aumenta um contexto macroeconômico já complexo. A manutenção do petróleo em US$ 100 por barril aumentaria a probabilidade de recessão com inflação (estagflação), dificultando a flexibilização monetária. Isso aumenta a probabilidade de uma correção significativa nos mercados financeiros, onde o mais importante também é o preço da energia, dada sua estreita relação com a evolução do prêmio de risco.
Por outro lado, um desfecho rápido e favorável do conflito (com o Irã perdendo ainda mais influência na região) aliviaria as pressões sobre os preços e abriria espaço para políticas de corte de juros. Ainda é muito cedo para se inclinar para um cenário ou outro.