Frenesi
O dia é de frenesi nas bolsas mundo afora, na esteira da expectativa de um desfecho positivo das conversações na OPEP.
O ceticismo predominante nos últimos dias, fruto dos discursos ambíguos das partes envolvidas, deu espaço ao otimismo após acenos de cooperação de países-chave.
É a história contada pelo intraday do barril WTI nas últimas 24 horas, que acumulava alta próxima de 8 por cento enquanto escrevia estas linhas.
Os mais céticos (eu incluso) lembrarão que os membros do cartel são pródigos em descumprir acordos. É da natureza deles, mais ou menos como naquela fábula do sapo e do escorpião. Mas hoje ninguém se importa: a ganância é mais forte que a razão.
Atenção dividida
Confesso que minha atenção estará dividida, no final da tarde de hoje, entre a ata do Copom e o tie-break entre Carlsen e Karjakin.
É rarefeito o ar no mercado de juros, à espera da decisão do comitê. A maioria dos agentes já se posicionou ontem e, agora, concentram seus esforços em não desviar o olho do monitor para o caso de qualquer movimentação atípica. É hora de observar, não de agir.
Com o consenso consolidado em torno de um corte de 25, se avoluma o coro dos que defendem que, no mínimo, o comitê sinalize uma aceleração no ritmo de queda da Selic para as próximas rodadas. Por aqui, insistimos que as condições para irmos direto a 50 pontos estão dadas. Se ocorrer, tem correria amanhã nos juros.
Eu realmente gostaria de ver Goldfajn e Karjakin surpreendendo o mercado e Carlsen, respectivamente. Ambos jogando com as pretas, só para dar mais emoção.
Liquidez ilimitada
Inflação ao consumidor na zona do euro avançou para 0,6 por cento na comparação anual. No mês passado, a leitura era de 0,5. Tudo em linha com o consenso de mercado e a uma semana da reunião do Banco Central Europeu.
A aceleração da inflação vem no momento em que se aproxima a decisão da autoridade monetária quanto à extensão do programa de recompra de títulos.
Embora Draghi descarte a interrupção brusca do programa em março, não há até aqui sinais de que não terminará — e mercado aposta nisso.
O mercado quer liquidez ilimitada para sempre. Qualquer coisa menos do que isso, é choro e ranger de dentes.
Não se pode pestanejar...
É fato a comemorar a boa margem com que passou a PEC do Teto na primeira votação no Senado. Indício de que, apesar de tudo, foram limitados os danos provocados — até aqui, pelo menos — pelo episódio Calero-Geddel.
Seguem as articulações para a segunda votação, que deverá ocorrer praticamente em simultâneo à chegada da Reforma da Previdência ao Legislativo. É grande a batalha nesse front.
E as manobras em torno do pacote anticorrupção, episódio lamentável da Câmara ontem, servem de lembrete: não se pode pestanejar com essa turma.
Quente demais
É no mínimo irônico que o mercado de cobre, que é excelente condutor térmico, tenha se tornado tão quente nos últimos tempos. O impulso, evidentemente, vem da enxurrada de investidores chineses que migraram para as commodities em meio à redução de atratividade dos mercados de ações e imóveis.
Temos aqui uma horda de especuladores de curto prazo. Os contratos na Bolsa de Futuros de Shanghai (SHFE) são, na média, mantidos por períodos muito menores do que nos demais ambientes de negociação da commodity.
Desnecessário dizer que não vai acabar bem, não é mesmo?