HAPV3: Salto de 6,2% em repique, mas Hapvida ainda tem risco de armadilha de alta
Após meses de volatilidade, o mercado global de café entra em uma nova fase. A suspensão das tarifas pelos Estados Unidos trouxe algum alívio, mas os estoques baixos e as expectativas para a safra brasileira 26/27 continuam sendo fatores determinantes para os preços.
Cenário macroeconômico e impacto das tarifas
A economia norte-americana tem sido um dos principais vetores de influência no mercado de café. A inflação persistente e o enfraquecimento do mercado de trabalho levaram o Federal Reserve a reduzir as taxas duas vezes, em setembro e outubro, para 3,75% -4%. Essa política monetária, somada à paralisação do governo entre outubro e novembro, trouxe incertezas que impactaram o dólar e, consequentemente, o comércio global de café.
O movimento mais relevante, porém, foi a suspensão das tarifas recíprocas pelos EUA, incluindo a remoção da taxa de 40% sobre os grãos brasileiros. Essa decisão reduziu a pressão inflacionária e pode favorecer a retomada das exportações brasileiras.
Estoques baixos sustentam preços
Os estoques certificados de arábica seguem em níveis historicamente baixos, resultado da menor certificação pelos produtores brasileiros e da corrida dos torrefadores para garantir café em meio à incerteza tarifária. Mesmo com aumento da oferta na safra 25/26, os estoques não se recuperaram significativamente.
Perspectivas para a safra brasileira 26/27
Após um período seco em setembro e outubro, as chuvas retornaram em novembro, favorecendo o desenvolvimento da safra. A expectativa é de aumento na produção de arábica, apoiada por investimentos e expansão de áreas. Para o Conilon, a produção pode ser ligeiramente menor, mas compensada por novas áreas cultivadas.
Outras origens e riscos climáticos
O Vietnã enfrenta chuvas intensas além da passagem de tufões na região, como o Kalmaegi em outubro, o tem gerado atraso na colheita e possivelmente pode afetar a qualidade dos grãos. Na América Central, as chuvas elevadas atrasam a colheita, mas podem recuperar a produção. Já na Colômbia, as chuvas no primeiro semestre afetaram a fase de floração das lavouras, impactando negativamente a oferta. Em contrapartida, Uganda e Etiópia aumentaram exportações, aproveitando preços altos.
Balanço global e preços
Após quatro anos de déficit, o mercado caminha para um pequeno superávit em 25/26, impulsionado pela maior produção de robusta no Brasil e Vietnã e pelo aumento da oferta na África Oriental. No entanto, os estoques continuam baixos, mantendo os preços sensíveis à quaisquer mudanças na oferta e demanda.
Spreads e custos de hedge
Os spreads dos contratos de arábica permanecem elevados, refletindo preocupações com oferta no curto prazo e custos maiores para proteção.

O mercado de café vive um momento de transição: tarifas suspensas, estoques apertados e uma safra brasileira promissora para 26/27. Apesar da perspectiva de superávit global, os preços devem permanecer voláteis no curto prazo, exigindo atenção redobrada dos agentes do setor.
