Os mercados globais começam novembro após encerrarem outubro no vermelho e já à espera do que pode acontecer em dezembro. Explico. Wall Street registrou no mês passado a maior queda mensal desde o início da pandemia, enquanto o Ibovespa caiu 3%, com quase dez ações tombando mais de 20% e só cinco papéis subindo mais de 5%.
Por sua vez, o novo mês começa com os investidores à espera das decisões de juros do Federal Reserve (15h) e do Comitê de Política Monetária (Copom), menos de quatro horas depois. Porém, a ausência de novidades previstas para os anúncios ao longo do dia transfere as expectativas para a última Super-Quarta do ano, no mês que vem.
Isso porque embora o Fed deva manter a taxa de juros nos Estados Unidos no nível mais alto em 22 anos, no intervalo entre 5,25% e 5,50%, não se pode descartar que virá um aumento residual ainda neste ano. O presidente do Fed, Jerome Powell, deve deixar a janela aberta para um novo aperto e evitar fechar de vez a porta do ciclo de alta.
Já o Copom deve anunciar um novo corte de 0,50 ponto porcentual na taxa Selic e reafirmar o plano de voo de queda adicional de mesma magnitude na próxima reunião - no singular. A dúvida, então, é qual será o ritmo no ano que vem, ainda mais diante dos sinais do governo de que a decisão de mudar a meta fiscal em 2024 está fechada.
Fato é que antes mesmo das falas do presidente Lula os mercados domésticos já eram pessimistas em relação à meta ambiciosa do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de déficit zero das contas públicas em 2024. Portanto, embora a mudança não seja a ideal, trata-se de algo que já estava embutido no preço dos ativos locais, esvaziando a reação ao Copom na emenda do feriado.
Mercados projetam fim do ano
Daí porque ontem viu-se um breve alívio nos negócios locais. Mas quando chega essa época do ano, os investidores sempre se fazem a mesma pergunta: vai ter rali de fim de ano? Considerando-se o retrospecto do Ibovespa e as análises gráficas, a perspectiva é favorável.
Aliás, as ações em Nova York também tiveram um desempenho positivo neste início de semana - o problema é o restante de outubro e os dois meses anteriores. Ao mesmo tempo, o rali do dólar parece estar próximo do fim, mas não se pode dizer o mesmo em relação à escalada nos rendimentos (yields) dos títulos do Tesouro dos EUA (Treasuries).
Talvez, então, os ativos de risco ainda precisem cair mais, antes de subir com força em 2023. Aliás, tradicionalmente dezembro se destaca como o melhor mês para um curto rali de fim de ano. Já na série histórica de “novembros”, os desempenhos positivos e negativos quase se igualam. A ver, então, como fica o placar após este mês, que apenas se inicia.