Antes de realizarmos uma análise técnica sobre os meios de pagamento, é necessário refletir sobre a complexidade de cada região, afinal, estamos comparando um continente com um país.
Essa comparação faz sentido nas dimensões territoriais. A Europa possui mais de 10 milhões de km², enquanto o Brasil tem quase 9 milhões de km². Em termos populacionais, a Europa tem mais que o dobro de habitantes, com cerca de 740 milhões de pessoas, ao passo que o Brasil possui pouco mais de 210 milhões de habitantes.
O cenário se complica ao considerar que a Europa abriga 50 países, sendo 27 deles membros da União Europeia. Apesar das regras e legislações da União Europeia que visam unificar a região, cada país mantém suas próprias normas e culturas, que são bastante distintas. Além disso, fala-se mais de 60 idiomas na Europa.
O Produto Interno Bruto (PIB) da Europa alcançou em 2023, 18.590,72 trilhões de dólares, segundo o Trading Economics, enquanto o PIB do Brasil foi de 2.174 trilhões de dólares. Entre os 27 países da União Europeia, apenas seis ainda não adotaram o Euro.
Evolução dos sistemas de pagamento
Na Inglaterra, país que lidera a inovação em sistemas de pagamento na Europa após sua saída da União Europeia, o sistema Faster Payments foi introduzido em 2008 para modernizar métodos de pagamento e atender à demanda por transferências rápidas. Este serviço pioneiro permite transferências de dinheiro quase em tempo real entre contas bancárias, tanto para indivíduos quanto para empresas. Por lá a liquidação pode levar até duas horas.
Essa agilidade, porém, contrasta com o sistema brasileiro Pix, onde operações são realizadas e liquidadas em até 40 segundos, conforme regras do Banco Central do Brasil.
Convergência e inovação no Reino Unido e no Brasil
Enquanto o Brasil avança com o DREX, sua moeda eletrônica, o Banco da Inglaterra explora a viabilidade de uma moeda digital de banco central (CBDC), conhecida como "Britcoin". Ambos os países utilizam a tecnologia blockchain, planejando futuros econômicos tokenizados.
No que se refere ao Open Finance, o modelo inglês foi referência global, o que inspirou o Brasil a destacar-se pelas inovações, especialmente com a integração do Pix no Open Finance, como a Iniciação de Transação de Pagamentos (ITP). Isso facilita o compartilhamento de dados entre instituições, trazendo mais dinamismo e consistência aos meios de pagamento.
Implementação do Open Finance
No Reino Unido, o Open Finance foi impulsionado pelas diretrizes da Autoridade de Concorrência e Mercados (CMA) e pela PSD2 da União Europeia. No Brasil, começou oficialmente pelo Banco Central, em fevereiro de 2021, dividido em fases:
Fase 1: dados de instituições financeiras.
Fase 2: dados de clientes e de transações.
Fase 3: iniciação de transações de pagamento.
Fase 4: expansão para dados de produtos como câmbio, seguros e investimentos.
Comparativo entre as estruturas
Há um longo caminho para alcançar a convergência dos meios de pagamento. Processos evolutivos com países vizinhos são essenciais. Recentemente, a Colômbia implementou um modelo de pagamento instantâneo inspirado no Pix brasileiro, chamado Brem-B, enfrentando desafios semelhantes.
Ainda que em tempos diferentes, tanto a Europa quanto o Brasil estão caminhando em direção à interoperabilidade e modernização dos sistemas de pagamento, uma tendência global que oferece oportunidades para empresas deste setor, demandando um pensamento global e não apenas regional.