Hoje tem início a era Trump à frente do governo americano eivada de dúvidas e incertezas, alicerçada em prepotências focando tão somente os interesses dos Estados Unidos, como se todos demais países passassem a um conceito de menor importância no contexto.
Esta postura ostensiva colocará, se levada à frente, acentuados riscos na política internacional criando sérias rupturas e choques de interesses provocando verdadeira erosão, inclusive na democracia.
O mundo, no primeiro momento, mantém um observar cético sobre as perspectivas duvidosas e ainda demonstra baixo grau de reação, mas é inegável que grandes países como a China, Rússia ou comunidades como a Unidade Europeia, reagirão à radicalização. Países emergentes tendem a ter reflexos negativos no seu comércio com os Estados Unidos, a bem da verdade nem foram citados, exceto México “atacado” de forma direta.
O Brasil demonstra-se eufórico com seu desempenho. Mas que desempenho? Visto de forma objetiva e sem concessões, houve uma porção de coisas que vem sem apregoadas, culminando com a queda acentuada da inflação e da taxa SELIC, que no nosso entender decorrem muito mais da forte recessão que assola o país.
Contudo é notório o “discurso” governamental, com ressonância do mercado financeiro, sobre os sucessos aqui ou ali da política econômica.
Há exageros que não se confirmam no emprego, na renda, enfim no poder de compra.
Há um “mundo” que convive bem com a realidade atual, quais sejam o governo e o mercado financeiro.
A situação é altamente favorável aos importadores e totalmente desfavorável aos exportadores de produtos, isto poderá ficar evidente se a economia brasileira assumir uma dinâmica um pouco melhor, pois não se pode esperar algo diferente.
A inflação e o juro foram reduzidos bruscamente, fortemente influenciados pela forte recessão que assola a economia de forma quase irreversível. Na realidade todos os setores econômicos querem ser otimistas, mas não materializam isto.
Os exportadores de produtos agrícolas, principalmente os dólar-dólar, resistem embora reclamem, enquanto os de produtos industriais sofrerão os duros efeitos do preço atual da moeda americana.
O preço do dólar está bastante irreal e desanima os exportadores industriais pela perda expressiva de competitividade por este fato.
O quadro macroeconômico brasileiro não dá suporte à um taxa cambial aos níveis atuais.
Justificar que o fluxo cambial, por enquanto positivo, influencia não é um bom argumento e alegar que está acompanhando o mercado externo é outra falácia.
O piso básico do preço da moeda americana deveria estar em torno de R$ 3,40/R$3,50 para ser compatível com o “status” do Brasil do momento, e a partir daí poderia ter pequenas variações compatibilizadas com o mercado externo.
O piso está superestimado, partimos de uma base como se tudo estivesse normal e o país não convivesse com forte recessão.
Balança comercial deverá dar evidência a esta realidade.
Aparentemente o governo tenha a ambição de enquadrar como troféu a inflação e para tanto deprime o preço da moeda americana num ambiente de forte recessão.
O preço do dólar tem grande importância em nossa economia, e o mercado externo é a principal porta para buscar-se dinamizar a economia.
O governo não deve ser levado pela busca de um sucesso com muitas fragilidades, abrindo mão do caminho mais adequado neste momento, que é o mercado externo que com taxa de dólar correta cria empregos e impacta contendo a concorrência externa ao produto nacional.
Não cabem ilusões neste momento que o país precisa reverter o quadro de sua economia atacando frontalmente a recessão.
Não é o momento para buscar um sucesso mais ancorado nos discursos do que na realidade que se pode observar concretamente.
A recuperação da economia em termos concretos passa necessariamente por um dólar com piso em torno de R$ 3,40/3,50.
A nossa situação interna deverá ser focada prioritariamente.