No dia 3 de julho, cada ação do Bradesco (BVMF:BBDC4) na Bolsa de Valores estava cotada em R$ 12,22. Valor muito abaixo do Itaú (BVMF:ITUB4), que na ocasião estava em R$ 32,24; do Banco do Brasil (BVMF:BBAS3), R$ 25,89; e do Santander (BVMF:SANB11), R$ 27,04. Isso apesar de o Bradesco ser o segundo maior banco privado do país. Mas havia uma razão para isso. A instituição estava muito exposta à dívida das Americanas (BVMF:AMER3). Quando veio a notícia do rombo, isso pesou no desempenho financeiro, a lucratividade ficou abaixo do esperado em 2023 e as ações perderam valor.
Vale lembrar que não estamos falando de qualquer banco. É verdade que o Bradesco acusou o golpe com a notícia da fraude contábil cometida pela rede varejista. Sua lucratividade em 2023 foi 21,2% menor do que o registrado em 2022, segundo ano da pandemia de Covid-19. Mesmo assim, houve lucro e não prejuízo. E que lucro. Nada menos do que R$ 16,30 bilhões.
Claro que quando o lucro diminui, o pagamento de dividendos cai proporcionalmente. Mas por se tratar de um banco muito sólido, ele absorveu as perdas e ainda assim ficou no azul. O caso das Americanas estourou em janeiro de 2023 e, até onde sabemos, não há nada semelhante para estourar em 2024 e que prejudique o 'Brasileiro de Descontos' novamente. Ou seja, este ano, a instituição trabalha lucrando como sempre lucrou, sem o peso que teve de segurar no ano anterior.
E a prova disso é que o balanço do segundo trimestre de 2024 mostrou um resultado bastante consistente, de R$ 4,7 bilhões, o que equivale a 12% mais do que o trimestre anterior. Acontece que este resultado foi divulgado no dia 5 de agosto. Praticamente um mês antes suas ações estavam em R$ 12,22. O pessoal vendo a boa performance correu para comprar ativos e o resultado é que no dia 13 de setembro o preço já estava em R$ 15,50.
Isso é bom ou ruim? As ações vão continuar a subir ou vão cair? Sobre o segundo questionamento, não há resposta. O mercado é volátil e o sobe e desce dos preços das ações é naturalmente constante. Quem tem que se preocupar com isso é quem especula. Para quem investe no longo prazo e tem como estratégia comparar ações pagadoras de dividendos, isso pouco importa.
Quanto à primeira pergunta, eu entendo que a elevação do preço da ação do Bradesco não é uma boa notícia. Quando ela estava em R$ 12,24 dava para comprar uma quantidade maior do que agora que custa R$ 15,50. Comprar mais a preço baixo significa ter uma cota maior das ações da empresa. E se você tem uma quantidade maior vai receber mais dividendos.
Já a notícia de que a instituição lucrou mais, essa sim é muito boa. Pois quanto mais lucro, mais dividendos para distribuir. De qualquer forma, a alta no valor dos papéis do Bradesco serve de lição aos incautos. Um banco tão grande e com retrospectiva tão positiva não pode ser ignorado por causa de um problema pontual. Quem não comprou a R$ 12 porque queria ter certeza de que haveria valorização da ação, agora terá de pagar mais caro por menos cotas. Ou seja, perdeu.
Isso não significa que não vale a pena comprar agora. Pelo contrário, antes tarde do que nunca. O preço atual ainda não é o pico da companhia e o próximo balanço pode trazer notícias ainda melhores. Então, um conselho para quem não comprou em julho: “não durma no ponto de novo, não se preocupe com o preço da ação e sim em não perder oportunidades.