Preocupação com reflexos de decisão de Dino no sistema financeiro derruba ações de bancos
Quando Trump taxou em 50% a importação de produtos brasileiros, ficamos apreensivos — e com razão!
Os dias foram passando e, aparentemente, o governo brasileiro deseja dobrar a aposta.
Quanto mais ficarmos firmes e evitarmos uma possível negociação, maiores as chances de um isolamento político — e, principalmente, econômico.
Mas podemos pensar que a China é um grande parceiro, e que ao deixarmos o sistema SWIFT de lado, podemos usar o sistema chinês. Isso é uma verdade.
No entanto, devemos considerar que, ao abandonarmos um sistema imperialista, podemos estar nos aproximando demais de outro sistema tão duro quanto o norte-americano.
Enquanto os Estados Unidos exigem solidez fiscal, baixo endividamento e transparência — algo que todo emprestador exige de quem pede empréstimo ou de um parceiro comercial —, a China não faz tantas exigências. Mas, em contrapartida, pede garantias que, quando não cumpridas, deixam o país em situação fragilizada. Ela impõe contratos que geralmente têm como garantias ativos estratégicos, como portos, estradas, minas, petróleo, entre outros.
Imagine que você toma emprestado ou faz negócio com alguém e essa pessoa pede como garantia sua casa, seu carro ou ate mesmo parte de seus rendimentos.
A China atua por meio da diplomacia do endividamento — como em diversos países da África, Ásia e América Latina (ex: Sri Lanka, Zâmbia, Angola).
Não acredito que o caminho seja obedecer os Estados Unidos, mas também não acredito que seguir alinhados aos interesses da China trará autonomia ao Brasil.
O economista Ha-Joon Chang explica que o comércio internacional sempre serviu aos interesses estratégicos das grandes potências — não à benevolência.
A política entre países nunca foi uma negociação entre amigos, mas uma busca por extrair o máximo possível de outro país.
E a história nos mostra isso: nenhum país jamais fez comércio por benevolência, mas por necessidade de expandir seu comércio, sua atividade industrial — ou seja, podemos imaginar que um país nada mais é do que uma grande empresa.