Aneel diz que outubro terá bandeira tarifária vermelha patamar 1
No Brasil, onde o mercado de fusões e aquisições (M&A) cresce em ritmo acelerado, ainda é surpreendente ver operações bilionárias travadas por erros que poderiam ser evitados com o mínimo de rigor em Compliance documental. Certidões vencidas, divergências cadastrais e registros desatualizados continuam a comprometer negociações que envolvem não apenas cifras vultosas, mas também reputações e futuros estratégicos.
Não se trata de detalhe burocrático. Mesmo uma certidão vencida pode travar uma operação bilionária. E o mercado confirma: segundo levantamento da PwC, 52% das transações de M&A no Brasil nos últimos cinco anos sofreram atrasos relevantes por falhas em Compliance e documentação. Em paralelo, estudo da Deloitte indica que 41% das operações precisaram ser reestruturadas devido a riscos não mapeados previamente.
Esse descuido cobra um preço alto. Investidores não perdoam o improviso. Quando percebem lacunas documentais, precificam o risco, exigem cláusulas mais duras e reduzem o dinheiro colocado na mesa. A consequência prática é clara: descontos de até 15% no valuation, contratos mais pesados e, muitas vezes, negociações que poderiam ser fluidas se arrastam por meses.
O problema está, em grande parte, na visão ainda limitada de muitas empresas que tratam a gestão documental como função meramente operacional. É o mesmo que considerar freios de um carro um detalhe burocrático até o momento em que eles falham.
Due diligences continuam a revelar inconsistências básicas: protestos não mapeados, processos ocultos em cartórios, divergências cadastrais em órgãos oficiais e ausência de registros societários. São falhas pequenas, mas que corroem a confiança de quem compra e aumentam a cautela jurídica de quem assina.
A automação vem transformando o Compliance em aliado estratégico. De acordo com a Accenture, empresas que investem em tecnologia nessa frente conseguem reduzir em até 60% os custos administrativos e ampliar a precisão da análise. Já existem tecnologias que permitem cruzar milhares de fontes de dados e gerar relatórios completos em menos de um minuto. Mais do que acelerar auditorias, o recurso permite corrigir inconsistências antes que elas se tornem um entrave público. O Compliance, assim, deixa de ser um fardo e passa a ser um diferencial competitivo.
Se quisermos reduzir os gargalos de valuation e destravar operações no país, três passos são essenciais: Centralizar a documentação crítica em sistemas acessíveis e organizados; Atualizar registros e certidões continuamente, e não apenas às vésperas de uma due diligence e, por fim, automatizar o monitoramento em tempo real de CPFs e CNPJs, garantindo alertas antes que inconsistências virem riscos.
O maior desafio, no entanto, ainda é cultural. Muitos executivos confiam cegamente em processos manuais ou acreditam que “depois se resolve”. Mas a realidade do mercado é implacável: quanto mais globalizadas e profissionalizadas as operações, menor a tolerância para improvisos.
O Compliance documental não é papelada, é estratégia. Quem insiste em negligenciá-lo continuará perdendo valor, tempo e credibilidade. Quem o trata como prioridade, por outro lado, ganha vantagem competitiva em um mercado cada vez mais seletivo.