Nvidia enfrenta um delicado jogo de equilíbrio antes do balanço do 2º tri

Publicado 21.08.2025, 13:50

Onde há euforia com IA, também surgem alertas de bolha. A comparação com a era da internet não é descabida: muitas vezes o valor real ficou encoberto por promessas exageradas.

No caso da IA, o excesso se manifesta em afirmações como “AGI no ano que vem” ou “IA vai substituir todos os empregos”. Ainda assim, sob o ruído já existem ganhos concretos de produtividade, em áreas que vão de imagem e vídeo até cadeias de desenvolvimento de software.

Governos também atuam como catalisadores, já que a IA funciona como multiplicador de força. Quando bem aplicada, oferece poder inédito sobre fluxos de informação e narrativas culturais, pilares da legitimidade política.

Nesse contexto, Palantir (NASDAQ:PLTR) e Oracle (NYSE:ORCL) emergem como protagonistas da adoção estatal. E, na interseção entre entusiasmo e receios de bolha, está a Nvidia (NASDAQ:NVDA), líder global em chips de IA, que divulgará seu balanço do 2º trimestre em 27 de agosto. O que esperar?

Previsões para os resultados da Nvidia

Segundo a Zacks Investment Research, que compila estimativas de 14 analistas, o lucro por ação esperado para o 2º trimestre é de US$ 0,94, alta de 44,6% frente aos US$ 0,65 do mesmo período do ano passado.

No trimestre encerrado em abril, a companhia reportou crescimento anual de 69%, mas precisou registrar um encargo de US$ 4,5 bilhões relacionado a restrições de exportação dos chips H20, usados em inferência de IA e destinados ao mercado chinês.

No 1º trimestre, a Nvidia projetava receita de US$ 45 bilhões para o 2º trimestre, com variação de 2%. Para efeito de comparação, no 2º trimestre de 2024, a receita foi de US$ 30 bilhões, avanço de 122% sobre o ano anterior. Em outras palavras, embora impactada pelas tensões EUA-China, a empresa mantém um ritmo de crescimento expressivo.

A expectativa agregada de 43 analistas aponta receita de US$ 45,92 bilhões, com projeções entre US$ 45 bilhões (base) e US$ 52,62 bilhões (teto). Isso implicaria crescimento médio de quase 53% em relação ao ano anterior.

O problema da Nvidia com a China

Todos os chips da Nvidia são produzidos pela TSMC em Taiwan e em fábricas nos EUA. Taiwan, vizinha da China, permanece em disputa política, mas conta hoje com a proteção militar norte-americana, o que dá a Washington influência direta sobre o desenvolvimento da IA chinesa.

Entre 2023 e 2025, a participação da China na receita da Nvidia caiu de 21,45% para 13,11% (US$ 17 bilhões).

Ao mesmo tempo, a China detém força estratégica como principal exportadora de terras raras, insumos essenciais na indústria de semicondutores avançados, inclusive de uso militar. Por isso, os EUA evitam prejudicar de forma excessiva os resultados da Nvidia, peça-chave de sua liderança em IA.

Nesse cenário, o presidente Trump adotou uma solução alternativa: Nvidia e AMD (NASDAQ:AMD) aceitaram pagar 15% fixos de suas vendas ao governo dos EUA em troca de licenças de exportação para a China, percentual reduzido de 20% após negociação. A medida atinge chips como o H20 (Nvidia) e o MI308 (AMD).

“Embora não tenhamos enviado H20 à China há meses, esperamos que as regras de controle de exportação permitam que os EUA concorram tanto na China quanto globalmente”, disse um porta-voz da Nvidia à BBC.

Do ponto de vista lógico, atrelar a segurança nacional ao avanço tecnológico chinês e, ao mesmo tempo, colocar um preço sobre isso é contraditório. Trump depois esclareceu que a série H20 é “um chip antigo que a China já possui”.

De todo modo, as vendas de H20 na China parecem irrelevantes neste momento. Segundo Qingyuan Lin, analista sênior da Bernstein, Pequim teria emitido uma ordem formal para proibir empresas domésticas de comprar os H20. Isso confirma reportagens anteriores, que mostram Huawei e SMIC se aproximando da tecnologia da Nvidia.

Assim, a China está mais motivada do que nunca a desenvolver um ecossistema local de chips de IA, apesar da flexibilização das licenças de exportação. Ainda assim, a Nvidia tem espaço para atuar com uma nova linha de produtos.

No lugar do Blackwell

Hoje, a arquitetura mais avançada da Nvidia é o Blackwell. Na semana passada, Trump descreveu a plataforma como “superpoderosa”, mas deu a entender que ela também pode entrar em negociações de exportação.

“É possível que eu feche um acordo… numa versão enfraquecida do Blackwell. Em outras palavras, reduzir entre 30% e 50%.”

Segundo a Deloitte, o mercado global endereçável de semicondutores deve alcançar US$ 2 trilhões até 2040, com crescimento anual composto (CAGR) de 19%. Para a Nvidia, a China representa uma oportunidade de US$ 50 bilhões.

Isso coloca a empresa em uma posição delicada: precisa oferecer algo além do H20, mas sem abrir mão de sua tecnologia mais avançada. A solução, segundo fontes ouvidas pela Reuters, é o chip B30A.

Embora as especificações não estejam definidas, o B30A teria metade da capacidade do Blackwell B300 em um único die. Isso possibilitaria à Nvidia manter vendas à China, mesmo diante da redução exigida por Trump de 30% a 50% em valor de receita.

Vale lembrar que o H20 já havia sido renegociado de 20%, e Trump adota uma postura explicitamente transacional.

Trump demonstra disposição em ampliar o acesso das companhias norte-americanas de semicondutores ao mercado chinês. Além disso, o recente acordo comercial EUA-União Europeia beneficia o setor com maior abertura de mercado e condições tarifárias assimétricas, consolidando ainda mais a posição da tecnologia dos EUA na Europa.

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