O mercado financeiro não entendeu a mensagem do presidente do Federal Reserve ontem como uma antecipação do início dos cortes nos juros dos Estados Unidos já neste mês. Jerome Powell afirmou que não será preciso esperar que a inflação ao consumidor norte-americano desacelere a 2% para, então, reduzir a taxa dos Fed Funds.
Os investidores entenderam a fala como um sinal de que as quedas nos juros neste ano podem ocorrer mais vezes - e não mais cedo. Ao todo, a expectativa é de que sejam três cortes sucessivos de 0,25 ponto, cada, com início em setembro. Julho, então, passa a ser um mês de caça a pechinchas, em especial em mercados emergentes.
Daí porque o Ibovespa estendeu a sequência de pregões positivos e chegou a sua 11ª alta consecutiva. O principal índice de ações da bolsa brasileira encostou no nível dos 130 mil pontos, voltando ao que não era visto desde o início de maio. O dólar, por sua vez, seguiu sustentando o piso na faixa de R$ 5,40, afastando-se um pouco mais dessa marca.
O foco, agora, está nos juros futuros. Afinal, se o Fed está na iminência de retirar a taxa nos EUA do maior nível desde 2001, podendo reduzir os juros mais vezes que o esperado, a Selic também deve passar por ajustes. Ou seja, o ciclo de queda do juro básico brasileiro, interrompido em junho, pode ser retomado em breve.
O mercado ainda acredita que tudo vai depender de quem assumir a cadeira no lugar de Roberto Campos Neto, a partir de 2025. Mas é bom lembrar que os próximos dois encontros do Comitê de Política Monetária (Copom) - incluindo o do fim deste mês - vão ocorrer nos mesmos dias das reuniões do Fed. Em outras palavras, teremos Super Quarta.
Até lá, o apetite por risco deve continuar firme, principalmente nos ativos que estão abaixo da média de preço, como é o caso do Brasil. Ainda que caibam correções técnicas, elas tendem a ser pontuais, com os mercados globais se preparando para o que vem por aí. Para o dia, destaque apenas para as vendas no varejo dos EUA em junho (9h30).