Shutdown nos EUA: O que está em jogo e como pode afetar o Brasil

Publicado 03.10.2025, 06:00

Os Estados Unidos enfrentam, desde esta semana, o primeiro shutdown em quase sete anos. O governo federal paralisou parte de suas atividades após republicanos e democratas não chegarem a um acordo sobre o orçamento. Sem aprovação de um novo plano de gastos, milhares de servidores foram colocados em licença não remunerada e serviços públicos considerados “não essenciais” estão suspensos.

A Casa Branca alertou que demissões em massa podem ser iminentes, caso o impasse persista. Estima-se que cerca de 750 mil funcionários federais possam ser afetados, o que geraria impactos significativos no consumo interno e na confiança da economia americana

O conflito no Congresso gira em torno da alocação de recursos públicos. Democratas exigem garantias de financiamento para programas de saúde voltados à população de baixa renda, enquanto os membros do Partido Republicano, apoiados por Donald Trump, defendem cortes mais profundos e o uso de medidas temporárias que mantenham o governo aberto até novembro, atrasando assim, a discussão do orçamento.

Na prática, o shutdown é usado como instrumento de pressão política, mas tem custos econômicos elevados. Em 2018, episódio semelhante custou bilhões à economia americana. Agora, analistas projetam um impacto ainda maior, já que não há sinais de conciliação entre os partidos.

Porém, o shutdown não é apenas um problema doméstico dos EUA. A maior economia do mundo influencia fluxos de comércio, investimentos e expectativas em mercados emergentes como o Brasil. Os efeitos podem vir de diferentes canais:

Mercados financeiros – A paralisia aumenta a percepção de risco nos ativos americanos, o que gera maior volatilidade nos mercados globais. Investidores tendem a buscar proteção no dólar e nos Treasuries, pressionando moedas emergentes, incluindo o real.

Fluxos de capitais – Em um ambiente de incerteza, fundos globais podem reduzir exposição em países emergentes. O Brasil, que já enfrenta desafios fiscais e de crescimento, pode sofrer com saídas de capital e alta dos juros futuros.

Commodities – Como os EUA são grandes consumidores e exportadores, a desaceleração de sua atividade durante o shutdown pode afetar a demanda global por petróleo, soja e minério de ferro. Isso tem impacto direto sobre as exportações brasileiras.

Confiança internacional – O prolongamento da crise pode abalar a credibilidade da política fiscal americana, trazendo consequências para negociações internacionais e para a percepção de risco sistêmico.

Para investidores brasileiros, é fundamental monitorar a duração do shutdown e eventuais acordos no Congresso, e o comportamento do dólar, que deve ser o principal termômetro de aversão a risco. Além disso, é interessante também os investidores se atentarem a possíveis revisões de crescimento para a economia americana e seus reflexos em commodities.

Enquanto não houver solução política em Washington, os mercados devem permanecer sob tensão. Para o Brasil, isso significa um cenário de volatilidade no câmbio, pressão em ativos de risco e potenciais impactos sobre exportações.

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