Mas o relevante é que não desfaz as crenças e tendências acreditadas atualmente.
No exterior, o viés de tendência de corte na taxa de juro americano ganha consistência e viabilidade no entendimento da maioria dos analistas, e, isto se e quando se confirmar, certamente impulsionará as Bolsas americanas que se fortalecerão ao mesmo tempo em que a moeda americana se fragilizará frente a cesta de moedas.
E, esta percepção poderá aumentar o apetite pelo risco por parte dos investidores estrangeiros e a nossa Bovespa, que tem se ressentido da ausência de investimentos externos ao longo deste ano pode vir a se beneficiar, principalmente e na medida em que se confirmar a probabilidade da aprovação da Reforma da Previdência.
A questão que corrói o otimismo em torno da atividade econômica brasileira é o fato de ter sido recebida em estado letárgico pelo governo atual, que, contudo, não logrou sucesso em conquistar apoio maciço e imediato à Reforma da Previdência, ação relevante e prioritária para que o país possa desafogar-se, ainda que parcialmente, da severa crise fiscal que inviabiliza de forma contundente o planejamento e ações do novo governo.
Então, o país tem convivido com a frustração nos avanços esperados na atividade econômica que viabilizariam o desenvolvimento, a geração de emprego, renda e consumo e arrecadação tributária evolutiva pelo governo, e, até de forma inconsequente, o governo tem sido cobrado por isto pelos “autores” do nefasto legado, sem que a grande maioria atente para a necessária e absoluta dependência do país à aprovação da Reforma da Previdência.
Foram seis meses de gestão de confrontos, flagrante falta de articulação política, ferrenha e revanchista oposição ideológica pregando e almejando o caos do país com forte apoio midiático e de redes sociais, e, lamentavelmente, baixíssimo foco no que é efetivamente o mais importante, dando grande ênfase ao secundário.
Naturalmente, projeções econômicas neste período tiveram a virtude de manter coerência na questão inflacionária, até porque a inércia da atividade econômica foi fator de contenção, na projeção da taxa cambial estabilizada, entendendo que a exacerbação no preço decorre puramente de movimento especulativo não fundamentado e portanto não sustentável, e a taxa de juro SELIC praticamente congelada, agora alterada pela percepção de que com a mudança do ambiente será necessário o impulso de motivação de juro menor, e, impiedosamente reduziu a projeção de crescimento do PIB do país. Acreditamos, também, que a partir de junho projeções mais seguras poderão ser elaboradas.
O Brasil perdeu tempo, mas agora sinaliza que poderá reencontrar a trajetória para o soerguimento, mesmo que haja ruídos à margem, mas sem desfocar o que é o principal.
O econômico deverá prevalecer a despeito do político, jurídico e dos contrários a tudo e a todos.
Continuamos convictos que Junho marcará o divisor dos humores, e até por ter convivido com período bastante desalentador nos últimos meses, o risco de piorar praticamente desapareceu pelo crescente entendimento coletivo de que se não houver evolução, o desalento de todos será a consequência inevitável.
Hiatos emocionais, como o da última semana e que ainda perdura causados por confrontos ideológicos, denotam que o mercado financeiro não os tende a dar sustentabilidade, a despeito da reação com ausência da “razão”.
Como temos destacado o conflito sino-americano deve ser visto pelo Brasil, a despeito do impacto no volume do mercado global, como excelente oportunidade para incrementar nossos volumes de exportação, já que somos grandes produtores agrícolas e alimentos, e no contexto apesar de parceiros, somos também concorrentes.
Esta deverá ser uma semana com predominância da observação e menor ação, no Brasil há a reunião do COPOM e nos Estados Unidos a reunião do FED, e por aqui ainda teremos um feriado na quinta-feira, dia sequente a ambas as reuniões relevantes e manifestações dos gestores, o que recomenda cautela.
Todavia, a Bovespa deverá continua recompondo sua dinâmica e o preço da moeda americana desmontando novo ataque especulativo ocorrido sem qualquer sustentabilidade.
O risco efetivo agora é de melhorar, esgotou-se o risco de piora, acreditamos!