A montanha-russa
Segunda-feira... O desânimo natural, mais inflação e menos crescimento.
Mediana das projeções dos agentes de mercado aponta queda de 1% no PIB este ano (contra -0,83% na semana passada) e inflação a 8,13% (ante 8,12%).
Isso, com taxa de juros a 13,25% ao ano e dólar a R$ 3,20.
A deterioração das perspectivas para a economia de dezembro para cá é impressionante:
O agravante
Sabemos que a mera deterioração nas expectativas, por si só, é combustível para... deterioração do cenário.
Ou seja, é um processo que se retroalimenta, pois liga com a confiança para consumo, investimentos, memória inflacionária...
Não bastasse, temos outros agravantes, como o risco de racionamento de energia e água, que levariam essa conta do PIB facilmente a -2%, e de não sustentação do ajuste fiscal.
O ajuste fiscal que tende a agravar o cenário para 2015, por outro lado, seria a arrumação de casa para trilharmos uma trajetória menos ruim em 2016.
Agora, sem ele...
O que você ouve?
O novo contraponto ao ajuste fiscal é novamente político.
Em evento, o ministro da Fazenda Joaquim Levy confidenciou que:
"acho que há um desejo genuíno da presidente de acertar as coisas, às vezes, não da maneira mais fácil... não da maneira mais efetiva... mas há um desejo genuíno" .
Era para ser em off, mas vazou. E atinge enormes proporções. Fora de contexto, pode ser oito ou oitenta.
Soou deselegante para você?
Soou deselegante para Dilma. Segundo o Estado de S. Paulo, Mercante foi o escolhido para (mais) um puxão de orelha em Levy, transmitindo a ele “a irritação da presidente”.
Talvez Dilma não tenha percebido, mas ela (e o seu governo, e o rating) é/são completamente refém(ns) de Joaquim Levy.
O que você enxerga?
Eletrobras sofreu prejuízo de R$ 3 bilhões no ano passado.
Ou,
Eletrobras conseguiu reduzir o seu prejuízo pela metade, para R$ 3 bilhões no ano passado.
O copo da Eletrobras está meio cheio, meio vazio, e/ou está quebrado?
A causa e “solução” de todos os problemas
O mercado ignora a deterioração adicional das expectativas e a nova farpa entre Levy e Dilma e tem uma segunda-feira animada. Tudo isso porque a semana é mais curta?
Que nada. Só há um gatilho atualmente capaz de seduzir os mercados, e você sabe muito bem qual...
Bolsas lá fora sobem com uma combinação de fatores, que envolvem desde expectativas por um programa de estímulos (do Banco Central) da China às declarações de Janet Yellen (do Banco Central dos EUA) na sexta-feira, reiterando o compromisso com parcimônia no processo de subida do juro básico nos EUA.
O que esses eventos têm em comum?
O que nos faria virar a mão?
Não, cremos que não há estratégia de saída dos Bancos Centrais que não seja dolorosa para economia e mercados.
Poxa, mas o que faria a gente mudar a mão, e passar a ver com otimismo a Bolsa brasileira?
Basicamente, o preço. Simples assim.
Lembra o exercício que fizemos na semana passada, provando, por A+B, por que a Bolsa brasileira não está atrativa em termos relativos?
Refazendo: com Ibovespa a 40 mil pontos...
Com o índice negociando em cerca de 9x Preço/Lucro (contra cerca de 12x atual), teríamos, grosso modo, retorno anual da ordem de 11%.
Agora, voltando à jaboticaba do juro brasileiro, que paga 6,5% de retorno real em uma NTN-B, por exemplo, teríamos um prêmio de risco para se estar nas ações de cerca de 4,5 pontos percentuais (11% – 6,5%), o dobro da relação atual.
Ai já começa a fazer sentido.