Depois do almoço
Pena que só tenho estes cinco minutos.
Acordei ansioso para comentar os dados de arrecadação do governo, mas a Receita Federal optou por adiar a publicação para depois do almoço.
Talvez seguindo a máxima de que sexta depois do almoço já é sábado, e ninguém mais vai prestar atenção.
Estou certo, porém, que você continuará atento, 15h30, pois é sua grana que está em jogo.
O mercado espera um recuo da arrecadação para o nível de R$ 95 bilhões em agosto.
O tempo passa. O déficit primário só tende a piorar.
Façamos a siesta
Warren Buffett gosta de classificar empresas em duas categorias.
Há aquelas que são beneficiadas pela passagem do tempo, e as que são prejudicadas.
Absolutamente nada escapa ao crivo do tempo, embora o tempo – per se – também não seja culpado de nada.
O tempo é apenas o mensageiro do sucesso ou insucesso de uma empresa, de um governo.
A Antígona de Sófocles bem notava: “ninguém ama o mensageiro que traz notícias ruins”.
But don’t shoot the messenger – avisava Shakespeare.
O maior inimigo do Governo Dilma é o tempo.
Dormindo com o inimigo
Eu e você sabemos que a taxa de juros nada mais é do que o custo do dinheiro através do tempo.
Você prefere receber R$ 10.000 hoje ou R$ 11.500 daqui a um ano?
Quanto você cobra para adiar seu desejo de mudança imediata?
Não sou dos maiores fãs de Tombini (você deve ter notado), mas admiro a aula que ele deu ao Senado nesta semana.
O presidente do Bacen explicou que a Selic roda a 14% ao ano basicamente para financiar os excessos do Tesouro Nacional.
Todos nós estamos pagando juros médios maiores para que o Tesouro possa pagar juros médios menores.
Se, por exemplo, o Copom reduzisse a fórceps a Selic para 7% ao ano, o custo de funding do Tesouro não cairia, mas sim subiria intensamente.
Acordando atrasado
Corolário: a taxa básica de juros só cairá quando (e se) a situação fiscal melhorar.
Joaquim Levy e Nelson Barbosa alegaram que não possuem um plano B para o caso de a CPMF ser rejeitada.
Ou seja, o Plano A deles se refere a um cenário com 10% de probabilidade de ocorrer.
Nova tentativa de colocar o Congresso na berlinda? Já sabemos que isso não funciona.
O que está sempre funcionando é o relógio.
Passa, tempo, tic-tac. Tic-tac, passa, hora.
Chega logo, tic-tac. Tic-tac, e vai-te embora.
Tempo livre
Fique tranquilo. Não perdi a alegria de fazer meu tic-tac.
Apenas saio de férias nesta sexta-feira. Um velho conhecido seu – Beto Altenhofen – voltará a assinar o M5M nas próximas semanas.
Antes de sair, porém, deixo-lhe um presente intocado pelo tempo, para a vida toda.
Dê uma namorada em nossa condição exclusiva de acesso vitalício à Carteira Empiricus, válida até amanhã.
A Carteira vem performando sistematicamente acima do CDI desde que foi lançada, e também neste ano difícil.
A passagem do tempo só tende a beneficiá-la, engordando, por conseguinte o seu bolso.