Ouro 2.0: A tokenização do metal precioso

Publicado 30.04.2025, 14:00

O ouro sempre foi considerado um ativo de segurança, reserva de valor e proteção em tempos de incerteza. Sua história como moeda, símbolo de riqueza e base monetária atravessa milênios, resistindo a guerras, crises bancárias, reformas monetárias e revoluções tecnológicas.

No entanto, o ouro físico enfrenta limitações em um mundo cada vez mais digitalizado e dinâmico: logística de transporte, custos de custódia, dificuldades de liquidez e barreiras de acesso para o investidor de varejo.

É nesse contexto que emerge a tokenização do ouro, uma inovação que visa aumentar sua eficiência de uso em vários âmbitos.

Através de blockchains e do mercado de criptoativos, a tokenização objetiva representar o ouro físico por meio de tokens digitais, lastreados em reservas reais, com auditoria, rastreabilidade e acesso global.

Ouro Tokenizado

A tokenização do ouro é o processo de representação digital de uma quantidade específica de ouro físico, geralmente armazenado em cofres de instituições custodiantes terceiras, por meio de um token emitido em blockchain.

Cada token equivale, via de regra, a uma fração padronizada do metal, como 1 onça troy. Esse token pode ser comprado, armazenado, transferido e negociado via blockchains, com a garantia de que há ouro real correspondendo à sua emissão.

A estrutura técnica geralmente segue o padrão ERC-20 da rede Ethereum, mas também há emissões em outras blockchains como Algorand e Polygon. A escolha do padrão depende da interoperabilidade desejada com carteiras, exchanges e aplicações DeFi.

O processo de funcionamento envolve:

  1. Aquisição e Custódia: Uma instituição adquire ouro físico e o armazena em cofres auditados e segurados.

  2. Emissão dos Tokens: Para cada unidade de ouro, é emitido um token correspondente em blockchain, garantindo lastro 1:1.

  3. Negociação: Os tokens podem ser negociados em corretoras cripto ou plataformas integradas, com liquidez variável dependendo do emissor.

  4. Conversibilidade: Alguns emissores oferecem o resgate físico do ouro mediante procedimentos específicos, e outros operam apenas internamente ou no mercado cripto.

Assim, a tokenização do ouro tende a manter as características conhecidas do ouro, caso seja representado de forma fidedigna, com a eficiência transacional das blockchains.

Entre os principais benefícios do processo de tokenização do ouro estão:

  1. Compra fracionada: permite investir em ouro com valores baixos.

  2. Acesso Global 24/7: tokens podem ser negociados a qualquer momento em exchanges digitais.

  3. Transparência: o uso de blockchain e de mecanismos como o Proof of Reserves (prova de reservas) garante rastreabilidade e auditoria pública do lastro físico.

  4. Eficiência operacional: elimina custos logísticos com transporte, custódia individual e intermediários.

  5. Integração com o Mercado de Criptoativos: tokens podem ser usados como colateral em protocolos DeFi, para empréstimos, staking e outras aplicações financeiras on-chain.

Principais emissores de ouro tokenizado

Embora existam diversas iniciativas de tokenização de ouro ao redor do mundo, poucas atingiram escala comercial e liquidez significativa no mercado aberto. 

Um exemplo relevante, porém restrito, é o HSBC Gold Token, disponível apenas na plataforma HSBC Orion e voltado ao público institucional de Hong Kong. Por não estar listado em exchanges públicas, tem aplicação limitada fora do ecossistema do próprio banco.

Os dois emissores com maior presença no mercado cripto aberto atualmente são o PAX Gold (PAXG), da Paxos, e o Tether Gold (XAUt), da Tether.

O PAXG é um dos ativos mais consolidados entre os tokens lastreados em ouro. Cada unidade representa exatamente uma onça troy de ouro físico alocado em cofres de custódia em Londres, com certificação London Good Delivery — padrão reconhecido internacionalmente.

A Paxos é regulada pelo Departamento de Serviços Financeiros do Estado de Nova York (NYDFS), o que reforça a legitimidade da operação para investidores institucionais e varejistas. 

O token segue o padrão ERC-20, o que garante ampla compatibilidade com carteiras e protocolos DeFi baseados na Ethereum.

Do ponto de vista de acessibilidade, o PAXG está disponível nas principais exchanges globais, incluindo Binance, Coinbase (NASDAQ:COIN), Kraken, Bitget e KuCoin, com alta liquidez nos pares de negociação e integração com diversas plataformas descentralizadas.

Além disso, a Paxos disponibiliza auditorias frequentes e relatórios de custódia, com prova de reservas verificável publicamente. Isso proporciona uma camada adicional de confiança e transparência.

O XAUt, emitido pela mesma empresa responsável pelo USDT, também representa uma onça troy de ouro físico, armazenado em cofres na Suíça, com auditoria independente.

Apesar da proposta semelhante à do PAXG, o XAUt possui liquidez consideravelmente menor, sendo negociado principalmente na Bitfinex (exchange do próprio grupo da Tether) e em algumas outras plataformas menos utilizadas no varejo.

O token também é construído no padrão ERC-20, mas não possui uma alta transparência de prova de reserva como o PAX Gold.

Considerações Finais

Ouro tokenizado é uma solução prática para tornar o metal mais acessível, líquido e utilizável em ambientes digitais. Elimina barreiras operacionais do ouro físico, permite negociação fracionada e integração com plataformas DeFi e corretoras de criptoativos.

A proposta mantém as características do ouro tradicional, com transparência e rastreabilidade garantidas por blockchain. Para investidores, é uma alternativa eficiente para expor-se ao ouro com menor custo e mais flexibilidade.

A tendência é de crescimento, com maior participação institucional, avanço regulatório e desenvolvimento de novos produtos financeiros lastreados em ativos reais. Tokenizar ouro é, na prática, adaptar um ativo clássico às exigências do mercado financeiro digital.

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