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Pearl Harbor: Isso Não é uma Correção, é um Bear Market

Publicado 06.04.2020, 10:42
Atualizado 09.07.2023, 07:32

Você vai estar empregado daqui a dois meses? Ah, entendo. Você é um empresário. Então, seu negócio estará aberto em julho? Se sim, vendendo quanto? Como estarão seus gastos pessoais ali na frente? Se, por alguma razão ainda desconhecida, as coisas ficarem piores, você estará preparado? Como ficaria seu patrimônio diante da potencial materialização de um quadro mais negativo?

Quando ouço coisas como “os EUA viverão seu momento Pearl Harbor do século 21” ou “as próximas semanas serão muito duras em termos de mortes”, ou mesmo quando leio sobre o fechamento de 700 mil postos de trabalho norte-americano contra uma expectativa de 100 mil e sobre 9,9 milhões de pedidos de auxílio-desemprego nos EUA em duas semanas, penso que as perguntas pertinentes para o momento são as colocadas acima.

Ao observar certos comportamentos e estatísticas, porém, infiro que as preocupações — ou, ao menos, boa parte delas — são de outra natureza: as pessoas ainda estão focadas em rapidamente capturar a primeira oportunidade que aparece e multiplicar seu capital com algum atalho que lhes foi apresentado.

Essa dinâmica ganha contornos mais marcados em dias positivos para as Bolsas mundiais, como — ao menos até agora (e essa tem sido uma ressalva importante diante de tanta volatilidade) — parece ser esta segunda-feira. Interpretações sobre uma suposta superação da crise e uma iminente supervalorização do preço dos ativos começam a pipocar, a partir do primeiro dado favorável.

Não quero aqui diminuir a importância dos dados do fim de semana. A situação mais delicada na Europa começa a ser superada, e Nova York emitiu o primeiro sinal favorável, com diminuição notável do número de mortes no domingo. Contudo, há muitas adversidades ainda sobre a mesa e precisamos ponderar mais pesadamente sobre a possibilidade de materialização de um cenário mais negativo. Sabe por quê? Porque se vier o cenário positivo, então estaremos tautologicamente em situação positiva — ninguém precisa estar preparado para uma surpresa boa. É assimétrico, entende?

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Deixe-me tentar colocar as coisas sob outro ângulo. A mensagem que gostaria de transmitir é que o comportamento dos mercados desde fevereiro não é uma simples correção. É um bear market. E isso muda tudo.

Como em “O Sonho de Cassandra”, de Woody Allen, também gostaria de estarmos todos num barco velho que nos levasse aos dias felizes de uma juventude longínqua e, infelizmente, superada. Com certo desgosto, não sei se vendo um momento Pearl Harbor ou a guerra de Troia, suspeito ser o portador de más notícias. Como a Cassandra original, incorro no risco de ser desacreditado e considerado louco, mas entendo que muitos analistas, gestores e investidores ainda estão em “denial mode”, querendo uma rápida e vertiginosa recuperação que não combina com comportamentos típicos de bear market — confesso um gosto amargo na boca quando soube do crescimento de 15% do número de pessoas físicas em março na base de cadastros da B3, para 2,24 milhões; são investidores que chegam numa hora muito dura, com extrema volatilidade e que, possivelmente, foram atraídos por um discurso de “oportunidade por barganhas”.

Na Folha, ontem, li um raciocínio tão simplista quanto: “segundo a Global Chief Investment Officer (CIO) do HSBC, Joanna Munro, em entrevista para o Financial Times nesta semana, a recuperação dos preços máximos anteriores demora cerca de duas vezes o tempo do declínio na crise. Como ela afirma, se isto se mantiver, podemos ver os preços voltando, ao patamar anterior, em menos de seis meses”.

Existem dois problemas óbvios com a construção. O primeiro é que a estatística em questão é construída para a média das recuperações — e pode sempre haver uma enorme dispersão em torno da média. Mas o pior sinceramente não é isso. Poderíamos até esquecer esse ponto. A questão central é que se parte de uma premissa de que o mercado já fez seu fundo. E isso não encontra qualquer sustentação epistemológica. Só conhecemos fundos de movimentos já realizados no passado; jamais podemos afirmar que os mercados já fizeram suas mínimas diante de um movimento ainda em construção. A História está sendo vivida.

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Com efeito, se essa História não se repete, mas rima, como afirma Mark Twain, podemos (e devemos) viver novos fundos. Na recessão de 2000-01, por exemplo, antes de fazer sua “verdadeira mínima”, os índices de ações norte-americanos passaram por quatro altas superiores a 20%. Em 2008-09, a Lehman quebrou em 15 de setembro e o mercado só foi fazer um fundo em março do ano seguinte.

Afirmar que o mercado já fez um fundo é uma mera torcida, sem qualquer validade empírica ou mesmo da lógica. Nós não sabemos e precisaremos esperar para saber, só o benefício da retrospectiva poderá resolver essa questão. Há vários analistas, inclusive, alertando para a possibilidade de o S&P 500 fazer novos fundos no mês de abril, beliscando os 2.000 pontos — a Goldman Sachs tem sido bastante vocal nessa direção, André Esteves falou algo assim no papo comigo na sexta-feira, o Citi lembrou da regra de bolso sobre ações que acompanham a evolução dos lucros corporativos (enquanto projeta uma queda de lucros de 50%; ou seja, ainda teria bom espaço para desvalorização do S&P 500).


Há duas grandes ondas na crise atual. A primeira é humanitária, de saúde. Ainda que a curva de mortes pareça ter superado sua situação mais grave, há muitas dúvidas sobre sua volta. Em Nova York, tivemos um único dia de queda de mortes — infelizmente, um dado numa amostra não quer dizer muita coisa e, para desespero dos ansiosos, precisaremos de mais informação antes de pularmos diretamente para as conclusões (ainda que seja uma tendência enorme, queremos concluir antecipadamente sobre as coisas; a paciência é uma virtude).

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A segunda é econômica e, sobre essa, temos pouca informação ainda sobre a profundidade e a extensão do problema, bem como sobre a forma de sua recuperação lá na frente. Com efeito, os poucos números disponíveis até agora foram alarmantes. Por conta do tuíte sobre o petróleo do jornalista especializado em furos Donald Trump, acabamos deixando o Initial Claims em segundo plano na quinta-feira passada, mas foram 6,6 milhões de pedidos de auxílio-desemprego numa única semana, muito além da pior estimativa. Na sexta, veio outra porrada com o Relatório de Emprego, que nem pegou ainda em cheio os dados da crise. Na esteira, os analistas do Morgan Stanley (NYSE:MS), que já estavam entre os pessimistas ao prever uma redução trimestral do PIB dos EUA de 30%, atualizaram sua projeção para uma queda de 38%.

Isso é absolutamente brutal e, no meu entendimento, engana-se quem projeta uma recuperação rápida, porque houve, de fato, uma destruição enorme de valor intrínseco propriamente dito. Muitos hábitos de consumo serão simplesmente postergados, mas outros mudarão mesmo, de forma definitiva e estrutural, com várias pequenas e médias empresas ficando pelo caminho.

Se esse for mesmo um bear market típico, teremos superada essa fase inicial de volatilidade mais aguda — dificilmente teremos altas e baixas como aquelas de 10% na sequência. A parte de ajuste agudo nos portfólios e de desalavancagem já aconteceu, evitando-se problemas maiores a partir da importante atuação dos bancos centrais e Tesouros Nacionais. Agora, iniciaremos um segundo momento, em que as notícias sobre economia e lucros corporativos passam a dominar os movimentos, com o enfrentamento de uma dura realidade. Em sendo essa a verdade, o jeito de se operar bear markets é aproveitar as altas para fazer novas vendas, e não encará-las como o início de uma tendência positiva vigorosa.

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Eu, como Riobaldo, “ave, vi de tudo neste mundo! Já vi até cavalo com soluço — o que é a coisa mais custosa que há”. Mas bear market que não testa ao menos duas vezes o fundo ainda não vi. O jogo é longo.

Últimos comentários

quando tava lá no topo, a bolsa ia a 200k pontos. quando tava no fundo de março, não compre, vai cair mais.
Ha uns 2 meses atras Felipe Miranda falou que a queda do mercado era uma queda dentro de um bull market. Agora ele diz que nao eh hora de comprar, pois ainda nao atingiu o fundo do poco.
Ichi. "Desdemitiram" o Mandetta. Que bagunça de governo. Pede pra sair!
Com a demissão do Ministro Mandetta, amanha a bolsa perde tudo o que ganhou hoje. Escreve aí.
Errou algumas , mas acertou 2 boladas- Dolar a R$4,00 e Cisnes Negros.
E os 300 mil pontos? Aí foidando rapidinhas todo sorridente na cama e tal... Quando mercados desabaram você sumiu pra depois voltar com cara e discurso de funeral! Agora é Bear Market... Eita!O presente artigo está bem realista, mas incoerente com seu otimismo bem recente. Portanto, o negócio é não fazer previsões apenas para vender alguma coisa. Até mesmo esperança!
(cont) Se “a história rima” convém lembrar o que sucedeu depois das grandes guerras: as pessoas ávidas por celebrar a vida e a consequente explosão do consumo e boom econômico. É simplesmente história. Não é previsão, nem teoria, nem falseia uma teoria. Não é nada, apenas um contraponto. É como uma previsão do horóscopo como diria Karl Popper. Como a grande maioria dos textos de previsão de quem nunca leu ou não entendeu Karl Popper.
Para quem gosta de usar palavras e conceitos complexos que, suspeito, conheça apenas de leituras do manual do blefe, o autor deveria buscar utilizá-los em seus próprios textos. Epistemologia seria um deles. Seu texto é um atentado à Epistemologia ou às idéias de Popper, que por vezes já ví citado por aqui. Vejamos: ele acertadamente chama atenção para o fato de que a recuperação dificilmente será em 6 meses, como sugeriu, ainda que em tese, um bobalhão do HSBC citando alguns dados pretéritos. Provavelmente não é bobalhão e terá algum conflito de interesse para afirmar a bobagem. O problema é quando o autor faz o mesmo, sugerindo um Bear Market longo ou muito longo, em que "Muitos hábitos de consumo ... mudarão mesmo, de forma definitiva e estrutural."  Uma frase epistemologicamente inútil posto que afirma o que sempre ocorre em Bear Market , Bull Market ou Donkey Market: mudanças de hábitos.
Boa tarde Leonardo. Tenho uma posicao na bolsa (5800 reais)desde agosto de 2019 e nao me desfiz quando estava com lucro de 2000 reais... voce acha que devo vender as acoes agora (por 4300 reais) e aceitar o prejuizo antes que o mercado caia mais e meu prejuizo seja maior?
Não venda a não ser que você esteja realmente precisando da grana, n vendeu na alta agr segura até pelo menos ficar 0x0, tendência é que com o passar dos meses as coisas melhores, ngm sabe quando mas vai melhorar e voltar a niveis anteriores
Em breve Felipe MIranda será conhecido como o financista que errou p cima e errou p baixo o mesmo movimento. Que fase.
O cara maia fanfarrao do mercado financeiro, ele deveria ter vergonha de sair de casa, esse cara é igual mae dina, quando erra nao fala nada, quando acerta grita pra deus e o mundo, e a maioria das vezes ele erra; e muda rapidamente seu discurso, aprendi em direito; que! Qualquer pessoa pode se defender atraves de ponto de vista, logo, ele usa esse metodo
Alguém sabe se o Tesouro foi autorizado a repactuar seus Títulos (podendo postergar o vencimento por exemplo)?
Não façam como a manada eles vendem assinatura quem não seguiu a dica a trajetória do dos 300 mil do Ibovespa ta muito bem hoje agora dinovo não sigam a manada trajetória do Ibovespa aos 40 mil pontos vai se dar muito bem ótima oportunidade
Não falem assim do barba... dessa vez ta falando a verdade
Outro dia falava que o Ibovespa iria para 300 mil pontos e agora dá a entender que vai para 40 mil pontos e o mundo vai acabar. Jogar a favor do fatos é fácil e leva esses 300 mil assinantes junto com vc. Na verdade 299.999 mil pois sou assinante e tudo que fala faço ao contrário e mais acerto do que erro. Está desesperado pois não está mais vendendo assinaturas como antes e está deixando isso influenciar na suas análises. Não estamos vivendo o grande paraíso mas também o mundo não vai quebrar e as grandes empresas vão continuar a sobreviver.
kkkkkkk Gabriel já ouviu falar en cenários diferentes ! kkkkkk a projeção de 150/ 200. ou 300 não seria antes do covid-19 kkkkk também sou assinante de 3 relatórios discordo de algumas indicações mas aí basta usar o seu filtro RESUMINDO AS 3 ASSINATURAS JÁ DE PAGARAM COM 9 MESES ! ACHO Q VC NÃO ESTA FAZENDO A COISA DO JEITO CERTO KKKKKKKK
Bem vindo ao come-come.... Entrar no puteiro sempre é bom, desde que não saia comido.
Bear market sim ! Pena a credibilidade. E a Betina ?
Can i know you some day ?
Errou ao afirmar que estávamos em um bull market estrutural , agora vai errar novamente , pois esse bear market não deve ser tão longo assim, pois a queda foi a mais rápida da história, mais rápida do que 1929, não seria surpresa se houvesse uma rápida recuperação. Mais alguém notou desespero de quem está vendido nas linhas escritas pelo autor do texto?
Análise Perfeita ...Parabéns
Felipe, Sou seu crítico, por causa dos rodeios e poemas até chegar onde interessa, mas desta vez tiro o chapéu, verdadeiro este depoimento, direto na veia. Lembre- se Felipe, o seu público somos nós, pequenos investidores que somos assinantes da Empiricus e precisamos de papo reto para nós que entre muitos somos os leigos.
valeu Felipe.
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