- Balanço espetacular da Pepsico no 3º tri impulsionou a alta das suas ações na quarta-feira
- Capacidade da empresa de lidar com um ambiente inflacionário é impressionante
- Resultados mostram por que a PEP registra um prêmio surpreendente em relação à KO e por que esse prêmio deve se manter.
Pode ser uma surpresa o fato de as ações da PepsiCo (BVMF:PEPB34)(NASDAQ:PEP) serem negociadas com um prêmio em relação aos papéis da Coca-Cola (BVMF:COCA34) (NYSE:KO). A Coca é uma empresa maior e supostamente melhor – e, no mercado, geralmente acaba vencendo.
Lowe’s Companies (NYSE:LOW) é negociada com um desconto em relação à Home Depot (BVMF:HOME34) (NYSE:HD). O Bank of America (BVMF:BOAC34) (NYSE:BAC) tem um valor de mercado maior que o Citigroup (BVMF:CTGP34)(NYSE:C).
Mas, de fato, pelo menos com base nas estimativas de 2023, a PEP recebeu um valuation maior do que a KO. A PEP é negociada com um múltiplo de 23,6x os resultados futuros, contra 21,4x da sua maior concorrente.
De fato, há boas razões para esse diferencial. O balanço espetacular divulgado pela PEP na quarta-feira, referente ao 3º tri, mostra que esse diferencial e o prêmio atribuído aos papéis da empresa podem muito bem continuar.
Fonte: Investing.com
O valor da empresa de snacks
Há muito tempo os negócios da Coca-Cola são considerados como um dos melhores do mundo. A marca Coca-Cola está entre as mais valiosas do planeta. As margens de lucro são extraordinariamente elevadas, levando em conta que seu principal produto é apenas água açucarada com sabor. A KO também é há bastante tempo uma das principais apostas da gestora de Warren Buffett, a Berkshire Hathaway (NYSE:BRKa), cujos dividendos recebidos da empresa equivalem a mais de 50% do valor pago pela gestora para ter as ações da Coca nos idos de 1988.
Os negócios da Pepsi no setor de bebidas não são tão bons. Mas os negócios da companhia com snacks podem pesar mais para formar esse diferencial. Marcas como Ruffles e Fritos dominam suas categorias de forma que poucas empresas do ramo conseguem fazer.
A força dos negócios com snacks ficou evidente no balanço do 3º tri. A receita de Frito-Lay aumentou impressionantes 20% ano a ano no período. O lucro operacional subiu 17%, com margens relativamente intactas, mostrando a capacidade das marcas de repassar aumentos de preços aos consumidores.
Por outro lado, a unidade de bebidas da Pepsi na América do Norte aumentou o lucro em apenas 4% em bases ajustadas. É um desempenho sólido, considerando as dificuldades do atual ambiente, mas provavelmente ficará atrás dos números domésticos da Coca-Cola, quando a empresa apresentar seu balanço na semana que vem. Desde que os negócios de Frito-Lay sigam a todo vapor – respondendo por 44% do aumento do lucro do segmento no ano passado –, uma boa performance no segmento de bebidas deve ser mais do que o suficiente.
Bom desempenho nos EUA
Esse é outro aspecto do balanço a ser considerado. A PepsiCo elevou a projeção para todo o ano em relação ao crescimento da receita e do lucro, apesar do leve aumento no impacto esperado do dólar mais forte. Após o 2º tri, a expectativa da PepsiCo era que o efeito cambial afetasse tanto a receita quanto o lucro em 2% para todo o ano. No relatório do 3º tri, esse impacto subiu para 2,5 pontos.
Por outro lado, a Coca declarou, após seu balanço do 2º tri, que o efeito cambial afetaria seu lucro por ação ajustado em nove pontos percentuais. Como o índice dólar já se valorizou mais 6% desde então, o impacto para todo o ano deve acabar subindo ainda mais.
A principal diferença entre as duas companhias é a origem dos seus lucros. Para a PepsiCo, em 2021, cerca de dois terços dos resultados vieram da América do Norte. No caso da Coca, a proporção foi de menos de um terço praticamente. A empresa não fornece dados precisos com esse nível de detalhe.
Na mesma medida, a força do dólar deve continuar no próximo ano. Mas em um ambiente em que o dólar mantém sua força, a Coca-Cola está em desvantagem em relação à situação competitiva e de preços no exterior. A PepsiCo, graças à natureza dos seus negócios, não terá esse mesmo problema.
Já estamos vendo o efeito neste ano. Após o 2º tri, a Coca-Cola projetou um crescimento de LPA em moeda constante de 14% a 15%, um corte de 5% a 6% conforme o relatório. A projeção da PepsiCo pós-balanço do 3º tri sugere um crescimento menor em moeda constante de cerca de 10%, o que indica um crescimento de 7,5%.
Será que a Pepsico continuará se destacando?
Snacks e câmbio por si sós não devem ser suficientes para fazer os papéis da PEP seguirem subindo. Mas é preciso levar em consideração mais um aspecto: a PEP já tem uma posição de mercado mais vantajosa.
De fato, incluindo dividendos, a PEP supera em muito a KO. Ao longo de uma década, os retornos totais da PepsiCo foram de 223%, contra 98% da Coca. A PEP também demonstra esse bom desempenho em períodos menores.
Novamente, essa performance relativa pode parecer surpreendente. Mas, olhando mais de perto, isso pode se dever à crença básica de que a Coca-Cola é uma empresa melhor. Considerando a exposição maior aos EUA e Frito-Lay, tudo leva a crer que a PepsiCo tem negócios mais atraentes. E suas ações, com isso, podem acabar se beneficiando.
Aviso: No momento em que escrevia este artigo, Vince Martin não tinha posições em quaisquer dos ativos mencionados.